Crônica

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CRÔNICA
Vale à pena ser bocó

Na crônica “Das vantagens de ser bobo”, Clarice Lispector diz algo que a velha paraguaia do poema de Manoel de Barros não teve olhos para enxergar: “O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem”

CRÔNICA
O bicho pegou feio para o meu lado neste carnaval

Quando adolescente, já fui arrastado por essa onda de alegria coletiva. Mas isso é explicável. Afinal, como disse Goethe, “a juventude é a embriaguez sem vinho”

CRÔNICA
Encontrei um discípulo de Celmo Celeno Porto

Celmo é o cardiologista que disse que um médico é mais perigoso que um louco, pois, conforme ele, a gente corre do segundo e se entrega ao primeiro

CRÔNICA
Uma sentimentalidade exagerada por cães e gatos

Essa fuga da normalidade certamente é o poeta Manoel de Barros, num de seus maravilhosos poemas, fugindo da vala dos fracassados, conforme a definição junguiana sobre ser normal

CRÔNICA
Dois Apolos: um deus, o outro um cachorro

“Eu não o vi chegar. Só o percebi quando ele colocou sua cabeça em meu colo e me olhou com um olhar de sofrimento, um olhar de pedido de socorro. Nunca me esquecerei desse dia”

CRÔNICA
No azul do céu de Goiânia, há pedaços de canindés

“As araras são monogâmicas, assim podem se demorar no acasalamento, já o galo, que tem muitas galinhas para cuidar, não suportaria essa rotina”, disse Bariani Ortêncio

Crônica
A coragem da Nathália!

Depois de ser vítima de uma fala machista vinda do presidente do Atlético-GO, Adson Batista, a jornalista Nathália Freitas abandonou a coletiva. E não foi só isso. A repórter da TV Anhanguera e da Rádio CBN se posicionou, respondeu à altura e teve pulso firme. Desde que as imagens começaram a ser compartilhadas, eu só consegui pensar em uma coisa: a coragem da Nathália. Infelizmente, não foi o machismo do Adson, nem a nota (também machista) que ele emitiu que me assustaram. O que mais me impactou foi a coragem da Nathália.

Inteligente e profissional. Que vontade de ser um pouco Nathália. Quantas vezes eu congelei num ambiente machista, em uma crítica disfarçada de piada, em uma situação de assédio moral e sexual. Quantas vezes, em um ambiente de trabalho, eu menti quando foram machistas comigo, saí de perto porque simplesmente não tive coragem de me posicionar. Eu queria que eu e todas as mulheres tivéssemos a coragem da Nathália. E mulher, te admiro e te respeito ainda mais.

Fui lá no instagram dela deixar meu apoio e encontrei um feed lotado de ataques. A clássica imagem da mulher louca, vítima, cheia de mimimi. Até quando? O desejo é que a gente pare de se posicionar para só assim não sermos taxadas de loucas. Nos dominam, tiram nossa credibilidade, atrelam à loucura, ao exagero, à frescura e até mesmo à burrice ou à sexualidade. “Você achou ele bonitinho”…

Estamos em 2024 implorando por respeito. Ainda implorando por respeito. Os homens se respeitam, quase num código secreto. Ou num código claro, como na coletiva com a Nathália na qual ninguém, absolutamente ninguém teve coragem de defendê-la. Não que ela precisasse, vimos que não, mas por empatia. Entre os homens, a opinião é respeitada. Mas se há uma mulher no ambiente, as mesmas virtudes masculinas são questionadas levando em conta o gênero.

Só queria dizer que estou feliz por sua coragem. Porque assim você encoraja a gente. Triste pela situação, muito chateada pelo que ocorreu com você e ocorre (premeditadamente) todos os dias com nós mulheres. Mas cheia de orgulho que a gente, devagarinho, tá mudando tudo isso. Nos posicionando e exigindo respeito. Nem que seja por medo, eles precisam mudar. É urgente constranger os constrangedores.

crônica
Um menino me estendeu a mão e me levou ao Parque Mutirama

Terminada a pequena viagem de trenzinho entre árvores e inúmeros outros brinquedos, peguei meu carro e fui para casa ruminando a alegria do passeio numa das veredas onde minha infância caminhou

CRÔNICA
Prefeito, multe o meu prédio por favor

Tem sido em vão todo o trabalho que tenho em minha casa para separar o material reciclável, pois a sua destinação é o aterro sanitário de Goiânia, visto que, em meu prédio, não há uma preocupação com o destino dos resíduos gerados pelos moradores

Crônica
Eu não vou ser mais criança!

Cada dia é um dia e há muitos dias não rolava choro por aqui. Depois de 8 meses como irmã mais velha, a situação anda mais controlada aqui em casa, Cecília tá menos ciumenta, eu menos culpada, as noites melhoraram (um pouco) e a vida começa a tomar quase um ar de normalidade. Um novo normal, menos caótico que o pós parto e muito mais caótico que da gravidez. Mas outro dia, assim, do nada, Cecília queria colo, justo quando Matheus queria mamar. Um chorou de um lado, a outra do outro e a gente se virou como pode. Depois de fazer ele dormir, fui consolar ela e entender o que tinha acontecido.

Era ciúme. Era a Cecília descobrindo que crescer dói e tem horas que é dor que rasga. Nesse dia, ela queria ser filha única. Disse que sentia saudades de quando era só a gente, de quando a gente saia de carro e despretensiosamente parava numa praça pra ela brincar. Do skincare e da massagem, do banho calmo, e foi listando uma infinidade de coisas das quais eu também tô sentindo muita falta. Nunca mais seremos só nós duas, mas voltaremos, claro, a fazer coisas de mãe e filha.

Sentindo saudades e com choro entalado na garganta, eu disse pra ela que logo Matheus cresce um pouco, fica menos dependente e que a gente vai poder voltar a fazer algumas coisas com mais tempo. É claro que a gente se ajeita por aqui, tenta assistir um filme, comer alguma coisa juntas, mas ainda é difícil ter um tempo maior só nosso. E sim, isso passa. Assim como passou com ela, vai passar com ele. Mas aí ela soltou uma frase que me pegou: “Mãe, logo eu não vou ser mais criança!”.

Pronto, pegou no ponto fraco que eu estava tentando ignorar há dias. Me pegou de um jeito que doeu demais. Mas acontece que a adulta sou eu, então precisei ser racional. Caracas. Pensar que os filhos crescem é um tanto assustador. Nunca mais eles serão bebês. de repente mudam as etapas, mudam as palavras. Nunca mais Cecília vai dizer MACARUJÁ OU LIFIDIFICADOR. Daqui a pouco Matheus vai começar a falar e nunca mais vai soltar esses sons tentando formar uma palavra. Mudam as brincadeiras, as demandas. A gente pensa que a fase atual é complexa e tem gente que reza pra passar. Eu só peço pro tempo ir com calma.

Todo dia quando eles dormem eu penso: queria ter aproveitado mais eles hoje. Eu sussuro baixinho no ouvido deles: que o tempo passe devagar e que eu saiba aproveitar cada minuto de vocês. O trabalho corre apressado, a rotina por vezes enlouquece e eu não consigo imaginar uma Cecília que não será mais criança. Ontem ela me perguntou com que idade eu menstruei. Meu Deus. Quem foi que apertou o botão do tempo e fez ele correr? Outro dia Cecília sofria em um desmame e acreditava na fada do dente.

Só sei de uma coisa: maternidade é a forma mais cruel de perceber o tempo do relógio.

crônica
A morte não encontrou Augusto dos Anjos morto

Para o escritor e dramaturgo Órris Soares, “só a dor possui a faculdade de aumentar, aclarando, essa manifestação imediata e poderosa de sensibilidade, enquanto a alegria, no seu rodopiar eterno de farsante, dançando ao som do pandeiro, a dispersa e anula”

crônica
As flores não vão até as borboletas

O inesperado tem esquinas mais diversas, com pedras de todos os tamanhos. A pedra maior, no entanto, é a inércia, a prostração existencial, que faz com que deixemos a vida esvair sem que suguemos o seu tutano

Crônica
O inimigo com espada é explícito; o com punhal não

Que venha a taxa do lixo. Que Sandro Mabel ponha um ponto-final nesse imbróglio matusalêmico e tire a Comurg de seu estado de zumbi

Nos Detalhes
Faça uma lista!

Que 2025 seja um ano lindo e que a gente consiga tirar nossos sonhos do papel

crônica
Quem não é “um apanhador de desperdícios” não tem olhos para os passarinhos

Observando um sabiá-laranjeira cantando dentro do Bosque dos Buritis, apanhei, em seu canto, que “os pássaros são intérpretes dos poemas de Deus”