Bastidores
O peemedebista-chefe quer e trabalha para ser candidato a prefeito da capital. Mas a radicalização de Agenor Mariano sugere que é uma de suas opções

Numa gravação, o deputado do PMDB afirma que já pensou em pagar para matar César da PC e que é amigo do ex-cartorário Maurício Sampaio

No Congresso Nacional do PMDB, na presença de Michel Temer e Renan Calheiros, Agenor Mariano faz ataques viscerais ao PT
Grupo incentiva advogados militantes a se inscreverem em cursos da ESA, mas boicotarem as aulas
O promotor nunca prestigiou a associação, nem é cooperado de seu plano de saúde. Estaria de olho na disputa de senador em 2018?
O empresário do setor de combustíveis está subestimando o potencial político-eleitoral de Franco Martins
Marcos Bernardes, ex-secretário da Indústria e Comércio da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, também está entre os agraciados

[caption id="attachment_51626" align="alignleft" width="620"] Adriana Accorsi, Edward Madureira, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno: políticos consistentes, decentes, mas contaminados pela crise do PT[/caption]
Com certa malícia, os brasileiros costumam sugerir que a sigla do Partido dos Trabalhadores mudou: não seria mais PT, e sim PC. Partido Comunista? Nada disso. Partido da Corrupção. As generalizações são redutoras, é certo, e há políticos respeitáveis no partido que surgiu, na década de 1980, como símbolo da ética. O fato é que os eleitores estão generalizando e pesquisas mostram que o PT deve sofrer, na eleição de 2016, uma das maiores derrotas de sua história. Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad, embora não seja venal, tem um desgaste que só em parte é dele. O PT o “queimou” e, por isso, dificilmente será reeleito.
Cientistas políticos e marqueteiros avaliam que a derrota petista será acachapante e uma prévia do que provavelmente acontecerá em 2018. Os mais radicais chegam a sugerir que pelo menos 80% dos candidatos a prefeito devem perder as eleições. Analistas moderados falam num percentual entre 20 e 50%. O partido vai virar pó.
O PT goiano não foi atingido diretamente pela corrupção do partido em nível nacional. Um dos motivos é que há uma tradição ética arraigada no petismo do Estado. Outra razão é que os petistas goianos — excetuando Delúbio Soares, que se envolveu no mensalão — nunca teviram voz ativa na cúpula nacional. Sempre ficaram em segundo plano. Mesmo assim, serão atingidos eleitoralmente.
Em Goiânia, maior reduto petista em Goiás, o PT elegeu três prefeitos: Darci Accorsi, Pedro Wilson e Paulo Garcia. Este passou por maus momentos, sobretudo porque Iris Rezende deixou uma prefeitura com dívidas altas, mas está recuperando sua imagem como gestor. O partido tem quatro pré-candidatos consistentes e todos com imagem positiva: os deputados estaduais Adriana Accorsi, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno e o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira.
Os mais cotados dos quatro são Adriana Accorsi e Luis Cesar, que contam com a simpatia pessoal de Paulo Garcia. Os dois e Humberto Aidar são profundamente identificados com o partido. São históricos, por assim dizer. Os três não estão envolvidos nas falcatruas do PT nacional, mas, por serem históricos, acabam contaminados. Numa campanha, perderão tempo explicando o que, a rigor, não podem nem têm como explicar: as corrupções das quais não partilharam. Suplente de deputado federal, Edward Madureira, político decente, é um outsider — não um insider no PT. Filiou-se ao partido em 2014 para disputar mandato de deputado federal. Foi bem votado, mas não se elegeu, em larga medida por falta de recursos financeiros.
Em Anápolis, o prefeito João Gomes, do PT, está bem e tem chance de ser eleito. Seus adversários mais fortes apresentam problemas. O deputado Carlos Antônio é popular, mas não é consistente. Alexandre Baldy é visto como consistente, mas é apontado como “estrangeiro”, porque não mora na cidade.
Nas cidades menores, ocorre e está ocorrendo uma debandada. O ex-deputado Karlos Cabral, de Rio Verde, filiou-se à Rede. Aliados do prefeito de Leopoldo de Bulhões, Jefferson Louza, o pressionam para sair. O prefeito de Silvânia caiu fora e se filiou ao PSDB. O prefeito de Nova Aurora pensa em desfiliar-se.

[caption id="attachment_51619" align="alignleft" width="300"] Iris Rezende e Waldir Soares: o peemedebista-chefe e o tucano-plebe querem se apropriar do discurso de oposição contundente na capital | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O provável candidato do PT a prefeito de Goiânia — os pré-candidatos mais citados são Luis Cesar Bueno, Adriana Accorsi e Edward Madureira — terá dificuldade para apresentar suas propostas, na campanha de 2016, pois passará a maior parte do tempo sendo empurrado para defender a gestão do prefeito Paulo Garcia. Os principais pré-candidatos a gestor, com pesquisas nas mãos, sugerem que o eleitorado da capital é francamente de oposição a quem está no poder. Vez ou outra, por falta de nome consistente na oposição, vota na situação, mas é tradicionalmente oposicionista e intensamente crítico do poder.
As críticas do vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), a Paulo Garcia precisam ser examinadas a partir da perspectiva apontada acima. O irismo, sob recomendação de Iris Rezende, está demarcando seu espaço e explicando ao eleitorado que não tem mais a ver com a gestão de Paulo Garcia, quer dizer, está na oposição.
Por intermédio de Agenor Mariano, Iris Rezende está sugerindo que pretende manter um discurso de oposição amplo — contra o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o prefeito Paulo Garcia. É o que chamam de “oposição total”.
Pesquisas qualitativas indicam que o eleitorado goianiense é extremamente atento, inclusive às filigranas da política. Iris Rezende, por meio de seus luas pretas, percebeu que o segundo colocado nas pesquisas — surpreendentemente, cada vez mais próximo —, o delegado-deputado Waldir Soares, logicamente orientado por um marqueteiro experimentado, que consulta pesquisas com frequência, está procurando se tornar “proprietário” do discurso de “oposição total”.
Uma das pesquisas sugere que a aproximação de Vanderlan Cardoso da base governista foi positiva para o governador Marconi Perillo — porque o reforça politicamente, com a conquista do apoio de um ex-adversário —, mas não agradou o eleitorado de Goiânia. Os eleitores da capital apreciam mais “apocalípticos” do que “integrados”.
Como o governo de Goiás não estará em jogo em 2016 — embora a disputa em Goiânia seja sempre importante para as articulações de candidatos a governador —, o que o eleitorado vai julgar mesmo são as ações do prefeito Paulo Garcia, por isso vai avaliar com rigor seu candidato, e as propostas dos candidatos. Por isso, todos os candidatos, exceto o do PT, estão armando seu discurso de oposição. O irismo deu seu recado, por intermédio de Agenor Mariano: não vai assumir a paternidade da gestão de Paulo Garcia.

[caption id="attachment_51623" align="alignleft" width="620"] Foto: Assembleia Legislativa[/caption]
O deputado estadual Adib Elias é incendiário e não consegue pensar no Estado — só enxerga Catalão, sua Ítaca ou Paságarda. Entretanto, como transita relativamente bem nos grupos do deputado federal Daniel Vilela — novo protegido do vice-presidente Michel Temer, chefão do PMDB — e do ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, é cotado para assumir a presidência da comissão provisória do PMDB regional.
Na semana passada, Adib Elias trabalhou para “plantar” a informação por meio de aliados. De fato, é um nome palatável ao irismo — que, porém, está desconfiado de sua aliança com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela — e ao danielvilelismo. Na segunda-feira, 16, a cúpula do partido se reúne para discutir quem vai comandá-lo. Sete nomes vão dirigir o partido até as eleições para a formatação do Diretório Regional. O irismo quer bancar quatro nomes — um deles o de Iris Rezende. Mas há quem avalie que os cinco deputados estaduais e os dois federais devem assumir o comando.

Peemedebistas disseram ao Jornal Opção que Iris Rezende (PMDB) acredita, piamente, que será eleito prefeito de Goiânia, em 2016, com ou sem coligação com outro partido forte ou relativamente forte. Por isso, avalia que pode disputar o pleito com chapa pura — por exemplo, com Agenor Mariano como vice. Durante algum tempo, Iris Rezende articulou para ter o deputado Henrique Arantes (PTB) como vice. Antes, a pedido de Iris Araújo, sugeriu, à sua maneira enviesada, a Armando Vergílio que indicasse o filho, o deputado federal Lucas Vergílio (Solidariedade). Comenta-se que Ronaldo Caiado pode bancar Joel Sant’anna Braga, do DEM, para vice do peemedebista-chefe. Sant’Anna é irmão do deputado Alexandre Baldy. O senador apoia Baldy para prefeito de Anápolis.
O conselheiro Tião Caroço decidiu que vai se aposentar com o objetivo de disputar a Prefeitura de Formosa pelo PSDB. O favorito é o deputado peemedebista Ernesto Roller, do PMDB. Mas Caroço é apontado como o único adversário que tem condições de derrotá-lo ou pelo menos tornar a campanha mais dura. Os dois são, mais do que adversários, inimigos. Tião Caroço diz, em termos metafóricos, que, quando ouve o nome de Ernesto Roller, sente gosto de sangue na boca. Os dois foram aliados, praticamente carne, unha e cutícula, mas se desentenderam. O segundo, embora mais jovem, não aceitou ser encabrestado politicamente, e o ex-prefeito ficou irritado e passou a atacá-lo. Costuma-se dizer que Tião Caroço fala mal de Ernesto Roller de manhã, à tarde e à noite. De madrugada, descansa — para falar mal de novo no dia seguinte. O peemedebista também fala do conselheiro, mas bem menos.

[caption id="attachment_26333" align="alignleft" width="620"] José Mário Schreiner: um candidato consistente em Mineiros | Foto: Alexandre Cerqueira[/caption]
O presidente da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) e dirigente da CNA, José Mário Schreiner (PSD), é lembrado por aliados para ser candidato a prefeito de Mineiros, na região Sudoeste. Outro grupo da base marconista deseja afunilar na ex-prefeita Neiba Barcelos (PSDB).
A insistência dos zemaristas se baseia em sua excelente votação em 2014: Schreiner teve em Mineiros 12.580 de seus 71.832 votos para deputado federal, metade do eleitorado da cidade (precisamente, 49,12%).
Ouvido por um repórter do Jornal Opção, José Mário confirma “a insistência de alguns setores da política e da sociedade de Mineiros” para que se candidate a prefeito. “Temos alguns bons nomes para administrar o município”, sublinha o suplente de deputado, sem descartar nem confirmar a intenção.
Notícia de Bastidores da semana passada teve grande repercussão no Sudoeste e, do texto, José Mário diz qual o seu trecho preferido: “Schreiner é respeitado pelo eleitorado. Afinal, como figura de prestígio regional e nacional, é motivo de orgulho para os moradores de Mineiros”. “Foi para conseguir esse respeito que sempre trabalhei”, diz o líder classista e político. Ele é apontado como um gestor consistente.

[caption id="attachment_48457" align="alignleft" width="620"] Major Araújo | Foto: Marcos Kennedy[/caption]
Até deputados da oposição, porém donos de discursos moderados e civilizados, estão preocupados com o que chamam de “desequilíbrio emocional” do deputado Major Araújo. O parlamentar já jogou um tablet no colega Talles Barreto, do PTB, e usa linguagem pouco ortodoxa para se referir aos integrantes da Assembleia Legislativa de Goiás. Respeito ao Regimento Interno e à Comissão de Ética? Não se interessa pelo assunto. Há um movimento, por enquanto tênue, para cassá-lo por falta de decoro e falta de respeito ao Parlamento. “Major Araújo faz uma oposição dura e, até, consistente. Porém, se fosse menos exagerado, ganhariam todos, tanto a AL quanto a própria oposição”, afirma um deputado oposicionista.

A presidente nacional do PTB, Cristiane Brasil, articulou, silenciosamente, a filiação do deputado federal Waldir Soares. O objetivo era lançá-lo para prefeito de Goiânia. A filha de Roberto Jefferson apostou suas fichas na “tese” de que o presidente do PTB em Goiás, o deputado federal Jovair Arantes, seguiria o próprio caminho e buscaria filiação noutro partido. Para substitui-lo, a deputada federal buscaria o campeão de votos de Goiás, o delegado popular e populista. No entanto, como Jovair Arantes não saiu e reaproximou-se do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), as conversas com Waldir Soares foram encerradas.