Crônica
“Desejo manifestar meu integral apoio à campanha para que o sabiá seja definitivamente consagrado como ‘Ave Oficial do Brasil’”: texto do telegrama do romancista enviado ao ornitólogo Johan Dalgas Frisch
“Vamos criar mais faculdades, vamos criar mais instituições de ensino para formar mais imbecis.” Esta frase (infeliz até não ter mais jeito) é do deputado federal goiano Gustavo Gayer, que “fala demais por não ter nada a dizer”
Meninas e mulheres morrem. Meninos e homens sofrem e matam. Entre as grandes perguntas que a série instalou na minha cabeça: como é que uma família comum cria um filho assassino?
Esses oito pontos provisórios, instalados em vários setores de Goiânia para recebimento de descartes, explicita a vontade política da gestão atual em dar fim a esse problema tão sério que se arrasta há décadas. A cidade exige urgentemente a construção de mais ecopontos e também um maior engajamento ambiental das pessoas
No meu tempo das primeiras letras, isso na Escola Municipal Marechal Deodoro da Fonseca, em Belo Horizonte, a palmatória já tinha sido abolida; só que ainda peguei um resquício dela: a orelha de burro
O que eu não lembrava era quanta magia há em ver a vida pelos olhos de um bebê. Quanta saudade eu tinha de ter um bebê em casa
Na crônica “Das vantagens de ser bobo”, Clarice Lispector diz algo que a velha paraguaia do poema de Manoel de Barros não teve olhos para enxergar: “O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem”
Quando adolescente, já fui arrastado por essa onda de alegria coletiva. Mas isso é explicável. Afinal, como disse Goethe, “a juventude é a embriaguez sem vinho”
Celmo é o cardiologista que disse que um médico é mais perigoso que um louco, pois, conforme ele, a gente corre do segundo e se entrega ao primeiro
Essa fuga da normalidade certamente é o poeta Manoel de Barros, num de seus maravilhosos poemas, fugindo da vala dos fracassados, conforme a definição junguiana sobre ser normal
“Eu não o vi chegar. Só o percebi quando ele colocou sua cabeça em meu colo e me olhou com um olhar de sofrimento, um olhar de pedido de socorro. Nunca me esquecerei desse dia”
“As araras são monogâmicas, assim podem se demorar no acasalamento, já o galo, que tem muitas galinhas para cuidar, não suportaria essa rotina”, disse Bariani Ortêncio
Depois de ser vítima de uma fala machista vinda do presidente do Atlético-GO, Adson Batista, a jornalista Nathália Freitas abandonou a coletiva. E não foi só isso. A repórter da TV Anhanguera e da Rádio CBN se posicionou, respondeu à altura e teve pulso firme. Desde que as imagens começaram a ser compartilhadas, eu só consegui pensar em uma coisa: a coragem da Nathália. Infelizmente, não foi o machismo do Adson, nem a nota (também machista) que ele emitiu que me assustaram. O que mais me impactou foi a coragem da Nathália.
Inteligente e profissional. Que vontade de ser um pouco Nathália. Quantas vezes eu congelei num ambiente machista, em uma crítica disfarçada de piada, em uma situação de assédio moral e sexual. Quantas vezes, em um ambiente de trabalho, eu menti quando foram machistas comigo, saí de perto porque simplesmente não tive coragem de me posicionar. Eu queria que eu e todas as mulheres tivéssemos a coragem da Nathália. E mulher, te admiro e te respeito ainda mais.
Fui lá no instagram dela deixar meu apoio e encontrei um feed lotado de ataques. A clássica imagem da mulher louca, vítima, cheia de mimimi. Até quando? O desejo é que a gente pare de se posicionar para só assim não sermos taxadas de loucas. Nos dominam, tiram nossa credibilidade, atrelam à loucura, ao exagero, à frescura e até mesmo à burrice ou à sexualidade. “Você achou ele bonitinho”…
Estamos em 2024 implorando por respeito. Ainda implorando por respeito. Os homens se respeitam, quase num código secreto. Ou num código claro, como na coletiva com a Nathália na qual ninguém, absolutamente ninguém teve coragem de defendê-la. Não que ela precisasse, vimos que não, mas por empatia. Entre os homens, a opinião é respeitada. Mas se há uma mulher no ambiente, as mesmas virtudes masculinas são questionadas levando em conta o gênero.
Só queria dizer que estou feliz por sua coragem. Porque assim você encoraja a gente. Triste pela situação, muito chateada pelo que ocorreu com você e ocorre (premeditadamente) todos os dias com nós mulheres. Mas cheia de orgulho que a gente, devagarinho, tá mudando tudo isso. Nos posicionando e exigindo respeito. Nem que seja por medo, eles precisam mudar. É urgente constranger os constrangedores.
Terminada a pequena viagem de trenzinho entre árvores e inúmeros outros brinquedos, peguei meu carro e fui para casa ruminando a alegria do passeio numa das veredas onde minha infância caminhou
Tem sido em vão todo o trabalho que tenho em minha casa para separar o material reciclável, pois a sua destinação é o aterro sanitário de Goiânia, visto que, em meu prédio, não há uma preocupação com o destino dos resíduos gerados pelos moradores
