Bastidores
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Delegado Waldir durante sabatina | Foto: Renan Accioly / Jornal Opção[/caption]
O deputado federal Waldir Delegado Soares, do PR, não está acostumado com críticas contundentes, porque é um político novato, sem experiência com embates de ideias. Mas, durante a campanha, a maioria dos candidatos vai criticá-lo com extremo rigor, até para tirá-lo do sério. Até processos judiciais, se existirem, serão arrolados sem contemplação.
Os candidatos oposicionistas avaliam que, para o segundo turno, vão Iris Rezende, do PMDB, e mais um. Hoje, sem campanha, Waldir Delegado Soares seria o oponente do peemedebista. Mas o quadro pode mudar, avaliam os demais postulantes, que sugerem que o candidato do PR é “mais desidratável” (pode ser, mas também pode não ser — considerando que está praticamente empatado com Iris Rezende. O delegado não é um político a ser subestimado).
Os candidatos do PSB, Vanderlan Cardoso, do PTB, Luiz Bittencourt, do PSDB, Giuseppe Vecci, do PSD, Francisco Júnior, do PT, Adriana Accorsi, e da Rede, Djalma Araújo, se quiserem ir para o segundo turno, terão de escolher seus alvos — pode ser Iris Rezende e pode ser Waldir Delegado Soares — e, em seguida, criticá-los dura e inteligentemente.
Porém, se “baterem” de maneira excessiva e intempestiva, podem transformar o delegado em vítima. Entretanto, se conseguirem desarticulá-lo, forçando-o a perder as estribeiras, certamente ganharão pontos. Se conseguirem provar — e o deputado certamente vai se preparar de maneira mais adequada nos próximos meses — que não se trata de um candidato consistente, com ideias de fato relevantes para governar Goiânia, podem obter dividendos eleitorais.
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Jovair Arantes: o deputado federal, cotado para dirigir o Legislativo, não quis ser ministro do Trabalho[/caption]
O deputado Jovair Arantes, do PTB, disse ao Jornal Opção na sexta-feira, 6, que Eduardo Cunha teve o mandato suspenso e, portanto, foi afastado da presidência da Câmara dos Deputados pelo Supremo Tribunal Federal. “O peemedebista não foi cassado, só o Legislativo pode afastá-lo em definitivo. Ele já recorreu. Agora, caso seja cassado ou renuncie ao mandato, a Câmara deverá convocar eleições, em cinco sessões, para eleger um presidente para um mandato-tampão.”
Jovair Arantes afirma que não tem interesse na disputa do mandato-tampão, porque não há reeleição. “Postulo a sucessão de Eduardo Cunha no final do ano. Fui convidado para ser ministro do Trabalho, mas optei pela disputa da presidência da Câmara dos Deputados, daqui a sete meses e alguns dias. O PTB tem cinco ministeriáveis entre os deputados federais: Alex Canziani (Paraná), Luiz Carlos Busato (Rio Grande do Sul), Ronaldo Nogueira (Rio Grande do Sul), Benito Gama (Bahia) e Wilson Filho (Paraíba). A tendência é que o partido, por sua tradição, indique o ministro do Trabalho.”
A crise nacional, na opinião de Jovair Arantes, “paralisou” a política nos Estados. “A disputa para prefeito e vereador só começa mesmo em agosto, depois das férias.”
O ex-deputado Frederico Jayme, chefe de gabinete do governador Marconi Perillo, é um político full time. Acompanhando com lupa as articulações políticas em todo o Estado, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) diz que os pré-candidatos da base aliada são fortes. “Nós vamos eleger a maioria dos prefeitos goianos.”
Frederico Jayme frisa que o PSDB, “para citar apenas duas grandes cidades, tem chance de eleger os prefeitos de Anápolis e Aparecida de Goiânia. Carlos Antônio está muito forte, com aliança encorpada, e pode ser eleito no primeiro turno. Não estou subestimando o prefeito João Gomes, que tem sua força eleitoral, mas carrega o desgaste do PT. Em Aparecida, Alcides Ribeiro está em ascensão. Se fechar uma aliança com o coronel Silvio Benedito, pode ser eleito”.
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Agenor Mariano: “Waldir será desidratado, o que beneficiará Iris”| Foto: Jornal Opção/Arquivo[/caption]
O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), diz que só tem duas certezas em termos políticos: “Primeira, Iris Rezende será candidato a prefeito de Goiânia. Segunda, será eleito”.
Principal defensor de Iris — os dois andam juntos com frequência, sobretudo nos cultos evangélicos —, Agenor afirma que as pesquisas qualitativas “não conseguem registrar o imenso capital eleitoral do peemedebista. Pode parecer cabotinismo, mas não ficarei surpreso se, dada a fragilidade dos adversários, o nosso candidato for eleito já no 1º turno”.
O repórter contrapõe: “O deputado federal Waldir Delegado Soares está colado em Iris”. Agenor pondera: “Os demais candidatos consideram que o único que está com o passaporte carimbado para o 2º turno é Iris. Portanto, durante a campanha vão concentrar suas críticas em Waldir, o que deve desidratá-lo consideravelmente. Mas há um problema: os votos de Waldir tendem a ‘migrar’ para Iris, e não para seus adversários”.
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Lissauer Vieira, deputado estadual, e Paulo do Vale, médico[/caption]
Pré-candidato a prefeito de Rio Verde pelo PSB, Lissauer Vieira diz que está “entusiasmado”. “Colocamos nosso nome bem depois dos demais pré-candidatos, e, em pouco tempo, conseguimos consolidar um projeto alternativo e moderno. Estou me apresentando à sociedade e a receptividade é impressionante. Sou apoiado pelo prefeito Juraci Martins, um líder inconteste, e percebo que as pessoas o avaliam positivamente, apesar de cobrarem avanços, o que é normal.”
Lissauer frisa que as pesquisas qualitativas começam a mostrar sua ascensão e, deste modo, “o descenso de Heuler Cruvinel, o postulante do PSD. O que já dá para perceber é que, apesar do forte investimento financeiro do postulante pessedista, começo a polarizar com o pré-candidato do PMDB, Paulo do Vale. Nos próximos dias, vamos definir o nosso vice — que tanto pode ser Valéria Santa Cruz, do PDT, quanto Padre Ferreira, do PR. São nomes qualitativos. Qualquer um que for escolhido por nossa base político-eleitoral agrega valor”.
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Jovair Arantes e Sandro Mabel[/caption]
Goiás teria e tem chance de ter três ministros: Henrique Meirelles (da cota pessoal do “presidente” Michel Temer, portanto sem ter a ver com o Estado), Jovair Arantes (Trabalho) e Sandro Mabel (Casa Civil). Mas o deputado petebista prefere disputar a presidência da Câmara no fim do ano.
Mabel, embora tenha se tornado praticamente um “inquilino” do Palácio do Jaburu, tal a sua proximidade com Michel Temer, não pleiteia nenhum cargo. Por quê? Porque, às vezes, é mais produtivo ser amigo do que funcionário do rei. Porém, e se houver um convite formal? É possível que aceite. É preciso notar que o “presidente” está montando um governo com parlamentares ou com políticos que foram parlamentares.
O deputado federal Alexandre Baldy, presidente do PTN em Goiás, afirma que Jovair Arantes, líder do PTB, pode ser o próximo presidente da Câmara dos Deputados. “No quadro de hoje, Jovair é o político mais consistente para presidir o Legislativo. Como sabe liderar e agregar, é querido e simpático, supera com folga Rogério Rosso, do PSD.” Ele conta “amplo apoio”. O PTB pode, se quiser, indicar um ministro para o governo de Michel Temer. “Mas é provável que opte por assumir o comando da Câmara dos Deputados”, afirma Baldy.
Vários amigos do governador de Goiás, Marconi Perillo, devem integrar o ministério de Michel Temer: Raul Cutait (Saúde), Bruno Araújo (Cidades), Marcos Pereira (Ciência e Tecnologia), José Serra (Relações Exteriores) e Henrique Meirelles (Economia), Tasso Jereissati (Desenvolvimento) e Alexandre Morais (Justiça).
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda do “governo” de Michel Temer, é goiano de Anápolis (liberal ortodoxo, é primo do comunista Aldo Arantes). Mas não é uma indicação de políticos de Goiás. É uma escolha pessoal de Michel Temer a partir de consulta ao mercado, notadamente o de São Paulo. É visto como um técnico de credibilidade tanto no Brasil quanto no exterior. O engenheiro (bancos têm recrutado mais engenheiros do que economistas) que presidiu o BankBoston, nos Estados Unidos, e o Banco Central do Brasil é apontado como capaz tanto de estabilizar a economia, enxugando o Estado, quanto de contribuir para sua expansão. É o homem de ouro do político peemedebista.
O jornalista Paulo Fona foi convocado para a Secretaria de Comunicação do perdidaço governo de Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal. Seu objetivo é tentar melhorar a imagem do governo do líder do PSB, que é muito ruim. O jornalista foi secretário de Comunicação e porta-voz do governo de Joaquim Roriz. Seria uma indicação “técnica” do jornalista Hélio Doyle
Pré-candidato a prefeito de Rio Verde, o deputado Heuler Cruvinel tem sido apontado por integrantes do PSD como “traidor”. Recentemente, de maneira apontada como deselegante por um pessedista de proa, o parlamentar esteve em Luziânia, e no lugar de hipotecar apoio ao prefeito Cristóvão Tormin, seu correligionário, declarou publicamente que apoia o tucano Marcelo Melo. Comenta-se que pode ser denunciado ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que apoia Tormin.
O PROS tem um candidato consistente para prefeito de Planaltina, Davi Lima, mas a surpresa eleitoral pode ser Cristiomário Delegado Medeiros (PTB). Formado em Direito e História, o delegado de polícia tem um discurso afiado, notadamente sobre segurança pública, e é apontado como arrojado. Sua vice será a presidente do Partido da Mulher Brasileira em Goiás, a professora Rosi Guimarães. A chapa é apontada como consistente. O prefeito Eles Reis (PTC), desgastado, corre por fora.
Especula-se que, pensando em 2018, o deputado federal Alexandre Baldy, do PTN, estaria propenso apoiar Pedro Canedo, do DEM, para prefeito de Anápolis. “O que posso dizer é que não defini nenhum apoio para o médico e ex-deputado Pedro Canedo. Nem discuti o assunto com políticos de Anápolis. Aliás, não falei com ninguém sobre isto.”
O deputado federal Waldir Delegado Soares, pré-candidato do PR a prefeito de Goiânia, é uma presença ativa nas redes sociais. Ativa, rápida e eficiente. Sua equipe é competente e faz um trabalho sóbrio e, repetindo, de grande agilidade, quase irrepreensível. O que falta a Waldir Soares é diversificar sua pauta, incluindo temas de interesse de um eleitorado que ainda não vota nele. Fica-se com a impressão de que, no geral, o delegado-deputado prega para os convertidos. De qualquer maneira, o político consegue conectar, pela rede, com um público imenso e, por vezes, interativo e participante. Waldir Soares entendeu bem a importância da internet — sua vitalidade para estabelecer uma comunicação direta, viva e ágil.
Há quem acredite e até aposte que, para 2018, o deputado federal Alexandre Baldy, do PTN, vai participar de um acordão com Daniel Vilela, do PMDB, e Ronaldo Caiado, do DEM. Avalia-se, entre peemedebistas e democratas, que é preciso dividir a base governista. Se permanecer unida, sem grandes fissuras, será difícil derrotá-la. Já entre aliados de Alexandre Baldy há quem avalie que, como a base marconista é muito vasta, não há espaço para os chamados cristãos-novos.
