Opção cultural

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O dia em que eu fui ao show dos Mamonas Assassinas

Era uma noite de domingo em um Mineirinho não muito cheio, o que não afetou o ânimo do maior fenômeno musical brasileiro entre o final de 1995 e 1996

Um exemplo da literatura absurdista de Daniil Kharms

Leia um dos poemas desse excêntrico escritor soviético, intitulado "Um linchamento" [caption id="attachment_89410" align="aligncenter" width="620"] Poeta absurdista russo, Daniil Kharms (1905-1942)[/caption] Confira, abaixo, o poema em prosa “Um linchamento”, do poeta russo Daniil Kharms (1905-1942). Kharms pertenceu à corrente literária soviética correspondente ao dadaísmo da Europa Ocidental, que ficou conhecida na historiografia russa como “absurdista”.  A tradução que segue é de Lauro Machado Coelho, extraída da coletânea selecionada pelo próprio tradutor: “Poesia Soviética” (São Paulo: Algol Editora, 2007). *** UM LINCHAMENTO Petróv monta em seu cavalo e, dirigindo-se à multidão, faz um discurso a respeito do que acontecerá se, na praça onde hoje há um parque público, for construído um arranha-céu americano. A multidão ouve e, evidentemente, concorda. Petróv faz anotações em sua caderneta. No meio da multidão pode-se distinguir um homem de meia-idade que pergunta a Petróv o que foi que ele anotou em sua caderneta. Petróv responde que isso só diz respeito a ele mesmo. O homem de meia-idade insiste. Uma palavra leva à outra e uma briga começa. A multidão toma o partido do homem de meia-idade e Petróv, para salvar a própria pele, esporeia o cavalo e dá volta na praça. A multidão fica agitada e, na falta de outra vítima, agarra o homem de meia-idade e arranca-lhe a cabeça. A cabeça arrancada rola na calçada e fica presa num ralo de esgoto que está aberto. A multidão, tendo satisfeito as suas paixões, se dispersa.

Grupo goiano faz homenagem a grandes sambistas em show gratuito

No Teatro do IFG de Goiânia, "Samba Matuto" promete boa música, relembrando os tempos de ouro das escolas de samba do Rio de Janeiro

14 versos luxuriosos

Duas traduções de um soneto "erótico-pornográfico” do “Século de Ouro” espanhol [caption id="attachment_89379" align="aligncenter" width="620"] Desenho de Mihály Zichy (1827-1906)[/caption] A “Terça poética” de hoje oferece ao leitor duas traduções de um soneto de autoria desconhecida, retirado  de um manuscrito do Século XVII, o denominado “Siglo de Oro”, “Século de Ouro”, espanhol, no qual floresceu toda arte barroca de Espanha e também pérolas da poesia erótica ocidental. A primeira tradução é de José Paulo Paes*, a segunda, de Silvério Duque** Texto original -¿Qué me quiere, señor ? -Niña, hoderte. -Dígalo más rodado. -Cabalgarte. -Dígalo a lo cortés. -Quiero gozarte. -Dígamelo a lo bobo. -Merecerte. -¡Mal haya quien lo pide de esa suerte, y tú hayas bien, que sabes declararte! y luego ¿qué harás ? -Arremangarte, y con la pija arrecha acometerte. -Tú sí que gozarás mi paraíso. -¿Qué paraíso ? Yo tu coño quiero, para meterle dentro mi carajo. -¡Qué rodado lo dices y qué liso! -Calla, mi vida, calla, que me muero por culear tiniéndote debajo. *** Tradução de José Paulo Paes — Que quer de mim, senhor? — Filha, foder-te. — Diga com mais rodeios. — Cavalgar-te. — Diga ao modo cortês. — Então, gozar-te. — Diga ao modo pateta. — Merecer-te. — Bem hajas que consigo compreender-te e mal haja quem peça de tal arte. Depois, o que farás? — Arregaçar-te e com a pica alçada acometer-te. — Tu sim hás de gozar meu paraíso. — Que paraíso? Eu quero é minha porra metida bem no fundo do teu racho. — Com que rodeio o dizes, tão precioso! — Caluda, amor, que de prazer já morra, fodendo-te, eu por cima, tu por baixo. *** Tradução de Silvério Duque – De mim, o que quer, Senhor? – Moça, foder-te. – Diga-o com mais rodeios. – Cavalgar-te. – Diga, ao modo cortês. – Quero gozar-te. – Diga-mo feito um bobo. – Merecer-te. – De certo, muito fiz por receber-te, e fi-lo bem, pois sabes declarar-te! – E logo, o que farás? – Arregaçar-te, e, com minha pica em riste, vou comer-te. Tu gozarás, enfim, em meu paraíso... – Que paraíso? Eu quero é o teu rabo e nele enfiar inteiro o meu caralho. – Diga-mo, então, de um modo mais preciso! – Cala, minha vida, cala, que eu me acabo, tilintando em teu cu com o meu vergalho. * José Paulo Paes (1922-1998) foi poeta, tradutor, ensaísta e crítico literário paulista, autor do livro “Anatomias” (1967). ** Silvério Duque (1978) é poeta, tradutor e músico baiano, autor dos livros “A pele de Esaú” (2010), “Ciranda de Sombras” (2011) e “Do coração dos malditos” (2013).  

Conselho de Arquitetura e Urbanismo dispõe de R$ 60 mil para patrocinar projetos diversos

Terminam nesta sexta-feira, 17, as inscrições para o edital de patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO). O edital foi aberto no dia 1º de fevereiro. Os interessados devem providenciar toda a documentação e ingressar com a solicitação na sede do Conselho, na Vila Maria José, em Goiânia. Feiras, palestras, cursos, exposições, publicações e produções audiovisuais, entre outros projetos, se enquadram na chamada pública. As propostas podem ser de âmbito municipal, estadual, regional, nacional ou mesmo internacional, desde que sejam executadas em território goiano. A verba disponível para o edital é de R$ 60 mil, valor que será dividido em cotas menores a serem distribuídas entre as propostas aprovadas. Serviço Chamada pública de patrocínio Inscrição e recebimento dos projetos e documentos de habilitação: de 1° de fevereiro a 17 de março Local: Sede do CAU/GO (pessoalmente ou por correio) Endereço: Av. Eng. Eurico Viana, 25, ed. Concept Office, 3° andar, Vila Maria José, 74.815-465, Goiânia – GO Divulgação dos projetos habilitados: 31 de março Prazo final para assinatura do convênio: 6 de abril

Leilão de “livros de esquerda” vende 310 obras (de Fidel a Cecília Meireles)

Com lances iniciais de R$ 10, o leilão reúne uma seleção variada de autores No mesmo dia em que vão ocorrer protestos em todo país organizados por centrais sindicais e movimentos sociais, acontece também um leilão de "livros de esquerda". A venda acontece via internet e oferece livros dos mais variados autores, de Fidel Castro a Mikhail Gorbachev; de Huxley a Shakespeare; de Guimarães Rosa a Cecília Meireles. Também tem Machado de Assis, Graciliano Ramos, Mário de Andrade e Guido Mantega (sim, o ex-ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff). A selação é variada e, se há panfletários, há também obras de pensadores. Gilberto Freyre, que comemoraria seu aniversário de 117 anos neste 15 de março, é apenas um deles. Vale à pena dar uma olhada, mesmo que o leitor não seja de "esquerda". Quem quiser ver os livros do leilão é só acessar o link (http://migre.me/weHRm), se cadastrar e dar seus lances.

Literatura filosófica de amor e de ódio

Em “Desconstruindo Sofia”, de Solemar Oliveira, testemunhamos a obsessão de um matemático em encontrar a ex-esposa, chamada por ele de Sofia (será mesmo o nome dela?), madrugadas adentro pelas zonas de prostituição de uma cidade não nomeada

Pra não dizer que não falei da corrupção

[caption id="attachment_89145" align="alignleft" width="620"] "Justiça combatendo a Injustiça” (1737), pintura de Jean-Marc Nattier[/caption] Leonardo Teixeira Especial para o Jornal Opção Articula-se pelas redes sociais um movimento aparentemente apartidário para protestar nas ruas brevemente. Seria um déjà vu (na tríade “Fora Collor, Fora Dil­ma, Fora Temer”), como se algum dos políticos engravatados fosse compadecer da situação e abrir mão (e a carteira) das suas regalias no reino. A exemplo dos 30 mi­lhões anuais (em média), quantia gasta com um único político. Ou ainda mais esses exemplos: a aposentadoria rápida, os as­sessores nepotistas, as verbas indenizatórias, os planos médicos, os litros diários de gasolina, as passagens aéreas ou a imunidade parlamentar. Reza a lenda caótica que santo de casa não faz milagre. Mas o texto de hoje não tinha a pretensão ácida no mesmo tom dos dedos apontados – tão rijos e castos –, rumando alvos distantes, diretamente nos erros alheios; ou da velha verve que se diz julgadora superior da errante raça humana. Atiraram a primeira pedra e um turbilhão de achincalhes é metralhado em plena era digital sem fakes ou melhores looks. Nem a rebelião de Luke Skywalker, ou suas palavras sobre a força podem amenizar os desvios de conduta humana e seus gostos pelo lado negro e bizarro da coisa toda. Se até mesmo a nossa ficção parte de uma premissa mentirosa (que o diga qualquer ator teatral), nosso entretenimento também prioriza o riso grotesco. Cito como exemplo o apreço pelos vídeos idiotas do WhatsApp, as pegadinhas e cacetadas e demais similares. Quan­do o show de um mágico está ficando sem graça, ele apela para a guilhotina de braço. A ameaça de decepar o braço alheio craveja os olhos de suspense e emoção. To­dos os humanos são bipartidos à ma­neira yin-yang de ser. Essa é uma das poucas regras sem exceção. Eis o lado malvado, sem ser favorito, que brota quando ninguém está vendo. O jeitinho malandro de levar vantagem ultrapassa limites racionais. Sendo capaz, inclusive, de estar presente no momento de uma catástrofe ou grave acidente, quando mais é necessária a ajuda alheia. Quantos relatos não há sobre algum ser humano iluminado (pelas chamas infernais) que furta a mala, aliança, carteira, celular, óculos e roupas, em vez de prestar socorro? Por isso, ante um tombamento de caminhões, as pessoas frequentemente ameaçam ou machucam os motoristas e levam as cargas derramadas. Há poucos dias mesmo, vi a notícia de que dezenas de pessoas pararam os seus carros e os encheram com frascos de óleo de cozinha (que seriam distribuídos nos supermercados) que estavam dentro de um caminhão tombado. Não imagine que tais saques são novidades modernas. No museu de Turim há um papiro do reinado de Ramsés V (1145 a.C.) que menciona os roubos, saques e greves. Sem falar do antecessor Ramsés IV, cuja corrupção “endêmica” no governo do antigo Egito foi mencionada em um papiro (Harris) de mais de 40 metros de comprimento. Este sujeito saqueador é o mes­mo indivíduo que critica a corrupção brasileira, fala mal dos outros, dos partidos, dos bandidos. Tem uma noção tosca sobre errinhos e er­rões, pecadinhos e pecadões. Não se pode desviar dinheiro público, des­viar verbas, superfaturar obras, abusar de propinas robustas, levar van­tagens ilícitas, mas muitos acham que é normal falsificar carteirinha de estudante, furtar e burlar sinal de TV a cabo, comprar e vender produtos falsificados, furar filas, colar e passar cola nas provas (ou copiar trabalhos, textos e artigos da internet), bater ponto e assinar lista de presença para colegas de trabalho ou de estudo, apresentar atestados médicos falsos, inventar uma justificativa (as mentiras tidas como socialmente necessárias), vender ou comprar o voto, estacionar em vagas especiais (ainda que seja rapidinho), falsificar assinaturas, declarar informações falsas no imposto de renda (omitir ou comprar notas), receber troco a mais e não devolver, não dar nota fiscal (ou o valor correto), desrespeitar lugares reservados em ônibus, cinema, teatro, estacionamento etc, levar para casa enfeites de festa que não são cortesia, tentar subornar o policial ou guarda de trânsito, burlar normas de trânsito (sinais, parar em filas duplas, andar pelo acostamento ou em pistas reservadas a ônibus, e “gatos” por exemplo), desrespeitar normas trabalhistas, pagar multas e continuar desobedecendo a lei, jogar lixo pela janela ou nas ruas, receber auxílios sem necessidade (moradia, deslocamento, verbas de gabinete, despesas extras) etc. Ufa! Que textão! Você ainda está aí? Esse é o mesmo ser humano que se acha no direito de queimar um índio, um menor abandonado, um mendigo, ou qualquer outra pessoa que esteja numa pior, na sarjeta do mundo, ou sofrendo os preconceitos de uma minoria. Uns se diferenciam dos outros pelas escolhas diárias, pelos limites comportamentais etc. Mas é a mesma criatura humana, benevolente quando quer, mas diabólica ao extremo, frequentemente encontrado numa situação extremista ou terrorista. É o mes­mo que sai bradando o seu legítimo protesto, com cartazes e tintas típicas da bandeira, sem conhecer a própria hipocrisia, como um peixe que nada pelo rio sem saber que está na água... No livro “Raízes do Brasil” (1936), Sérgio Buarque Holanda cita nossos ancestrais e colonizadores europeus imersos nas imoralidades históricas e isso se “refletiria nas suas relações com outros indivíduos, instituições, leis e a política”. Curioso o fato de Platão, em sua “utopia republicana” ter falado que “a justiça e a honestidade apenas acontecerão na política quando os governantes forem amantes da sabedoria (filósofos), ou os amantes da sabedoria assumirem o governo”. Depois, em seu livro “As Leis”, ele já não confiava mais na incorruptibilidade de um governante sábio. Isso no mundo onde os filósofos sofistas foram acusados de corruptores da linguagem. Aristó­teles escreveu sobre corrupção no livro “A Geração e a Cor­ru­pção”, apesar de cunho mais metafísico e biológico. Em tese, todos os seres naturais possuiriam uma su­bstância e uma finalidade. Quando a substância de algum ser, ou sua finalidade, se modifica, este ser se corrompe, degenera, se perverte. A morte é a corrupção da vida, e tudo se corrompe quando não cumpre sua finalidade, ou a deturpa. Moral da história: corrupção é um problema ético, pessoal e cultural. Qualquer reflexo político é mero esparramar de fragmentos humanos. Podemos ao menos frear pequenos impulsos diante do que chamamos de corrupções menores. Se colocar verdadeiramente na frente de outra pessoa e pensar algo como “se fosse comigo, eu gostaria disso?” Era pra ser um texto mais ameno, talvez algo sobre o formato tosco e irregular de um brócolis, uma miniárvore antes de ser digerida. Antes que a música, de apenas dois acordes, símbolo das manifestações (“Caminhando e cantando...”) — seja amplificada a plenos e múltiplos pulmões — sigam nas várias direções do país, quem sabe possamos refletir como melhorar nossas próximas ações e condutas? Até a próxima página! Leonardo Teixeira é escritor

Eduardo Lourenço: um ensaísta inigualável

O pensamento do professor Lourenço, ao longo de uma carreira acadêmica invejável, voou tão longe e alcançou tantos ângulos que hoje é impossível imaginar um ensaio sobre poesia portuguesa sem levar em conta o que ele já escreveu

Feira de HQs chega a Goiânia com convidados internacionais

A cultura pop está em alta no Brasil. Prova disso são as várias feiras que têm ocorrido no País nos últimos anos, como a Comic Con Experience, a FIQ-BH, etc. E o movimento não para de crescer, e Goiânia entra no circuito com a Gibirama – Feira Goiana de Histórias em Quadrinhos, que acontece neste sábado, 11, a partir das 14h, na Galeria Pátio do Lago. A feira será gratuita e aberta ao público de todas as idades. O objetivo é congregar aficionados por HQs. Autores, colecionadores e lojistas estarão na feira, prontos para vender, comprar e trocar quadrinhos dos mais diversos gêneros. O evento contará, ainda, com lançamentos de obras da nona arte, além de sessões de autógrafos, oficinas, praça de alimentação, discotecagem de Alexandre Perini e concurso de cosplay. Edu Menna, quadrinista internacional responsável por ilustrar obras como Red Sonja, Army of Darkness e mais, é um dos convidados confirmados.

Aquecimento 
O aquecimento da Gibirama acontece na Mandrake Comic Shop nesta quinta-feira, 9, a partir das 20h. O convidado especial da noite é o quadrinista Galvão Bertazzi (Vida Besta), que lançará diversos trabalhos de sua autoria e realizará uma sessão de autógrafos e bate-papo. Serviço: Gibirama – Feira Goiana de Histórias em Quadrinhos Onde: Galeria Pátio do Lago (Av. T-3, em frente ao Vaca Brava, Setor Bueno) Quando: Sábado, 11, a partir das 14h Informações: (62) 98117-3345 / 99117-4030

O que elas têm a dizer através da música

Repertório feminino de letras que retratam lutas por direitos iguais e equidade no tratamento entre os sexos é diversificado em estilos e discursos

5 discursos de (e sobre) mulheres: por que o feminismo tem se tornado uma palavra impopular?

Comemora-se neste 8 de março o Dia Internacional das Mulheres. E os outros dias? O Ocidente avançou muito em suas relações sociais nas últimas décadas; avanços que agora parecem regredir um pouco com a retomada de espaço pelos conservadores. A história é cíclica. Nesse contexto, o movimento feminista, que alcançou vitórias importantes não só para as mulheres, mas para a sociedade em geral, sofre fortes ataques. [relacionadas artigos="60409"] Grande parte dos "atacantes" sequer sabe do que se trata, de fato, a ideia do movimento, mas atacam mesmo assim. Outros, mais tímidos, se restringem a dizer que não gostam dos exageros do movimento. Há exageros? Sim, há exageros em todos os lugares e em relação a todas as coisas, mas o importante aqui é a ideia; é ela que precisa ser compreendida: a igualdade entre mulheres e homens é uma necessidade. Nesta lista, há mulheres falando sobre mulheres e da razão de "feminismo" nunca ter sido uma palavra popular. Não, não é de hoje; aliás, antes era pior. Não é popular a palavra, muito menos a ideia. O número de vídeos disponibilizados aqui poderia ser muito maior, mas alguns deles são grandes e, como quero que o leitor veja todos, resolvi reduzir para apenas cinco. Vale a pena assistir.

Emma Watson
Com toda a polêmica envolvendo o ensaio que atriz britânica fez para a Vanity Fair, é justo começar por ela, pois veio de Emma Watson um dos discursos mais interessantes da nova geração à frente da defesa das mulheres. É ela quem diz: "Vejo que a palavra feminismo é bastante impopular atualmente, mas a palavra não é importante; a ideia por trás dela, sim". O discurso foi o primeiro que a atriz fez na ONU, em 2014. https://www.youtube.com/watch?v=rq-jogDdKFU
Chimamanda Adichie
A fala da escritora é muito boa, intelectual e discursivamente. Ela diz sobre a realidade vivida pelas mulheres africanas, especialmente na Nigéria, seu país natal, mas a verdade é que muitas pessoas do sexo feminino, do Oriente e do Ocidente, se identificam com ela. O discurso de Chimamanda é, portanto, universal: "Culturas mudam. A cultural não faz os povos, os povos fazem a cultura". Aviso: a plateia aplaude demais e, na maioria da vezes, desnecessariamente, mas vale a pena ver o vídeo completo. https://www.youtube.com/watch?v=fyOubzfkjXE&list=PLGx2JkuEHDLJ1FYm6FlKIwL-gmP2ZIuvJ
Hillary Clinton
Do discurso da então primeira-dama dos Estados Unidos na 4º Conferência Mundial das Mulheres, da ONU, em 1995, em Pequim, uma frase se destaca: "Direitos das mulheres são direitos humanos". O motivo é simples: enquanto mulheres forem tratadas como são atualmente, as chances dos seres humanos conseguirem criar o tão sonhado mundo de "paz e prosperidade" continuarão sendo mínimas. https://www.youtube.com/watch?v=6V9mHmeK7XM
Marcia Tiburi
A filósofa brasileira não é vista com bons olhos por muitos atualmente devido às suas posições políticas. Porém, o leitor há de concordar que no Brasil atual nenhuma posição política é plenamente aceita. Então, vejamos o que Marcia tem a dizer sobre feminismo. O vídeo, que é uma entrevista editada, mostra posturas interessantes e é a primeira desta lista a colocar no bojo da figura feminina os travestis, homossexuais, etc., que são descriminados em grande parte por serem "feminalizados". Veja. https://www.youtube.com/watch?v=ZKwzGDH-468
Simone de Beauvoir
Seu trabalho é inquestionavelmente importante para várias áreas do conhecimento, por mais que não se concorde com ele. Simone era uma intelectual e até os dias atuais ocupa um espaço relevante nos estudos teóricos. Largamente conhecida por "O Segundo Sexo", a francesa acabou se tornando um ícone do feminismo e, certamente, nenhuma das mulheres cujos vídeos precedem este estaria aqui se não fosse por Simone. De todos os vídeos, este é o que mais vale a pena. https://www.youtube.com/watch?v=J-F2bwGtsMM

Há 50 anos, o Regime Militar elegia o seu segundo presidente e a “linha dura” ocupava o poder

Se a esperança é a última que morre e ela era Costa e Silva, podemos dizer que o Ato Institucional número 5 matou essa esperança [caption id="attachment_88801" align="aligncenter" width="620"] Generais Costa e Silva (à esquerda) e Castelo Branco (à direita) | foto: divulgação[/caption] Carlos César Higa Especial para o Jornal Opção Os militares costumam dizer que missão dada é missão cumprida. Qual era a missão daqueles que saíram dos quartéis em 31 de março de 1964 e tomaram o poder no Brasil? Não seria derrubar João Goulart, afastar o perigo comunista do território brasileiro e devolver o poder aos civis em janeiro de 1966? Pois é! Nem toda missão que é dada pode-se cumpri-la. Não tivemos eleições em outubro de 1965 que elegeria o civil que receberia a faixa presidencial do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. A primeira sucessão da ditadura civil-militar faz cinquenta anos este ano. Castelo Branco não cumpriu a missão que lhe foi confiada em 1964. O seu sucessor não seria um civil, mas sim outro militar. O Marechal Arthur da Costa e Silva fora eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Castelo disse naquele dia 15 de março de 1967 que entregava ao seu sucessor um país organizado e em ordem. O jornal O Globo publicou juntamente com a edição do dia 15 de março um suplemento louvando a tal da Revolução de 1964. De acordo com o editorial daquele dia, o movimento de 31 de março havia mudado os rumos do país. Costa e Silva despertava a esperança em boa parte da imprensa e dos políticos. O jornal carioca fez questão de destacar o local da posse do novo presidente: Teatro Municipal do Rio de Janeiro, local onde outros presidentes também tomaram posse. Ao recordar os vinte e três presidentes que adentraram naquele recinto cultural, O Globo afirmava que Costa e Silva representava a esperança. Disse o jornal: O sucessor de Castelo Branco, que hoje assume o poder, o Marechal Arthur da Costa e Silva, é velho amigo do Theatro Municipal. Tem comparecido às representações do Theatro. Por isso mesmo, representa, no Poder, uma esperança a mais nos múltiplos sonhos alimentados pelos que lutam pela difusão da Cultura Artística em nosso país. Pelo menos a gente fica sabendo, lendo este texto do Globo, que Costa e Silva não ficava apenas jogando palavras cruzadas nas horas vagas. Ele ia também ao teatro. A gente fica sabendo também que, quando o Rio de Janeiro ainda era capital federal, as posses presidenciais eram mais animadas. E a imprensa paulista? Será que tinha esperanças no governo Costa e Silva? O Estado de São Paulo de 15 de março de 1967, em seu editorial, não se dedicou ao governo que estava começando, mas sim ao que estava terminando. O Estadão não poupou tinta para criticar o governo Castelo Branco. Referindo-se ao presidente que deixava o poder, está escrito no editorial: considerou s. exa útil à realização da sua tarefa aliar-se com o que havia de mais apodrecido no regime passado. Entre os corruptos mais notórios é que s.exa foi buscar os seus principais assessores. Colocando lado a lado os editoriais dos dois principais jornais do país publicados no dia da primeira sucessão presidencial da ditadura, a gente percebe que, se havia alguma esperança no governo Costa e Silva era por conta dos inúmeros erros do governo Castelo Branco. Se o pior era o presidente que saía, por que não dar um crédito ao que entrava? Se Castelo não cumpriu a missão que lhe foi conferida pela tal da revolução, por que então não confiá-la ao novo presidente? Dando um spoiler nessa história: se a esperança é a última que morre e ela era Costa e Silva, podemos dizer que o Ato Institucional número 5 matou essa esperança. Para finalizar essa pílula, vale uma crônica de Brasília que o Estadão publicou semanas antes da posse presidencial. Se hoje nós criticamos as vantagens indevidas que nossos deputados recebem, saiba o nobre leitor que nem sempre foi assim. O deputado Carlos Leprevost (ARENA-PR) informava que os deputados eleitos em 15 de novembro de 1966 estavam sem apartamentos e não encontraram vaga nos hotéis de Brasília. Os que estavam hospedados foram despejados porque o Itamarati havia reservado todos os quartos dos hotéis para as delegações estrangeiras que participariam da posse de Costa e Silva. Disse Leprevost: Os deputados que deverão estar presentes à posse do novo presidente da República não deveriam ter prioridade na ocupação das referidas unidades dos hotéis? A tal da revolução de 1964 não tinha tempo para pensar em vagas de hotéis. Carlos César Higa é mestre em história pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e professor nas redes particular e pública de ensino na cidade de Goiânia.   

Apesar dos furos, “Logan” se resolve muito bem na telona

Se não tivesse furos de roteiro, este não seria um filme da Fox. Porém, é um excelente pontapé inicial para a nova era da franquia X-Men nos cinemas [caption id="attachment_88767" align="alignleft" width="620"] "Logan" não é apenas uma despedida, mas uma passagem de bastão do velho Wolverine para a nova geração de X-Men[/caption] Ana Amélia Ribeiro Especial para o Jornal Opção Na crítica que escrevi sobre “X-Men – Apocalipse” falei que a franquia da Fox deveria parar de persistir nos mesmos erros – muitos personagens e pouco tempo de tela para desenvolvimento, pirotecnia exacerbada e problemas cronológicos por causa de furos do roteiro – e construir um novo enredo para a nova fase dos filmes de mutante. Afinal, depois de 17 anos, precisavam mudar. Bem, com o novo filme de Wolverine isso finalmente aconteceu. “Logan” é uma mistura de faroeste com drama familiar, uma carta de despedida com um novo recomeço. O filme do Carcaju – é o animal no qual Len Wein se inspirou para criar o personagem Wolverine – é uma conquista incrível. É brutal, mas ao mesmo tempo muito mais emocional do que sua raiva devastadora de sempre. “Logan” deixa de lado aquela pirotecnia habitual para os filmes X-Men, e foca no que realmente importa: trabalhar o psicológico das personagens nas passagens de tempo sobre passado e presente, juventude e velhice, saudosismo e novidade. E, claro, com um pouco de problema cronológico – se não tem problemas cronológicos, não seria um filme da Fox. [relacionadas artigos="88503"] E isso só foi possível porque o estúdio resolveu chutar o balde e fazer “Deadpool” com classificação para maiores de 17 anos, o que fugiu totalmente do formato padrão usado nos filmes do gênero. A Fox, então, percebendo o sucesso estrondoso de crítica, público e bilheteria do mercenário tagarela, resolveu arriscar o personagem mais memorável da franquia: o Wolverine. Após o inexpressivo “X-Men Origens: Wolverine”, e de “Wolverine: Imortal” – nenhum dos dois faz jus aos quadrinhos –, “Logan” finalmente ganha a sequência que os fãs sempre pediram, mas, claro, com algumas restrições. O derradeiro filme do Carcaju marca também a despedida do ator Hugh Jackman que interpretou o personagem nove vezes em 17 anos de franquia. Assim, para a última jornada de Wolverine, Jackman e o diretor James Mangold adaptaram para as telonas a HQ “O Velho Logan” (Old Man Logan), roteirizada por Mark Miller e ilustrada por Steve McNiven – dupla que também assina “Guerra Civil” – e publicada de 2008 a 2009, entre as edições #66 e #72 da revista “Wolverine (volume 3)” e no especial “Wolverine: Old Man Logan Giant-Size”. A história dos quadrinhos é encaixada no universo dos X-Men do cinema, já o roteiro de “Logan” aproveita do arco da HQ apenas o estado de saúde do personagem principal e a ideia de um futuro distópico. A personagem X-23/Laura Kinney (Dafne Keen), por exemplo, surgiu na série animada “X-Men: Evolution” e, devido ao sucesso, ganhou espaço nos quadrinhos, mas não faz parte do universo de “O Velho Logan”. Nos cinco primeiros minutos do filme, é possível perceber que não é se trata de um tradicional longa sobre quadrinhos. O filme já começa mostrando a que veio: briga, brutalidade, sangue, decapitações, crise da meia idade e medo do que o futuro reserva. O ano é 2029, os mutantes deixaram de nascer e os poucos restantes são perseguidos pelo governo, encolhendo significativamente a população e, diferente de como foi apresentado em “Dias de Um Futuro Esquecido”, os X-Men foram extintos. Embora não seja inteiramente explicado no filme, a aniquilação dos mutantes fica subentendida como responsabilidade da instabilidade mental de Charles Xavier (Patrick Stewart), que teve uma convulsão que acabou matando os membros dos X-Men. O episódio em questão foi chamado de “Acidente de Westchester”, que é a localização da Mansão-X. Nessa realidade amargurada e de desesperança, um Wolverine decrépito, debilitado, esgotado fisicamente e emocionalmente, além de um alcoólatra semi-funcional que tem dores musculares e visão desvanecida, é apresentado. Ganhando a vida como chofer de limusine para cuidar do nonagenário Charles Xavier, Logan planeja juntar o dinheiro que ganha para comprar um barco e viver junto com seu mentor no mar, já que as convulsões de Charles vêm ficando cada vez mais fortes. Essa é a forma que o Carcaju acredita ser mais fácil de proteger a todos das constantes crises do antigo professor. Durante seu trabalho como chofer, Logan é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma enfermeira mexicana que pede a ajuda do X-Men aposentado. Ao mesmo tempo em que se recusa a voltar à ativa, ele é confrontado por um mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), que está interessado em algo que Gabriela possui, a X-23/Laura Kinney — no decorrer do filme, acaba descobrindo que descobre a pequena garota é, na verdade, sua filha/clone. Depois do longo dia exaustivo de trabalho, o mutante volta para o esconderijo e ajuda Caliban (Stephen Merchant) a cuidar do Professor X. Enquanto Logan está dando sua medicação contra convulsões, Charles conta que está conversando através de seus poderes com uma jovem mutante chamada Laura e diz a Logan sobre uma profecia em que a jovem mutante precisa dele, mandando-o encontrá-la na Estátua da Liberdade. Logan, porém, responde à menção da estátua com “a Estátua da Liberdade se foi há muito tempo, Charles...”, fazendo referência aos primeiros filmes dos mutantes. De volta ao trabalho de chofer, Logan é chamado para mais uma corrida e mandado para o Liberty Motel. Chegando lá, ele se lembra da visão do Professor X e encontra Laura em companhia de uma Gabriela seriamente ferida. A enfermeira explica que precisa dos serviços de Logan para levá-las a um local chamado Éden, e oferece uma recompensa muito alta para que ele aceite o serviço. Wolverine concorda em levá-las ao Éden, um refúgio utópico para mutantes em Dakota do Norte — no decorrer do filme ele descobre que Éden se originou nos quadrinhos X-Men, o que o faz questionar se o Éden realmente existe. Enquanto leva a garota para o Éden, ele, Laura, e Professor X são perseguidos e passam boa parte do longa fugindo de Dr. Zander Rice (Richard E. Grant) e dos Carniceiros de Donald Pierce. O diretor Mangold, nesse ponto do filme, atinge um bom equilíbrio entre “Os Brutos Também Amam” e “Mad Max: Estrada da Fúria”, com uma pequena virada estilo “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final.” A partir da cena da fazenda tudo muda. Esse não é um filme de final feliz — aliás, cenas em celeiros nos filmes do Wolverine significam apenas uma coisa: morte. O terceiro ato de “Logan” significa que agora tudo se foi, e o que restou são sombras, poeira e uma filha/clone. É quando você percebe que o filme não é apenas uma história de despedida, mas uma representação simbólica da passagem de bastão do velho Wolverine para a nova geração de Laura. É uma conclusão digna para o mutante que esteve na maioria das vezes no centro dos filmes X-Men. É claro que a história deixou algumas pontas soltas, mas isso é tão recorrente na franquia da Fox, que a gente acaba relevando, pois é justificado com “muito enredo e pouco tempo para desenvolvimento”, apesar de ser um filme de 2h17minutos. É um filme de início, meio e fim que, apesar dos pequenos furos, se resolve muito bem na telona. Com os dois pés no chão a direção de James Mangold trouxe o que há de melhor das atuações de Hugh Jackman, Patrick Stewart e da surpreendente Dafne Keen. E isso é o que importa. Não teve o Wolverine vestido com o uniforme clássico, mas teve várias representações disso durante o filme. Não teve uma explicação mais profunda do acidente de Westchester, mas ficou ali subentendido. Não dá para ficar preso nessas questões. A franquia “X-Men” da Fox está nas telonas há 17 anos com esse problema de furos de roteiro e agora ela terá oportunidade de trabalhar essas pontas soltas já que tem três linhas temporais para trabalhar o enredo: “X-Men: Supernova”, que se passará no final dos anos 1980, início dos 1990, contando a saga da Fênix Negra; “Deadpool 2”, com o enredo focado no presente com a aparição do vilão Cable; e no futuro com o filme “X-Men: The New Mutants”. “Logan” foi um excelente ponta pé inicial para os filmes de quadrinhos desse ano e só nos resta esperar que os próximos filmes sigam o mesmo caminho de qualidade. Afinal, o mundo já não é mais o mesmo, e os filmes de quadrinhos também não. Ana Amélia Ribeiro, jornalista, fã incondicional de quadrinhos, DCnauta, Marvete e muito apaixonada pela Turma da Mônica

Será que estamos realmente vivendo uma época de declínio literário?

Quando um escritor é elevado ao status de divindade, todos à sua volta são preteridos, ainda que suas obras possuam valor estético elevado. Isso aconteceu no Brasil, quando João Cabral de Melo Neto se tornou a menina dos olhos da crítica, ao passo que Jorge de Lima, poeta maior, foi praticamente ignorado