Opção cultural
- O aquecimento para o Bananada continua nesta sexta, 10, com as bandas Catavento e Chá de Gim no Roxy Club. É às 23 horas e só R$ 10.
- O flamenco ganha o Goiânia Ouro também na sexta, 10, com a mostra “De Sevilha ao Sertão: uma viagem poética inspirada em João Cabral de Melo Neto”. Poesia, música e ensaio fotográfico a R$ 10. Às 20h30.
- Funk + Soul + Disco + Gerson King Combo = uma super noite no Centro Cultural Martim Cererê. Junto vêm Go Radiocarbono, Calango Nego e ChimpanZÉS de Gaveta. Sábado, 11; 19 horas; R$ 15, antecipados.

Livro
Sob o recorte do poeta Walmir Ayala, “Antologia Poética” de Mario Quintana decora o cotidiano de simplicidade, ironia e humor. É o legado de Quintana nesta festa de poemas.
Antologia Poética | Nova Fronteira
Autor: Mário Quintana
Preço: R$ 29,90
Música
“A Praia” já está disponível para download, no site oficial de Cícero. Depois de “Canções de Apartamento” e “Sábado”, ele desagua seu 3º álbum. E a praia é linda!
A Praia | El Rocha (SP) e Tambor (RJ)
Intérprete: Cícero
Preço: Grátis
Filme
Após enfrentar muitas aventuras em sua busca por Erebor, Bilbo e os anões descobrem que seu maior desafio não era o dragão Smaug, mas a força de sua presença na rica montanha.
O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos | Warner Home Video
Direção: Peter Jackson
Preço: R$ 39,90
Obra de repórter-investigativo do “New York Times” mostra como a Casa Branca, a CIA e o FBI não conseguiram impedir os ataques da organização terrorista de Osama Bin Laden contra alvos nos Estados Unidos

Feriado está batendo na porta já e nada melhor que alegrar a casa com música para recebe-lo. Pode ser para ficar no sofá, pegar a estrada, badalar com os amigos, rever vovós e vovôs, tios, primos, até mesmo para, enfim, arrumar o guarda-roupa. Então, se liga nesta playlist, cujas músicas embalaram a equipe do Jornal Opção, durante essa semana. É só dar play! Asaf Avidan - One day / Reckoning Song (Wankelmut Remix) Audioslave – Show Me How to Live Bandish Projekt – Alchemy feat Last Mango in Paris Deftones – Mein Ellie Goulding – Love Me Like You Do Flying Lotus – Never Catch Me feat Kendrick Lamar Leonardo Gonçalves – Sublime Queen – Radio GaGa Rodrigo Amarante – Irene Sia – Big Girls Cry Sia – Elastic Heart Years & Years – Take Shelter

[caption id="attachment_32001" align="alignnone" width="620"] Foto: Luria Correa[/caption]
O espetáculo “Clowns-tô-folia”, do grupo Imagem – Artes Integradas, reúne quadros miméticos clownescos, que contam histórias de amor e humor. São cenas cotidianas da vida, com desajeito e descontrole: um vendedor de bonecas e sua solidão amorosa; um casal de amores brutos; um atleta e sua academia aberta e uma boneca com sua procura pelo amor ideal. O Grupo tempera “Clowns-tô-folia” com artes circenses, descansado pela cultura de massa e adoçado com gotículas de ironia, e apresenta o amor sob o olhar inocente e imediato do palhaço. Os ingressos custam R$ 10, a inteira.
Serviço
Grupo Imagem – Artes Integradas
Espetáculo: Clowns-Tô-Folia
Data: 5 de abril (domingo)
Horário: 17h

Parte da programação da Semana Santa, concerto será apresentado pelo grupo Academia dos Renascidos
[caption id="attachment_31993" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério da Cultura, por meio de sua Superintendência em Goiás, promove mais uma edição do Concerto de Páscoa, realizado tradicionalmente no Sábado Santo, como parte da programação da Semana Santa na cidade de Goiás. Essa será a 10ª vez que o evento é realizado, sempre na Igreja do Rosário, e, neste ano, conta com a apresentação da Academia dos Renascidos.
O grupo, fundado em 2010, é liderado pela pianista Andréa Teixeira e o tenor Alberto Pacheco. O nome Academia dos Renascidos é uma homenagem à Academia Brasílica dos Renascidos, formada em 1759, em Salvador (Bahia), com o objetivo de fomentar a produção literária da cidade. É com essa mesma proposta que a pianista e o tenor conduzem o grupo, destacando o repertório de câmara ou de salão produzido durante o antigo império luso-brasileiro, apresentando modinhas, lundus, hinos e recitativos de salão. “Assumimos como compromisso pessoal fazer pelo menos uma estreia moderna por concerto”, destacam os músicos, referindo-se às músicas que são encontradas em arquivos e resgatadas para a atualidade dentro do repertório da Academia.
A apresentação faz parte de uma extensa programação que envolve a Semana Santa no município, englobando as tradições do calendário católico. Além do Iphan, o Concerto de Páscoa conta ainda com o apoio da Prefeitura Municipal de Goiás, do Restaurante Flor de Ipê, do escritório de advocacia Felicissimo Sena e Advogados S/S e da Diocese de Goiás.
Serviço
Concerto de Páscoa
Data: 04 de abril de 2015 (Sábado Santo)
Horário: 18h
Local: Igreja do Rosário – Cidade de Goiás

[caption id="attachment_31989" align="alignnone" width="620"] Foto: Layza Vasconcelos[/caption]
Yago Rodrigues Alvim
O Grupo de Teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), leva para os palcos do Sesc Centro o espetáculo “Os Avessos”. A narrativa enlaça a história de Guimarães Rosa, do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”. Numa jornada sem volta, rumo ao hospício de Barbacena, mãe e filha veem loucos e sãos sendo apartados. Vale saber a que lado elas pertencem, afinal: quem são os loucos, quem são os sãos? Quão distantes estão de nós? Pois, “a loucura enche os vazios da vida, solta fogos de artifícios, escancaram os horizonte”. É às 20 horas desta quinta-feira, 2, e os ingressos custam R$ 10, a inteira.
Serviço
Grupo de Teatro Arte & Fatos
Espetáculo: Os Avessos
Data: 2 de abril (quinta-feira)
Horário: 20h
Classificação: 14 anos

[caption id="attachment_31981" align="alignnone" width="620"] Reprodução (Enaaa/DeviantArt)[/caption]
Paulo Lima
Max foi, de longe, o cachorro mais especial que eu tive. Soa injusto –– e é mesmo, reconheço –– eleger um cachorro dentre tantos que passam por nossas vidas, como que desconsiderando o fato inequívoco de que cada qual é particularmente especial do seu jeito. Mas, calma lá, eu logo explico.
Primeiro, vamos falar do animalzinho. Max era o que se podia chamar de “filhote da promessa”. A expressão tem um componente meio evangélico, mas se justifica. Durante anos, um tal Maxley, pintor de paredes que morava num bairro próximo, sonhou possuir uma cadelinha para homenagear o primeiro amor de sua vida, dois anos mais velha, de nome Janaína, ou Jana, como era mais conhecida. Homenagear... em termos. Na verdade, queria se vingar mesmo. Era ainda um menino nos seus quinze anos bem vividos, no auge do romantismo adolescente que, de tão ingênuo e pulsante, rivaliza com a libido da puberdade, quando descobriu tardiamente que a cachorra, quer dizer, a namorada, compartilhava seu amor –– e outras coisas mais –– com metade dos meninos do bairro, e muitos outros além dele. Além da desilusão, pagou muitos micos por conta desse amor multicorrespondido pela fogosa companheira. Se fosse nos dias de hoje, a forma como foi alvo dos comentários jocosos dos colegas durante meses seria um exemplo bem acabado do famoso bullying.
Pois bem: seu vizinho, dono de um ferro velho, prometeu lhe dar o último exemplar da última prenhez da Vadinha, nome de uma cadela já bem experimentada que, por mais de uma década, ajudou a povoar o bairro de pulguentos das mais variadas raças. E assim fez.
Mas não ocorreu exatamente como o planejado. Antes de dar o suspiro final, Vadinha ainda pôde lamber a derradeira cria de cor meio bazé, meio sei-lá-o-quê, cuja saliência abaixo do umbigo denunciava a chegada de um machinho.
Teve que ficar com ele. Mas não é de ver que o danadinho tinha lá seus encantos? Acabaram se afeiçoando de verdade e o dono resolveu dar-lhe o próprio nome. Foi aconselhado pela esposa a dar uma abreviada e, bobo que não era de questionar a patroa, passou a chamá-lo simplesmente de Max. Em tempo: a esposa dele era da Assembleia de Deus, daí aquele blablablá todo da promessa lá de cima.
Infelizmente, a relação entre os dois durou pouco. Três meses depois, o patrão foi mordido por uma cadela sem dono que vadiava por aquelas bandas –– ironia do destino? –– e não deu trela para os conselhos da digníssima, que insistiu até onde pôde para que ele tomasse vacina contra a raiva. Não tomou, e pagou caro por questionar a esposa pela primeira vez.
Dona Glória não tinha escolha. Para sustentar seis filhos, precisaria abrir mão de pequenos luxos, e ter um cão era um deles. Bateu em muitas portas até chegar à minha, chorou, implorou, pediu perdão a Deus e foi embora depois que eu me comovi com sua história. Depois me bateu aquele arrependimento, mas aí foi Deus que não quis me ouvir. Fiquei com o peludinho e seu pequeno defeito de fábrica sobre o qual comentarei depois.
Tive apenas três cachorros em vida. Todos eles fantásticos. O primeiro, Teseu, era grandalhão e abobalhado. Seu tamanho metia medo em quem não o conhecesse, o que foi de muita utilidade a casa nas tantas vezes em que eu era obrigado a viajar e deixá-la sozinha. Os filhos dos vizinhos se ocupavam de alimentá-lo nesses tempos difíceis. Eles sabiam que brabeza não morava ali, muito pelo contrário. Era uma criatura festiva que, mesmo tendo contraído câncer, ainda sorria pra todo mundo se esquecendo da própria dor. Foi duro ter que sacrificá-lo.
Encrenca foi o segundo. O nome era esse mesmo e quem o conheceu assinava embaixo. Perseguia motoqueiros e bicicleteiros –– naquela época não havia os termos ciclista e byker –– latindo com raiva contra todos que passassem na frente do seu focinho. Quase perdi um emprego por conta desse seu mau humor desgracento quando o carteiro resolveu pular meu endereço para não ter que encarar e sair correndo do cachorro da raça latidor-mordedor. Naquele dia, trazia ele a cópia de um contrato que eu deveria passar ao meu chefe depois de uma boa revisada. Sorte que o carteiro benevolente deixou a correspondência duas casas depois, nas mãos da Norminha, a gostosona do bairro, por quem ele nutria intenções suspeitas e, cá entre nós, eu e a torcida do Flamengo também.
Apesar de ter nascido com a pá virada, Encrenca era um doce comigo. Obediente, nunca alterou a voz –– ou melhor, o latido –– quando se dirigia a mim. Quando eu estava por perto, meus amigos chegavam sem medo e até brincavam com ele, passando a mão na cabeça, coisa que o safado particularmente gostava muito. Foi numa manhã de terça, sol a pino, que levou um pipoco de um jornalista manquitola, o Orlando, que de segunda a sexta ia pro trampo na garupa da moto do cunhado, também colega de jornal. Me contaram que ele já estava de saco cheio de todo dia ver o bicho se aproximando, com a bocarra quase lhe alcançando a perna doente, e decidiu pôr fim ao desassossego. Sua mira foi precisa. O pobre cão não agonizou, o que me deu um certo conforto, quando me lembrei de tudo o que passei com Teseu.
Mas, o que fez o Max ser o mais especial? Finalmente vou dar a tão esperada explicação. Além de absurdamente bom de faro e de ouvido, ele era, por assim dizer, um cão vidente! Tudo bem... Vou ser mais claro. Aquele bicho parece ter nascido com o dom de prever o futuro. Sei que é meio redundante esse lance de “prever o futuro”, mas, considerando que os economistas deste país não conseguem prever nem o passado, o pleonasmo tem lá os seus méritos. Ainda mais em se tratando de um cachorro de verdade, e não de um político cachorro, redundâncias à parte.
Seu dom espiritual ou algo parecido funcionava –– seria esse o verbo certo? –– mais ou menos assim: antes que alguma coisa ruim me acontecesse, lá estava o Max me livrando do perigo. Uma vez, numa calçada cheia de tapumes isolando o lote ao lado, ele estacou na minha frente e não deixou que eu seguisse adiante de jeito nenhum. Tentei dar a volta, puxando-o pela coleira, ralhei com ele, e nada. Pois no minuto seguinte caiu um amontoado de tijolos da construção do edifício atrás do muro de tábuas, arrebentando na calçada poucos metros à minha frente. Escapei por muito pouco.
Tudo não teria passado de mera coincidência se, no mesmo dia, ele não me tivesse mordido a barra da calça antes de eu atravessar a rua, me atrasando por cinco segundinhos, prazo em que um carroceiro perdeu o controle do seu veículo e o conjunto cavalo-carro-de-madeira, tudo junto e misturado, passou por cima da minha sombra projetada à frente. Se o Max não tivesse me retardado o passo...
Certo. Você dirá: ele apenas prestou atenção no cenário em volta e, por instinto, tomou atitude de proteção ao dono. Concordo, em termos. O pequeno de fato agia como meu protetor, um verdadeiro anjo da guarda canino. Mas, como explicar a outra vez em que ele fingiu de doente para eu não sair de casa e, horas depois, fiquei sabendo que o ônibus que eu tomava sempre no mesmo horário bateu com um caminhão, pegou fogo e mais de vinte pessoas partiram dessa pra outra melhor? Pois, presságios como esses ocorriam com tanta frequência que eu passei até a andar com medo sem o Max por perto...
Claro, nem tudo era nóia na nossa relação. Tínhamos uma convivência normal, de gente comum pra cachorro comum. Quando precisava chamar a atenção dele, o chamava de Maxley, seu nome original, carregando no acento sobre a sílaba “ley”. Ele entendia e vinha de cabeça baixa, como um garoto que apronta na escola e se encaminha para a sala da Diretora, esperando pelo pior. Quando queria vê-lo alegre, chamava-o de forma silábica, cantando como na fala dos paulistas: Máa-quis! E lá vinha ele com o rabo balançando, que na linguagem universal da espécie significa: “Você nem imagina o quanto me faz feliz!”.
E tinha mais motivos para ele ser o meu preferido. Não conheci e nunca ouvi falar de um cachorro que fosse diariamente à banca de revistas buscar o jornal, trazendo-o na boca em troca de um cafuné. Mesmo o Encrenca, que adorava esse mimo, jamais se dignou ir lá me fazer esse agrado. Menos mal... Com aquele seu estilo enervado não conseguiria mesmo chegar até o destino sem ter corrido atrás de metade da vizinhança...
Falando nisso, antes que surja a pergunta, já vou adiantando: Max era de raça pura, sim. Um vira-lata puro. Não se lhe notava nenhum traço de ascendência nobre. Nada, nada. Era um tomba-lata legítimo e parecia se orgulhar disso. A mim não fazia diferença: nunca vi cachorro como produto e nunca me passou pela cabeça vendê-lo. Por isso nunca fiz propaganda de seu comportamento, digamos, profético, na expectativa de despertar interesses e faturar em cima. Fomos feitos um para o outro, ou pelo menos eu queria acreditar nisso, e ele também.
Dizem que toda história triste tem um final feliz e vice-versa. Num sábado de agosto, dia de feira naquele canto afastado de Porto Velho, na calorenta e úmida Rondônia, Max tentou me salvar uma vez mais. Mas, naquele dia, as coisas não saíram como de costume. Começaram uma briga na banca de pasteis, alguém sacou de uma arma e começou a atirar a esmo. Eu era um dos esmos que estavam na linha de tiro. A vontade de me proteger foi tamanha que, ao pular sobre o pistoleiro eventual, meu herói acabou provocando novo disparo e o resto já deu para intuir.
Acho que agora, definitivamente, está bem entendido. Aprovem ou não, o Maxley –– o pequeno grande Max! –– vai ser sempre lembrado como o cachorro mais querido. Pois, passados quase cinco anos do incidente criminoso, e apesar do seu defeitinho de fábrica –– já ia esquecendo de dizer, ele era cego de nascença –– até hoje meu bom companheiro faz questão de trazer o jornal do dia e depositar no meu túmulo.
Paulo Lima é, desde 1988, publicitário e escritor nas horas vagas desde sempre.

[caption id="attachment_31735" align="alignnone" width="620"] Foto: Layza Vasconcelos[/caption]
Edward Morgan Forster já escrevia, no início do século XX, sobre a diferença de classe e a hipocrisia da sociedade britânica. O autor publicou, em 1971, o clássico Maurice, obra que resultou no novo espetáculo da Cia. de Teatro Sala Três. A diversidade sexual, cultural e religiosa são alguns dos temas sobre os quais o grupo se debruçou a fim de indagar o atual momento brasileiro, dadas as questões ainda embaraçadas, confusas e até mal pontuadas.
“A montagem do espetáculo, entende que o momento atual é propício para a reflexão e debate acerca dessas dicotomias sociais ainda altercadas entre âmbitos de ‘certo e errado’, ‘bem e mal’, ‘dominantes e dominados’, além de várias outras segregações existentes, a partir de uma experiência artística que promova o alcance, a reflexão e sensibilização”, anuncia o grupo.
Com Andreane Lima, Esley Zambel e Victor Melo no elenco, o espetáculo tem direção de Altair de Sousa. Os ingressos custam R$ 10 e a classificação indicativa é 14 anos. A apresentação é no sábado, 4, no Teatro Goiânia.

Ainda demora um pouquinho até que Caetano Veloso, o estadunidense J Mascis, Bonde do Rolê, Karol Conka e muitas outras bandas agitem Goiânia pelo festival Bananada. Mas não é que o pessoal se uniu com a Skol Music e já traz alguns nomes para esquentar os finais de semana até que maio enfim resolva aparecer no calendário? Nesta sexta, 3, começa o Bananada Party com Overfuzz e Components e Meio Termo, que dão uma palhinha do festival na Roxy Club. A programação vai até o dia 8 de maio sempre com duas bandas, uma local e uma convidada. Os ingressos para a Bananada Party custam R$10 — antecipados. O evento tem realização da Construtora Música e Cultura.

[caption id="attachment_31941" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
Começou na semana passada e vai até o domingo, 5 de abril, a Mostra Itinerante do Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.
Serão 10 programas com filmes de longa e curta metragem voltados a crianças e adolescentes, divididos por classificação etária. Os filmes propõem um novo olhar sobre a vida e estão fora dos circuitos comerciais de TV e cinema, abarcando a realidade da infância e da juventude de diversos países.

- A Orquestra Sinfônica de Goiânia se apresenta nesta segunda-feira, 30, nos palcos do Teatro Goiânia Ouro. O concerto integra a 1° Temporada de 2015 do Coro Sinfônico de Goiânia. É às 20 horas e a entrada é franca.
- A banda goiana Cascavelvet interpreta canções consagradas do rock mundial, nesta “Terça no Teatro”. Será no Teatro Sesi que as canções de Pink Floyd, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Rolling Stones e Bob Dylan embalam a noite do último dia do mês. A entrada é franca e o show começa às 20 horas.

Livro

Música

Filme


Maria Estela Guedes
Especial para o Jornal Opção
De Lisboa, Portugal
[caption id="attachment_31725" align="alignleft" width="250"] Retrato de Herberto Helder por João Dionísio[/caption]
Herberto Helder (1930-2015), falecido a 23 de março, vinha construindo a sua vida, ou a sua obra, desde há largos anos, com viva atenção às relações da Poesia com o mundo venal que nos asfixia. E porque era muito sensível ao que podia ser considerado comercial, criador de vínculos manipuladores, recusou prémios valiosos em prestígio e valor monetário e furtou-se à vida mundana que televisão, rádio e jornais propiciam.
Mesmo na relação com instituições académicas se mantinha à distância, e selecionava as que certamente lhe pareciam mais idóneas, caso de um recente colóquio na Sorbonne, com cujos organizadores por exceção colaborou. Não quer isso dizer que fosse uma pessoa difícil; não, era afável, conversador e mesmo carinhoso com os amigos. Apenas se furtou a exibições, à falsa glória gerada pelos meios de comunicação de massa.
Acrescentando a isto a sacralidade em que mergulham os poemas, unidos ao símbolo, ao sinal alquímico, ao andamento musical dos longos versos livres, às formas crípticas de dizer, tornou-se um poeta de culto.
A sua importância é enorme junto dos mais novos que ele, que ora o imitam sem querer ora, querendo-o, tentam afastar-se o mais possível, para alcançarem voz própria. Porém o seu impacto não se cinge aos poetas, alcança também outros artistas, plásticos, músicos e outros, que o tomam como tema de exposições, vídeos, filmes.
Internamente e no Brasil, é facto cada vez mais pacífico o de o autor de “A colher na boca”, “Última ciência”, “A máquina lírica” e tantas outras obras ser um dos mais altos poetas de sempre a manejar uma língua que nos últimos tempos queria só dele, já não o português, sim o herbertianês.
Por isso a sua escrita mais recente pode causar algum sobressalto a quem abra pela primeira vez “A faca não corta o fogo”, “Servidões”, ou “A morte sem mestre”, obras duras, de voz áspera, contrastando com os livros de juventude e maturidade – “O amor em visita”, “Poemacto”, “As musas cegas”, “Cobra”, “O corpo o luxo o obra” – luxuriantes, luxuosos, de beleza estonteante. Beleza dos corpos, ele é um poeta do vivo, do erotismo, daquilo que é biológico.
Herberto não é só autor de poesia. Ele publicou prosa também, dispersa alguma, outra concentrada em “Photomaton & vox” e num livro de referência para a narrativa portuguesa mais inovadora, “Os passos em volta”, de 1963. E há também a considerar as versões de textos alheios, alguns deles poesia étnica, nas colectâneas: “As Magias”, “Ouolof”, “Poemas ameríndios” e “Doze nós numa corda”, publicadas nos anos 80 e 90.
Se bem que seja lento o movimento de assimilação da poesia, sobretudo em língua que não é a materna, a sua obra está a caminho de ser conhecida em muitos países. Conta com edições brasileiras de várias obras e saíram traduções em Itália, França, Espanha, Reino Unido e em outros países. Universidades portuguesas e estrangeiras vão incluindo o poeta nos cursos de literatura, promovem encontros sobre a sua obra e o seu estudo entre mestrandos e doutorandos. Os livros sobre ele vão-se somando, em Portugal e fora de fronteiras, desde o primeiro, de 1979, “Herberto Helder, poeta obscuro”, meu.
A partir de 1973, data de edição dos dois volumes de “Poesia Toda”, Herberto Helder começou a reunir todos os livros de poesia em um só, com títulos diversos, pois se trata sempre de inéditos, dada a anexação do último, saído isoladamente. Um deles, “Ou o poema contínuo”, dá a entender que os seus poemas, além de serem um só, não têm princípio nem fim limitantes.
Neste domínio, “Poemas completos”, de 2014, é a obra dele ainda disponível nas livrarias. Com tiragem reduzida em cada edição, sendo esta única, os seus livros esgotam-se depressa e os mais antigos, nos alfarrabistas, começam a custar pequenas fortunas, o que reforça a imagem de culto prestado a este sacerdote da palavra que só pedia, apesar de ateu: “Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro!”.
Maria Estela Guedes é escritora portuguesa, atualmente Investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa

Adelto Gonçalves
Especial para o Jornal Opção
[caption id="attachment_31722" align="alignleft" width="250"] Herberto Helder foi o autor de uma obra consistente, mas que viveu uma vida em construção | Foto: publico.pt[/caption]
Se Fernando Pessoa (1888-1935) foi a figura de proa da poesia portuguesa na primeira metade do século XX, na segunda esse espaço foi ocupado por Herberto Helder (1930-2015), um poeta fascinado pelo poder encantatório da linguagem, decorrente do uso ritual da palavra, como observou Maria Estela Guedes num dos dois livros que escreveu sobre essa personagem mítica, “Herberto Helder, o poeta obscuro” (Lisboa, Moraes Editores, 1979).
De fato, como observa a autora no segundo livro que dedicou à produção do poeta, “A obra ao rubro de Herberto Helder” (São Paulo, Escrituras, 2010), em todos os seus poemas está presente um tipo de magia fundada no trabalho poético sobre as palavras. E que, especialmente, procura imagens na Natureza. Esse trabalho pode ser sintetizado nestas palavras de Helder, que estão no o prefácio de seu livro “As magias”: “(...) Mas as palavras não são apenas palavras. Tem longas raízes tenazes mergulhadas na carne, mergulhadas no sangue, e é doloroso arrancá-las”.
Arrancar palavras da alma parece ter sido a obsessão desse poeta que, a exemplo de José Saramago (1922-2010), único Prêmio Nobel da Literatura Portuguesa, não colocou na parede diploma de nenhuma universidade. Se Saramago, que também foi bom poeta, além de excepcional romancista, não frequentou os bancos de nenhuma faculdade, Helder chegou a matricular-se na Universidade de Coimbra, mas não concluiu nenhum dos cursos que fez. Formou-se, isso sim, na universidade da vida. Sem contar que sempre foi um ávido leitor, não só de poetas e romancistas europeus, como de poetas latino-americanos como o mexicano Octavio Paz (1914-1998), o argentino Jorge Luís Borges (1899-1986) e o chileno Vicente Huidobro (1893-1948).
Como se lê na biografia “Herberto Helder, a obra e o homem” (Lisboa, Arcádia, 1982), que escreveu a professora Maria de Fátima Marinho, vice-reitora da Universidade do Porto, o poeta, nascido no Funchal, sempre esteve na contramão da sociedade bem comportada. Por isso, sua figura, a partir da notoriedade de seus versos, passou a ganhar uma aura mítica, que só aumentou nos últimos anos, depois que se refugiou num pretenso anonimato, recusando-se a receber prêmios literários, como o Fernando Pessoa, na década de 90, e a conceder entrevistas e até a deixar-se fotografar.
Em linhas gerais, viveu uma vida em construção, sem muito apego a valores burgueses: foi propagandista de produtos farmacêuticos, redator de publicidade e outros ofícios. Sabe-se também que viveu precariamente como imigrante em países como França, Holanda e Bélgica, onde igualmente desempenhou trabalhos que os naturais do lugar se recusam a fazer. Em Antuérpia, teria sido guia de marinheiros e turistas nos meandros da zona do meretrício. E até cantor de tangos. Só em 1960, depois de voltar a Lisboa, conseguiu um emprego mais estável como encarregado das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian que viajavam pelas vilas e freguesias do país. Foi ainda repórter e redator por dois anos de uma revista em Angola, às vésperas da derrubada do regime colonial.
Morto o poeta, naturalmente, agora abundam os elogios das fontes oficiais, mas a verdade é que Herberto Helder, ainda que tenha publicado uma vasta obra, foi um poeta marginal e desconhecido em Portugal por muito tempo – e mais ainda pelo público e até mesmo pelos acadêmicos brasileiros. Só nos últimos tempos passou a ser mais reverenciado e seus livros procurados – um ou outro chegou a alcançar tiragem de cinco mil exemplares, o que é surpreendente em se tratando de poesia. Se sua poesia transcendeu a de Fernando Pessoa, ainda não se pode dizer. Se não chegou a tanto, passou perto.
Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela USP