Imprensa
Intelectuais, notadamente de esquerda, tendem a avaliar que o narrador esportivo Galvão Bueno, da TV Globo, é meio bocó. Seria o primeiro beócio a faturar bem mais do que 1 milhão de reais por mês (ganha mais do que William Bonner e só perde para Faustão Silva).
Na verdade, o rei das copas e da Fórmula 1 não deixa ninguém indiferente — é amado e odiado na mesma proporção. O jornalista Ingo Ostrovsky lança, com apoio do próprio Galvão Bueno, o livro “Fala, Galvão” (Globo Livros, 312 páginas). É um misto de biografia e autobiografia. Portanto, é um relato “oficial” — não é uma biografia isenta.
A primeira e a segunda parte da obra registram a experiência bem-sucedida de Galvão Bueno como narrador de jogos de futebol e corridas de Fórmula 1.
A terceira parte resgata, se existe, o “jeito Galvão Bueno de ser”. Rico, é um bon vivant e ex-mulherengo.
"Um Safado em Dublin” (L&PM, 335 páginas, tradução de Mário Mascherpe), de J. P. Donleavy, saiu sem alarde no Brasil. Mas é um romance do balacobaco. Pense num James Joyce menor, mais boca suja e elétrico. Leitores de estômago e cérebro frágeis devem evitá-lo. Porém, se querem ler um romance vivaz, divertido e até delicioso, não podem passar ao largo.
James Patrick Donleavy nasceu nos Estados Unidos, em 1926. Filho de irlandeses, naturalizou-se irlandês em 1967. Estudou ciências no Trinity Coller, em Dublin. “Um Safado em Dublin” (“The Ginger Man”) foi publicado em 1955 — há 60 anos — e se tornou um romance cult. Donleavy é autor de romances, peças teatrais e contos.
V. S. Naipaul, Nobel de Literatura e mais poderoso “velhiceticista” em atividade, escreveu sobre J. P. Donleavy: “Divertido, indecente e delicioso. É um dos desses livros magníficos desde a primeira linha. ‘Um Safado em Dublin’ permanece célebre há meio século e sua fama continua crescendo”.
O médico e historiador Ademir Hamu lança em setembro o segundo volume do livro “De Goyaz a Goiás — Biografias de Vilaboenses”, como Leolídio Caiado, Pedro Ludovico, Domingos Vellasco, Edla Pacheco, Maria Luíza Póvoa e, entre outros, Alberto Berquó. São 25 biografias. A principal descoberta de Ademir Hamu é a certidão de nascimento do escritor Hugo de Carvalho Ramos — um dos pais literários tanto de Guimarães Rosa quanto de Bernardo Élis. Na certidão o nome que aparece é Hugo Juvenal Ramos. O documento foi descoberto pelo pesquisador infatigável na Cidade de Goiás.
A Band demitiu sete jornalistas do programa “Café com Jornal”. A apresentadora Aline Midlej será aproveitada no núcleo de telejornalismo da rede. O blog Na Telinha, do UOL, informa que a equipe do “Café com Jornal” ficará com apenas 15% dos jornalistas. Noutras palavras, o programa jornalístico será quase extinto. No Rio de Janeiro, a Band extinguiu “Os Donos da Bola RJ”, “Jogo Aberto RJ” e “Brasil Urgente RJ”. Os programas eram apresentados, respectivamente, por Larissa Erthal, Sandro Gama e Fábio Barreto. A Band rescindiu o contrato com Luiz Bacci, que foi para a TV Record, e cancelou o “Agora é Tarde”. A rede dirigida pela família Saad deve demitir, ao todo, 200 profissionais em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Presidente Prudente e Campinas. É o passaralho.
João Bosco Rabello deixou o “Estadão”. O repórter, que assinava a coluna “Direto de Brasília”, trabalhava no jornal há quase 40 anos. Em 2013, João Bosco havia sido substituído por Marcelo Moraes na direção da sucursal de Brasília, ficando como colunista. Ele trabalhou no “Correio Braziliense”, em “O Globo” e no “Jornal do Brasil”.
[gallery columns="2" size="medium" ids="32296,32297"] O “Pop” demitiu quatro jornalistas — João Carlos de Faria, Karla Jaime, Rosângela Chaves e Wanderley de Faria — na quinta-feira, 2. Novas demissões estão previstas para esta semana. O Grupo Jaime Câmara alegou contenção de despesas, considerando que o mercado anunciante, notadamente o governo de Goiás, reduziu seus investimentos. Avaliando que o jornal está ficando para trás, em termos de audiência e prestígio, a cúpula do Grupo Jaime Câmara planeja reformular o jornal — tornando-o mais forte regionalmente, mas buscando se tornar, o que nunca foi, um jornal nacional, o que é possível com a internet. A cúpula do jornal pretende trabalhar com uma equipe mais compacta, porém com maior produtividade. O “Pop” não consegue, por exemplo, vender reportagens para outros jornais e, mesmo assim, compra material de várias agências — às vezes de má qualidade e referente a temas que circulam na internet durante todo o dia, e gratuitamente. Porque o “Pop” paga pelo chamado “lixão” é um mistério. Um dos problemas do “Pop” é que seus diretores e editores parecem não ter entendido o impacto da internet no jornalismo. O jornal chega “velho” às mãos de seus leitores já de manhã. A sensação mais frequente, ao se ler o “Pop”, mesmo às 6h30, é que suas notícias foram todas, ou quase todas, lidas na internet ou vistas nos telejornais no dia anterior. O jornalismo puramente declaratório, que não explica-analisa os fatos para os leitores, morre minutos depois de “nascer”. O “Pop” é assim: está “nascendo” morto. Não basta demitir equipes que se tornaram supostamente “velhas” e incapazes de se renovarem. É preciso investir em mudanças reais no jornalismo, adaptando-o aos tempos rápidos da internet, e incorporando uma pitada mais analítica dos fatos.
Demóstenes Torres, que já processou o “Diário da Manhã”, pôs o jornal no circuito nacional com o polêmico artigo “Ronaldo Caiado: uma voz à procura de um cérebro”. Os principais jornais do país, como “Folha de S. Paulo”, “O Globo” e “O Estado de S. Paulo, e a revista de maior circulação, a “Veja”, mencionaram o texto do ex-senador.
Várias pessoas perguntam o que está por trás do artigo-vingador? Demóstenes Torres disse ao Jornal Opção que ninguém sugeriu que escrevesse o artigo. O que o moveu a publicá-lo foi uma nota, que saiu na “Veja”, na qual o senador Ronaldo Caiado diz que ele o havia decepcionado, além de apontá-lo como “traidor”.
A “Veja” é a publicação patropi com a qual o ex-senador mantém, ou mantinha, relações mais estreitas — como fonte privilegiada. A crítica do presidente do DEM em Goiás, se publicada noutro veículo, possivelmente não teria irritado tanto Demóstenes Torres.
Especulou-se no mercado persa da política e do jornalismo que o artigo não teria sido escrito por Demóstenes Torres. Uns sugeriam que um repórter do “Diário da Manhã” seria o autor. Outros diziam que um ex-editor do mesmo jornal seria o ghost-writer. Nada disso é verdade.
O artigo saiu do cérebro e dos dedos do ex-senador do DEM. Suas impressões digitais-intelectuais estão todas lá — como a citação de Fouché, Maurice Druon (“O Menino do Dedo Verde”, mencionado de maneira irônica), Shakespeare, Carlos Lacerda, Zelig (personagem de Woody Allen). Jornalistas que entrevistaram Demóstenes Torres mais de uma vez sabem que a frase “uma voz à procura de um cérebro” é típica de seu repertório.
(Na foto acima, Maurice Druon.)
A direção de “Pop” demitiu na quinta-feira, 2, dois editores de fechamento, Karla Jaime e Wanderley de Faria; a editora do caderno “Magazine”, Rosângela Chaves, e João Carlos de Faria.
[caption id="attachment_32090" align="alignnone" width="620"]
Os editores de fechamento, Karla Jaime (esquerda) e Wanderley de Faria, e a editora do caderno “Magazine”, Rosângela Chaves[/caption]
O vice-presidente Maurício Duarte deve anunciar novas demissões na segunda-feira, 6.
A redação comenta que consultores espanhóis vão promover grandes mudanças na redação. Em tempo de internet, o “Pop” continua com feições de jornal de província e a diretoria pretende torná-lo mais nacional e cosmopolita.
O cineasta português Manoel de Oliveira morreu na quinta-feira, 2, aos 106 anos, na cidade do Porto, em Portugal. Era o mais longevo diretor da história da chamada sétima arte.
Manoel de Oliveira era cineasta desde 1927 e, mesmo com 106 anos e doente, continuava interessado em filmar e articulando novos projetos. Era um dínamo.
Sua estreia como diretor se deu com o documentário “O Pintor e a Cidade”. Ele tinha 23 anos.
Com 32 longas-metragens no currículo, Manoel de Oliveira era o mais respeitado diretor de cinema de Portugal e dos mais importantes da Europa. Era uma referência em termos de quantidade e, sobretudo, de qualidade cinematográfica. Ele tinha um grande conhecimento literário e, por isso, adaptava muito bem filmes baseados em textos de escritores. “O Velho do Restelo”, seu último filme, de 2014, é baseado no poema “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, o mais importante poeta português, ao lado de Fernando Pessoa.
Entrevistado pelo jornal português “Diário de Notícias”, o cineasta disse que a morte não o amedrontada. “Do sofrimento, sim, a morte não”, frisou Manoel de Oliveira, sugerindo que não tinha medo da morte. “E agora, pensando melhor, realmente, quando se morre, solta-se o espírito. O espírito é como o ar que sai. E o espírito sai e junta-se. Ao sair, perde a personalidade, onde está o bem e todo o mal, liberta-se desse bem e mal e junta-se ao absoluto, que é a configuração do espírito, o absoluto. É Deus”, acrescentou.
Uma das características de Manoel de Oliveira era sua capacidade de produzir, e com qualidade. Em 1985, pelo filme “O Sapato de Cetim”, ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza. Em Cannes, com o filme “A Carta”, levou o prêmio do júri.
Manoel de Oliveira, um artista múltiplo, trabalhou como ator nos filmes “Fátima Milagrosa”, “A Canção de Lisboa”, “Conversa Acabada”, “Cinématon #102” e “Lisbon Story” (de Wim Wenders).
Alguns filmes de Manoel de Oliveira
“Aniki Bóbó”(1942). A obra-prima do cineasta é baseada no congtro “Os Meninos Milionários”, de João Rodrigues de Freitas (1908 -1976).
“Benilde ou A Virgem Mãe” (1975). Baseado numa peça de teatro de teatro de José Régio.
“Non, ou a Vã Glória de Mandar” (1990). É um filme épico.
“Vale Abraão” (1993). É tido como um de seus filmes delicados e belos.
“O Convento” (1995). As estrelas são Com Catherine Deneuve e John Malkovich. Inspirado (sem rigidez) em “Fausto”, de Goethe.
“Um Filme Falado” (2003). Catherine Deneuve e John Malkovich são os protagonistas.
“Belle Toujours” (2006). Baseado em “A Bela da Tarde”, de Luis Buñuel.
“Singularidades de uma Rapariga Loura” (2009). Baseado num conto de Eça de Queiroz.
“O Estranho Caso de Angélica” (2010).
“O Velho do Restelo” (2014). Baseado em Camões.
Os espíritos de W. B. Yeats e James Joyce se encontram, em Dublin, e, depois de falarem de poesia e prosa, avaliam que Colm Tóibín e John Banville são escritores acima da média, mas não escreveram um romance superior a “Ulysses”. Yeats e Joyce, que apreciava boxe — a sétima arte —, concluíram, depois de muito discutir se Henry James e T. S. Eliot eram ingleses nascidos nos Estados Unidos, que Muhammad Ali ganhou de George Foreman, dono da maior pegada da história do boxe, no Zaire, em 1974, não porque fosse muito melhor, e sim porque era mais inteligente. Ali começou a ganhar a “batalha” — contada por Norman Mailer no delicioso livro “A Luta” — fora do ringue. Todos os dias, de maneira infalível, dizia à imprensa e às pessoas que derrotaria Foreman, que este era galinha morta. Foreman ouvia e não conseguia absorver as críticas. Quando subiu ao ringue, estava quase derrotado, moralmente abatido, sem graça. Não lutou mal, mas estava irreconhecível, quase um zumbi, ou um autômato. A “abelhinha” Ali, mais frágil, porém mais ágil, “picava” e saía. Chegou a ser acossado, mas a famosa pegada de Foreman parecia habitante de Marte. Foreman-Golias acabou nocauteado, de maneira vexatória, por Ali-Davi.
Depois de examinarem a luta de Ali e Foreman, que os dublinenses mais sábios chamam de o massacre da serra elétrica, Yeats e Joyce consultaram Rhoodes Lima — o nome não poderia ser mais adequado para um narrador de lutas de MMA — e concluíram, obedecendo à lógica implacável do brasileiro, que o “psicológico” é decisivo no octógono. Sigmund Schlomo Freud, morto em 1939 mas assombrando a todos, por vias do inconsciente coletivo e dos sonhos, não entende direito o que Roodes Lima — o nome, insistimos, é um colosso — quer dizer com “psicológico”. Porém, os sábios que assistem as lutas de artes marciais mistas (o curioso é que, com alguns gladiadores, não há MMA, e sim boxe, ou jiu-jítsu. Há lutas unidimensionais) entendem o que narrador diz ou quer dizer. O que é psicológico? Bem, o psicológico é o psicológico. O que isto quer dizer mesmo? Nada e, ao mesmo tempo, tudo. Traduzindo, pois Roodes Lima é quase um Joyce do MMA, o que se quer dizer mesmo? Simples: que um sujeito entrou com a cabeçorra (e aquelas orelhas quase de Shrek) mais leve e focada do que seu adversário. Há, de fato, lutadores que entram no octógono quase derrotados. Uns entram vitoriosos e, assim, saem mesmo vitoriosos. Júnior Cigano, quando luta com Cain Velasquez, entra derrotado e sai massacrado. Quanto mais tem medo de apanhar, dada a fragilidade de seu “psicológico”, mais apanha.
Com tanta conversa atravessada, Yeats não sabe mais sobre o que estava conversando com Joyce. Seria sobre o “sim” de Molly Bloom — que dava mole? — ou a respeito dos chifres de Leopold Bloom? Não. A enrolação toda tem a ver com a luta do brasileiro José Aldo, espécie de Ulisses homérico, contra o irlandês Conor McGregor, um Stephen Dedalus do octógono, tão beberrão, quem sabe, quanto Joyce (ou pai deste), mas que se veste, oh!, como Oscar Wilde (aquele que beijou Walt Whitman na boca). É um dândi de língua grande.
O que pretende Conor McGregor ao se portar e ao se postar como vencedor antes da luta? A explicação, se há, é prosaica: o jovem impetuoso deve ter lido “A Luta”, o livraço de Norman Mailer, e se considera o Ali branco da Irlanda. McGregor, que prefere esperar Godot a Janot, nada tem de beócio. É inteligente e esperto. Talvez até espertíssimo. Ele está tentando, com o “sistema psicológico” de Ali, diria o indefectível Rhoodes Lima, derrotar o patropi José Aldo antes mesmo da luta. Criar um “clima” de já ganhei. Yeats avalia que é assim mesmo: luta-se com as armas disponíveis. E, como Joyce sugere em “Finnegans Wake”, a língua é a arma mais letal da história.
Porém, Hemingway, que não estava na história, mas foi chamado às pressas para dotar este texto surrealista de mais contenção, disse (quase clamando) para Yeats e Joyce: “Amigos, como sugerem o Rhoodes Lima e o craquíssimo Luciano Andrade, o Wilson Baldini ou o Eduardo Ohata do MMA, José Aldo não é galinha morta e suas declarações são verdadeiros torpedos”. O autor de “Por Quem os Sinos Dobram” tem razão: José Aldo, pós-joyciano, pôs banca e, leitor, em Dublin, a cidade de Joyce, Samuca Beckett e McGregor, cantou de galo, como James, o Joyce, se avaliava como cantor, até de algum mérito.
Não posso mentir. Ao ler, talvez no Universo Online, o tedioso UOL (um texto sobre MMA mais parece literatura de José Mauro de Vasconcelos — simplória mas atraente), que José Aldo havia se intitulado “rei de Dublin”, e exatamente em Dublin, ri (só não gargalhei porque lembrei-me de Simão Bacamarte e corei) e passei a vê-lo como bandeirante. McGregor estava provocando e saiu sem lã, pois José Aldo, o Ulisses tropical, disse, com palavras literárias, lembrando Shakespeare: “Não me afeta em nada [as palhaçadas calculistas de McGregor]. Isso não é nada para mim. Não é nada! Eu sou o campeão! Você não é nada [olhando para McGregor]! Eu cheguei aqui, sou o rei, cheguei e trouxe o sol para esta cidade! Trouxe o sol para vocês sorrirem!”. Confesso, Rayana Caetano, Candice Marques, Frederico Jayme, Rafael Theodor Teodoro, Ricardinho Tavares, que ouvi uma voz de barítono, aparentemente a de Yeats, dizendo: “Um poeta como José Aldo já começa ganhando”. Pô, um cara que chega e leva o sol, para iluminar a Dublin de Joyce, acaba de reescrever “O Retrato do Artista Quando Jovem”. McGregor, que começava a derrotar José Aldo longe do octógono, afetando seu “psicológico” — perdoe o Rhoodes Lima e o Luciano Andrade, mr. Freud —, desesperou-se.
Um irlandês desesperado em Dublin é, de certa maneira, um personagem de “Ulysses” (ou um personagem de Oscar Wilde, talvez “Dorian Gray”), perdido nas ruas ou no (ou fora do) octógono. McGregor, deixando de ser um personagem de Joyce para se tornar um personagem do delicioso e sujo romance “Um Safado em Dublin”, de J. P. Donleavy (um Joyce com a boca um pouco mais suja, com uma linguagem ágil, filha do criador de “Dublinenses”), decidiu tomar à força o cinturão de José Aldo. O UOL, meio patrioteiro — e, admito, até gostei da patriotada, pois estou torcendo por José Aldo e apreciando o jogo circense armado pelo habilíssimo Dana White, um personagem de Charles Dickens perdido nos Estados Unidos, como se fosse um personagem da americana Donna “Dickens” Tartt, a de “O Pintassilgo” —, publicou que McGregor “roubou” o cinturão do brasileirinho feio mas charmoso.
O’Keefe, personagem de “Um Safado em Dublin” — ou “The Ginger Man” —, na página 40, é explícito: “É disso que eu gosto a respeito da Irlanda, tão aberta no que diz respeito a ódios”. Mas o ódio de McGregor é circense, é show, é espetáculo. É marketing. Calculando que José Aldo não iria reagir — suas palavras foram cortantes (levar o sol para Dublin, Deus!, Joyce não faria melhor; talvez Yeats, poeta dos melhores) —, McGregor disse, ou melhor, gritou: “Ele não vai fazer nada, assim como hoje não fez nada. Ele disse que faria alguma coisa (se eu o tocasse), e não fez nada!” Entretanto, noutra provocação inteligente, e na terra de Joyce, um escroque de gênio, José Aldo torpedeou: “Foi tranquilo, já esperava [o clima hostil], principalmente pelo fato de eles não terem ídolo, não terem nada. Não foi nada, isso não é nada! Nunca vai ser nada. Não senti nada, o máximo que ele pode fazer é isso, porque na próxima vez que estivermos frente a frente, vou bater muito na cara dele”. Desconcertante. Não aprecio a palavra fã, que é meio bocó, mas não há como não admirar as palavras de José Aldo — o Oswald de Andrade do MMA.
Pô, fico criticando o UOL, com seus textos tediosos, e acabei fazendo um texto longo, xaropesco, sobre José Aldo, espécie de Macunaíma às avessas e o primeiro adepto da antropofagia do MMA. Ele “devorou” a Irlanda e, junto, McGregor. Joyce comentou com Yeats: “Putisgrila, poeta, quem diria: um brasileiro, que nem é leitor de Guimarães Rosa, aquele que escreveu o ‘Ulysses’ dos trópicos, acabou canibalizando um irlandês”. O MMA levou a Semana de Arte Moderna para Dublin.
Joyce está “certo”. McGregor perdeu o primeiro round. Até agora, José Aldo não parece nada abalado. Mas o irlandês deve ter ficado assustado com sua verve. Eu, que me assusto com Joyce e Beckett, quase sempre, fiquei estupefato com o verbo quente do lutador brasileiro. Seu “psicológico” — para citar mais uma vez a fera Rhoodes Lima e a bela Kyra Gracie Guimarães — está em ordem. Eu, claro, já estou colocando meu protetor bucal e pondo minhas luvas. À espera dos próximos quatro rounds. Evoé!
O artigo-tirambaço “Ronaldo Caiado: uma voz à procura de um cérebro”, do ex-senador Demóstenes Torres, ex-DEM, é muito bem formulado e, detalhe, foi escrito por ele mesmo, que tem cultura e não precisa de ghost-writer. O ex-primeiro-amigo do senador Ronaldo Caiado cita Fouché, Shakespeare, Carlos Lacerda, “O Menino do Dedo Verde” (livro de Maurice Druon), Zelig (o filme de Woody Allen). Num texto de uma página, com as ideias articuladas com lógica e estocadas ferinas, só encontrei um erro: “O jornal ‘Diário da Manhã’ de Goiânia, publicou uma matéria”. Não há vírgula entre “Goiânia” e “publicou”. No caso, não se deve separar o sujeito do verbo, da ação.
O livro é organizado pela professora Ana Maria Freitas, do Instituto de Estudos sobre o Modernismo, da Universidade Nova de Lisboa
As crianças sofrem e, ao mesmo tempo, divertem-se com a guerra. Muitas vezes nem entendem direito o que está acontecendo — aliás, como parte dos adultos. Porque algumas guerras não têm lógica e, deste modo, sentido. Louis Malle, com “Adeus, Meninos”, e John Boorman, com “Esperança e Glória”, mostraram, com rara felicidade, como meninos percebem o horror e, também, um certo esplendor da guerra — que tira todos da rotina e do conforto mínimo. Lembrei-me dos cineastas ao ver a fotografia de Adi Hudea (apresentado pela “Folha de S. Paulo” como menino e pelo G1 como menina), de 4 anos. Em 2012, quando o repórter-fotográfico turco Osmar Sagirli levantou a câmera para fotografá-lo, imediatamente a criança levantou os braços — em sinal de rendição —, com os lábios comprimidos e um olhar assustado (os olhos arregalados são perscrutadores e vigilantes), pois acreditava que se tratava de uma arma. Parece que não teve coragem nem mesmo de chorar.
O pai de Adi Hudea havia sido morto na guerra da Síria — entre governo, rebeldes e Estado Islâmico —, que já matou cerca de 250 mil pessoas.
A fotografia é de 2012, mas só agora se tornou “viral”, ao ser postada no Twitter pela repórter-fotográfica Nadia AbuShaban.
O que uma fotografia pode dizer? Sempre muito. Por exemplo, sobre a falta de civilidade entre os homens modernos. Pode dizer que, na luta pelo poder, as principais vítimas são inocentes — como crianças, que muitas vezes perdem a infância, quando não a vida. Por fim, o gesto de Adi Hudea, que confundiu uma máquina fotográfica com uma arma, e sobretudo seu rosto, triste, amedrontado e inocente, parecem dizer ao mundo que é preciso trabalhar pela paz — em todos os lugares. O olhar da criança é, de alguma forma, um clamor “silencioso”, um “grito” sobre a impotência dos que nada podem fazer — exceto temer inclusive uma simples máquina fotográfica.
Trecho de poema de John Donne
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."
![]() |
| Montagem e texto de Felipe Moura Brasil |
![]() |
| postado por Nando Nasc |
Alexey Dodsworth Magnavita Não, Ion, não há. Faz bem em orientar seu professor. Ele anda precisando.
31.
Prestem atenção e digam se não está aí insinuada, com clareza bastante, uma fraude editorial: "E' facil ser mais vendido quando o livro ja nasce com a proposta encomendada de ser best seller e e' comprado aos montes pela mesma elite maluca que sustenta o autor." Quem é "essa mesma elite maluca que sustenta o autor" senão o editor que paga a publicação do livro? Meus alunos é que não podem ser. Agora o sujeitinho mente, dizendo que não insinuou fraude editorial nenhuma, e diz que estou ameaçando processá-lo só para não ter de debater com ele. De fato, não fiz ameaça. Justamente ao contrário: pedi que ele limpasse o aspecto criminal da coisa para que pudéssemos, então, debater. Como bom histérico, ele interpreta a oportunidade como uma ameaça, e já me atribui intenções que nunca tive nem poderia ter. Com toda a evidência, o rapaz sofre de "delírio de interpretação". Nunca ameacei processá-lo: disse apenas que, se ele não me apresentasse desculpas formais, não haveria debate. Insisto neste ponto: assine a declaração que lhe passei, ou desista do debate. Não vou me rebaixar ao ponto de aceitar como interlocutor respeitável um caluniador barato.
Alexey Dodsworth Magnavita Opa, eu sou histérico? Você é psicanalista, psiquiatra, pra dizer que eu sou histérico? Cuidado, você está criando um precedente criminal para que eu te processe Numa boa? Vá dormir, Olavo. Já te perturbei demais, você já está até distorcendo o que eu disse. Eu NUNCA disse que você ou seu editor praticaram "fraude editorial", NUNCA sequer citei seu editor. MOSTRE que eu disse isso objetivamente, ou exponha a si mesmo como um distorcedor barato.
Alexey Dodsworth Magnavita Uma pessoa que passa a vida difamando os outros vem aqui posar de "respeitador da lei"? Faz-me rir, Olavo. Tenho textos longuíssimos de você difamando todo o cosmo. Você não é ninguém pra dar lição de moral. Então tá, não vai rolar debate. Au revoir e boa sorte.
Felipe Moura Brasil Se é uma "proposta ENCOMENDADA de ser best seller" da maneira como Alexey fala, também é evidente que há a insinuação do envolvimento do editor e do meu, como organizador. Mas insinuar fraudes e/ou fraudar as palavras alheias e depois posar de vítima parece ser procedimento natural para ele. Reparem no que escreveu: "(...) Capítulo sobre gays: diz o autor que sexo anal causa câncer no ânus e sexo oral causa câncer na garganta. À parte essa distorção científica bizarra, me espanta a preocupação dele com o câncer. (...)" A distorção aí é de Alexey. O que Olavo escreveu no livro foi: "O sexo anal PODE DAR câncer no reto; o oral, câncer na garganta." Olavo escreve PODE DAR (e em seguida fala até de "riscos" etc.). Alexey diz que Olavo escreve CAUSA. Gente como Alexey não cita o Olavo entre aspas porque precisa distorcer suas palavras para acusá-lo em seguida de distorção. É a máxima leninista seguida pela enésima vez: "Xingue-os do que você é; acuse-os do que você faz." Ele deveria pedir desculpas por isso também.
32.
FIM DO EPISÓDIO MAGNAVITA:
Magnavita: "Uma pessoa que passa a vida difamando os outros vem aqui posar de 'respeitador da lei'? Faz-me rir, Olavo. Tenho textos longuíssimos de você difamando todo o cosmo. Você não é ninguém pra dar lição de moral. Então tá, não vai rolar debate. Au revoir e boa sorte."
Obs.: Em mais de quarenta anos de jornalismo, NUNCA fui processado por difamação. NUNCA. Só no tribunal cerebral desse bostinha é que fui condenado por esse crime. E ele não percebe que, com isso, acaba de cometer um segundo crime. Aproveitando, pula fora do debate e ainda se faz de valente. Magnavita, para mim você acabou. Entrou na privada, puxou a descarga e não ouviremos mais falar de você. Vá puxar o saco do Lula e ver se com isso sobrevive mais um pouco. A merda atrai a merda na razão direta das massas e na razão inversa da vergonha na cara.
33.
Alexey está bloqueado. Não ouviremos mais falar dele. Ele que fique fofocando a meu respeito com outros cocôs no fundo do esgoto e se achando lindo.
34.
Encerrado o caso Magnavita, volto ao que interessa:
Prezado sr. Renato Janine, repito o convite para que o senhor me proponha um tema filosófico ou político para debate; e, como o senhor parece sentir que num confronto de um contra um eu estou com superioridade numérica, autorizo-o desde já a usar o sr. Magnavita como seu "ghost writer".
35.
Análise perfeita do Luis Pereira:
"E' facil ser mais vendido quando o livro ja nasce com a proposta encomendada de ser best seller e e' comprado aos montes pela mesma elite maluca que sustenta o autor."
O texto diz que: O livro já nasceu com proposta ENCOMENDADA de ser best seller e que é comprado aos montes por uma elite maluca que sustenta o autor. O que é dito se trata de óbvia difamação... por um motivo simples: Falar que o livro já nasceu com o best seller encomendado e que ele é comprado por uma elite já é difamação, pois de forma ofensiva a imagem do professor diz que em conluio com uma elite qualquer, ele combinou uma forma de se tornar um best seller não pelas vias honestas. Uma elite só pode ser formada por poucos, e poucos comprando um livro para si mesmo não fazem um livro best seller. Ou seja, essa elite teria que comprar milhares de livros para torna-lo best seller. A segunda difamação é falar que o Professor é sustentado por uma Elite, o que é ofensivo por si só, já que o professor é sustentado pelo seu próprio trabalho como professor, escritor e jornalista e não por dinheiro dado por elite alguma.
*********
Nota do Org.: Garanta já 'O mínimo que você precisa saber para não ser um Caetano Veloso, nem um Renato Janine Ribeiro, nem um Alexey Dodsworth Magnavita, nem um Paulo Ghiraldelli'. E lembre-se: se for levar cem exemplares, faça a caridade de dar-lhes alguns.
[Do Mídia Sem Máscara, de 2013]O governo de Goiás publicou oito páginas pagas na edição da revista “IstoÉ” desta semana. O título do material é “A revolução de Goiás”. “Índices educacionais invejáveis e foco na qualificação profissional aceleram crescimento econômico do Estado que virou sinônimo de desenvolvimento”, afirma o texto.







