Direto do Oriente Médio

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Adeus, Bibi

Foram muitos os estragos provocados pela coalizão de extrema-direita liderada por Benyamin Netanyahu

Recep Erdogan: a Turquia tem um sultão

Envolvido em casos de corrupção, presidente está colocando a discriminação contra as mulheres praticamente como uma política de Estado

A nova guerra santa e a batalha por Jerusalém

Onda de violência é mais perigosa e muito mais mortal do que o que vem ocorrendo em 66 anos na região

O direito de resistir

Humilhações e falta de perspectivas de um futuro melhor são a realidade dos palestinos há quase 50 anos

“Titica de galinha”

De tão tensa, relação entre o primeiro-ministro de Israel e o presidente norte-americano começa a cheirar mal

Malala levou , mas Edward Snowden também merecia um Nobel da Paz

Adolescente foi reconhecida pelo comitê norueguês também porque atua ativamente contra o governo de seu país

Jogo sujo da Turquia enfraquece a coalizão e deixa o Estado Islâmico ainda mais forte

Comportamento de Recep Taype Erdogan vem provocando desconforto entre os países mem­bros da Otan

As regras do novo Bin Laden

Cartilha de Abu Bakr al Baghdadi, chefe do Estado Islâmico, que avança sobre Iraque e Síria, proíbe aulas de história e ciências

A celebração da morte

Parece que as lideranças pa­lestinas e israelenses perpetuam o confronto porque é do inte­resse dos dois lados

Como o Estado Islâmico vai provocar o fim das fronteiras colonialistas e mudar o mapa da região

O nível de terror que o Isis vem fazendo parece ter saído das cartilhas dos nazistas, mas eles conseguem ser ainda piores [caption id="attachment_13463" align="alignright" width="620"]Grupo militante Estado Islâmico do  Iraque e do Levante disse ter estabelecido  um califado, ou Estado Islâmico, nas  áreas sob o seu controle no Iraque e na Síria | REUTERS/STRINGER Grupo militante Estado Islâmico do
Iraque e do Levante disse ter estabelecido
um califado, ou Estado Islâmico, nas
áreas sob o seu controle no Iraque e na Síria | REUTERS/STRINGER[/caption] Há dois meses, mais de 1 milhão de barris de petróleo cru foram entre­gues no porto de Ashkelon (o maior do país) no sul de Israel. Poderia ser apenas mais um entre centenas de navios petroleiros que aportam naquele ancoradouro quase que diariamente. Mas o que chamou atenção é que o navio carregava petróleo vindo da região dominada pelos curdos no Iraque. Há alguns fatores que compõe essa relação quase silenciosa: os curdos ignoraram o boicote imposto pela Liga Árabe contra Israel, logo depois da guerra de 1948 durante a criação do Estado judeu. Um acordo comercial com Israel marca um novo momento na luta do Curdistão por sua independência. Um desejo que surgiu no fim do século XIX, mas que nunca foi implantado devido à ameaça dos países vizinhos. As terras que os curdos dizem pertencer ao futuro Estado, hoje, são controladas pela Turquia, Irã, Síria e Iraque. Somente no Iraque eles conseguiram certa autonomia, que agora está ameaçada pelo Estado Islâmico, que usa o terrorismo para ampliar as áreas dominadas, inclusive a dos curdos. Os laços, quase invisíveis, que unem Israel e o povo curdo existem desde a década de 60 do século passado. Israel enxerga os curdos como muçulmanos seculares, que se recusam a viver sob doutrina de um Estado Islâmico. Mas apesar da simpatia que um tem pelo outro, seria ingenuidade pensar que curdos e israelenses colaboram entre si somente por amizade. Em março deste ano, o governo central do Iraque cortou todos os financiamentos que eram repassados para o governo da província curda. Por causa disso a arrecadação caiu pela metade. Até mesmo os Estados Unidos se recusaram a comprar o petróleo que vinha do Curdistão, com o intuito de apoiar o governo iraquiano e evitar ainda mais tensão na região que está prestes a “explodir”. O isolamento levou os curdos ao desespero. Eles precisavam de parceiros comerciais que pudessem comprar o seu petróleo. E foi em Israel que eles encontraram esse apoio. Oficialmente os curdos ne­gam qualquer tipo de relação econômica com Israel. Fazem isso como precaução já que o Estado judeu não é bem-vindo em quase todos os países árabes. Por outro lado, Israel fisgou o peixe certo, na hora certa. O governo da província curda precisava de um cliente e de dinheiro e Israel, de independência para poder comprar petróleo mais barato do que o que vem do Mé­xico, Rússia, Noruega e Caza­quis­­tão. E é justamente por isso que Israel apoia e advoga por um Estado Curdo independente. À pri­meira vista a relação pode até pa­­recer um casamento de aparências, mas se deixarmos de lado os mo­tivos, os laços entre curdos e is­raelenses nunca estiveram tão estreitos. A questão curda voltou à cena devido aos últimos acontecimentos na Síria e no Iraque, onde o grupo extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isis, na sigla em inglês) já tomou parte dos territórios dos dois países e proclamou a criação de um califado. Um fator fundamental que permitiu a rápida expansão dos militantes do Isis, foi a falta de fronteiras “naturais” estabelecidas entre os dois países, o que deu passagem livre para que o racismo messiânico, re­ligioso e ultranacionalista assolasse a região. As fronteiras colonialistas, artificialmente traçadas no fim da Primeira Guerra Mundial, os laços tribais naturais, que são tradição na região há milênios, tudo isso foi ignorado pelo Isis, que afirma estar apenas começando um processo de corrosão em todo Oriente Médio. A solução para a a­me­aça sunita radical teria que co­meçar pelo Iraque, é o que dizem estudiosos do assunto. O Iraque, se não quiser desaparecer do mapa, terá de pôr de lado as linhas traçadas por franceses e ingleses em 1918 e se dispor à criação de três novos Estados, cada um com sua própria identidade religiosa: um sunita, um xiita e um curdo. Talvez essa seja a única maneira de interromper a espiral de violência provocada pelo Isis, que aos poucos vai consumindo todo a região como ácido corrosivo. É escandaloso e terrível o que os sunitas radicais do Isis vem fazendo por aqui. O nível de terror implantado pelo grupo parece ter saído das cartilhas dos nazistas, mas eles conseguem ser ainda piores. Se não forem interrompidos, as linhas colonialistas e imaginárias traçadas há quase um século serão de fato reestabelecidas pelo grupo. O mapa do Oriente Médio vai ter de mudar se nações como a Síria, Iraque, Jordânia e até Israel quiserem continuar existindo. O “mundo sem fronteiras” que existe entre a Síria e o Iraque terá de ser cuidadosamente redesenhado. A nova cartografia da região verá o surgimento de novos Estados-nações. O Curdistão deveria ser o primeiro.

A ameaça terrorista e o novo Oriente Médio

Ha 2,8 mil anos o profeta Isaías narrou a tensão política e militar vivida por Israel: o perigo vem do Leste

Os terroristas agora querem governar o Iraque

Grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante provoca conflito que atinge os países do Oriente Médio

Um acordo que isolou Israel

País foi pego de surpresa com reconciliação entre Hamas e Fatah [caption id="attachment_6248" align="alignleft" width="620"]carta da europa.qxd Membros das facções Hamas e Fatah anunciam a reconciliação | Foto: Suhaib Salem/REUTERS[/caption] Depois de sete anos de rompimento, Hamas e Fatah, os dois maiores partidos palestinos, fizeram as pazes. Na semana passada, o novo governo de união nacional prestou juramento diante do presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah (partido que governa a Cisjordânia), Mahmoud Abbas. Para que a reconciliação acontecesse os dois partidos tiveram que ceder, mas dessa vez foi o Hamas (que governa a Faixa de Gaza) que teve de aceitar as condições do Fatah. Essa não é a primeira vez que o movimento islâmico é forçado a deixar de lado seus princípios para suceder um acordo. Já se passaram anos desde a primeira vez que eles tentaram reatar e, se dependesse de vários líderes do Hamas, o novo governo de união jamais aconteceria. Foi a situação de calamidade que se encontra o enclave palestino que levou os islamitas a baixarem a guarda. Tudo começou com a queda de presidente do Egito, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, que foi deposto por uma junta militar e colocou o grupo religioso, que é considerado a “mãe do Hamas” na clandestinidade. A partir daí as coisas ficaram difíceis em Gaza. O governo militar egípcio mandou fechar a passagem de Rafah, que fica na fronteira com a Faixa de Gaza (única saída para os palestinos que moram ali, já que a fronteira com Israel está fechada desde 2007, quando o grupo islamita tomou o poder e rompeu relações com o partido de Mah­moud Abbas). Os milhares de túneis que existiam entre Gaza e o Sinai, e por onde passava de tudo, desde pacotes de cigarros a mísseis, também foram destruídos, e o Hamas foi declarado inimigo público no Egito. A Arábia Saudita e os países do Golfo pressionaram o Catar, que também financiava o Hamas, para interromper as remessas de dinheiro. O grupo, que até o início da guerra civil da Síria possuía um escritório em Damasco e mantinha estreitas relações com Bashar al-Assad, virou as costas para o presidente sírio e debandou do país. Como resultado, tiveram o apoio que vinha do Irã (que ajuda Bashar na guerra contra seu próprio povo) retirado. Tantos tropeços levaram o Hamas à bancarrota, que ficou apenas com o apoio da Turquia. O isolamento levou os líderes do Hamas à conclusão que se quisessem sobreviver, não tinham opção senão a reeconciliação com o Fatah. As concessões que o Hamas teve de fazer não são apenas técnicas. Em maio de 2011, no Cairo, quando assinou um desses acordos de reconciliação, o grupo exigiu que eleições para o Conselho Nacional Palestino, o Parlamento e a Presidência es­tivessem no pacote, e que viessem em seguida ao acordo. Mas isso não aconteceu. Com a conciliação, o Hamas se comprometeu a estabelecer um governo tecnocrata e aceitou adiar as três eleições para um futuro próximo. Enquanto isso, a presidência continuará com Mahmoud Abbas. O presidente da Autoridade Palestina não morre de amores pelo movimento islamita, e um dos motivos que o levou ao pacto vem da pressão pública, tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza. Abbas temia entrar para a história como o presidente que perdeu o enclave (a única saída para o mar do Estado Palestino), principalmente depois que as negociações de paz com Israel falharam. O completo isolamento colocaria o Hamas numa situação ainda mais complicada. E o resultado de tudo isso saiu na semana que passou, com a formação do governo de união “tecnocrata”, que bem ou mal vai funcionar sob um acordo entre o Fatah e o Hamas.

A reação de Israel
Israel tentou de todas as maneiras boicotar o novo governo palestino. Mas, na última terça-feira, quando o acordo foi assinado, em apenas algumas horas as potências mundiais se alinharam e reconheceram a nova realidade palestina. Os primeiros a se manifestar a favor, para surpresa dos israelenses, foram os Estados Unidos. Na sequência a União Europeia também aprovou a reconciliação. França e Inglaterra logo manifestaram o apoio e, por fim, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, ratificou a união. Dias antes, o premiê de Israel, o ministro de Relações Exteriores e o das Finanças foram a público e afirmaram que a Índia e a China não estavam “nem aí” para os palestinos, e que só queriam mesmo a alta tecnologia de Israel. Durante a invasão russa à Cri­meia, na Ucrânia, o primeiro-ministro israelense, de certa forma, apoiou Vladimir Putin em sua incursão ao país vizinho. Mas nada disso foi suficiente para impedir que os governos de Moscou, Pequim e Nova Déli apoiassem, com afinco, a nova administração palestina. Os Estados Unidos e a União Eu­ropeia pelo menos colocaram condições ao aprovarem a união, como reconhecer o direito de existência de Israel, já a China, a Índia e os russos não impuseram absolutamente nada. O destaque dessa disputa é sem dúvida o embate entre dois quase “ex-aliados”: Israel e Estados Unidos. Só que até isso já virou rotina. Desde que Barack Obama assumiu a presidência americana, ele e Benyamin Netanyahu apenas se suportam. Às vezes, nem isso. Enquanto a mídia mundial estava voltada para a libertação do soldado americano Bowe Bergdahl, que ficou cinco anos em cativeiro sob a mira do Talibã no Afeganistão, o acordo entre Hamas e Fatah acabou ficando em segundo plano, e muitos passaram a se perguntar se realmente havia alguma crise, já que ninguém estava prestando atenção. A reação do gabinete israelense ao apoio do governo americano à união palestina foi muito parecida quando as potências mundiais anunciaram que iriam negociar com o Irã há alguns meses. O primeiro-ministro de Israel disse que estava “profundamente preocupado”. O enviado do governo israelense aos Estados Unidos destacou em sua página numa rede social que “estava decepcionado”, a comunidade judaica em todo mundo também desaprovou o apoio de Obama, e certamente parte do Congresso americano, principalmente os republicanos, tentam impedir através da lei que isso aconteça. A verdade é que o estabelecimento do governo de união na­cional palestino pegou Netanyahu de surpresa. Não houve tempo para planos estratégicos ou alternativas diplomáticas. A reação mundial serviu de alerta para o premiê israelense. A sirene que anuncia o isolamento internacional de Israel foi acionada. As relações do Estado judeu com o mundo estão se deteriorando rapidamente. Uma iniciativa de paz proposta por Israel nunca foi tão necessária.

Amoral

Quatro crianças palestinas são detidas na Cisjordânia por tropas israelenses por comerem cerejas. Entregues à polícia, as autoridades justificam a ação porque receberam uma queixa de roubo

Um homem modesto

Os manuscritos originais da última entrevista de Albert Einstein, corrigidos por ele mesmo, revelam que ele acreditava no sucesso do Estado de Israel apesar dos problemas, e que detestava ser elogiado