Bastidores
Não resta mais dúvida de que Alexandre Baldy será candidato a deputado — e com ampla chance de vitória. Pelo menos por dois motivos. Primeiro, tem dinheiro para bancar uma campanha que, dada a presença de ostensiva de Júnior Friboi, aparentemente inflacionando o mercado, será muito dispendiosa. Segundo, Baldy contratou um profissional do primeiro time para coordenador sua campanha. Aristóteles de Paula, o Toti, trabalhou em campanhas vitoriosas de Lídia Quinan, Pedrinho Abrão, Iris Araújo e Henrique Meirelles. “Com dinheiro na mão”, brinca Eduardo Machado, do PHS, “o Toti elege até uma pedra. Trata-se de um craque, profissional”.

[caption id="attachment_158" align="alignleft" width="350"] José Eliton, Thiago Peixoto e Henrique Tibúrcio: fortalecidos | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O governador Marconi Perillo deve ser candidato à reeleição. O tucano-chefe e sua base política querem. As bases, para manter (ou ampliar) a estrutura atual, precisam que ele dispute. No entanto, cauteloso e perspicaz, o principal líder do PSDB em Goiás vai investigar, por meio de pesquisas qualitativas e quantitativas, quais são as possibilidades reais de enfrentar com chance de vitória um candidato tradicional, como Iris Rezende, um candidato mais ou menos tradicional, como Vanderlan Cardoso, e candidatos apontados como “novos”, como Júnior Friboi e Antônio Gomide.
Se perceber que o espaço para a renovação estará garantido, portanto com possibilidade de derrota, Marconi pode optar, também, pelo lançamento de um candidato que simbolize o novo. O nome do pré-candidato não está definido, até porque o nome mais ou menos definido é exatamente o de Marconi. Mas, no caso de uma lista tripla, como tem sido sugerido, possivelmente estarão nela, nesta ordem, José Eliton, Thiago Peixoto e Henrique Tibúrcio.
O vice-governador José Eliton é presidente do PP e conta com o apoio do prefeito de Catalão, Jardel Sebba, do pré-candidato a deputado federal Giuseppe Vecci, do presidente da Assembleia Legislativa, Helder Valin, e do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Kennedy Trindade, tido como um de seus mentores políticos. Mas uma coisa é certa: todos os citados apreciam Eliton, mas preferem a candidatura de Marconi, mesmo se cercada de dificuldades.
Henrique Tibúrcio seria uma aposta total no “novo” e na imagem de “ético” do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Goiás. Tibúrcio não tem experiência política, mas articula com habilidade e está se tornando, aos poucos, um expert no assunto, surpreendendo até seus velhos aliados de lutas advocatícias. O presidente da OAB e Marconi se tornaram, além de aliados políticos, amigos.
O deputado federal Thiago Peixoto, além de preparado intelectualmente, é um político extremamente hábil. No início da queda de braço com o Sintego, políticos experimentados diziam: “O jovem Thiago vai enterrar sua carreira política na Secretaria da Educação”. O jovem não se intimidou com a pressão, mais ideológica do que educacional, e ao deixar a secretaria, três anos depois, saiu consagrado. Pais, alunos e professores e diretores não-ideologizado o respeitam. Pode-se dizer que Thiago entrou “menino” na secretaria e saiu “homem” — no sentido de um amadurecimento profundo. Poucos admitem isto, mas a Secretaria de Educação é uma espécie de mini-governo do Estado, com uma estrutura gigante, maior do que a de muitos municípios goianos. O líder do PSD deve ser um dos candidatos a deputado federal mais bem votados.

[caption id="attachment_155" align="alignleft" width="300"] Nivaldo Melo: o prefeito consegue boicotar seu próprio município[/caption]
O prefeito de Pirenópolis, Nivaldo Melo, do PP de Roberto Balestra, trabalhou contra o governador Marconi Perillo em 2010. Aliados do tucano-chefe garantem que o gestor estadual procura levar benefícios para o município, um dos principais centros turísticos do Centro-Oeste — brasilienses das classes média e alta o consideram cult —, mas, inoperante, o gestor local não se interessa.
Um deputado conta que o governador liberou recursos para pavimentar 300 mil metros quadrados de ruas de Pirenópolis. Mas Melo não quer assinar o convênio. O parlamentar acrescenta que o governo adquiriu cinco alqueires para instalar o distrito industrial. “Mas o prefeito não libera o alvará.”
Confrontado pela população, que se mostra irritada com a inação do gestor municipal, Melo escapa pela tangente e não quer discutir o assunto. Durante o Governo Junto de Você, autoridades estaduais exibiram documentos para provar a má vontade do prefeito. Os documentos requeriam a assinatura de Mello, mas ele, por pura birra, não quis assiná-los. Criticado pela sociedade organizada, no lugar de assinar os documentos, o prefeito concedeu entrevista desmentindo o indesmentível.
Tornou-se consenso que o governador Marconi Perillo quer ajudar Pirenópolis, mas que o prefeito trabalha contra o município. O mais curioso é que a cúpula do PP, pelo menos até agora, nada fez para tentar melhorar as relações entre o prefeito e a equipe do governo. É como se Mello não fosse filiado ao partido do vice-governador José Eliton e do deputado federal Roberto Balestra.
No caos que se tornou a política de Brasília, o deputado federal José Antônio Reguffe, espécie de demagogo moderno, está se tornando hors concours. Se candidato a governador, com o mínimo de estrutura, dificilmente seria derrotado. Mas o líder do PDT prefere disputar mandato de senador — se a cúpula do partido permitir. José Roberto Arruda (PR) fechou acordo com a deputada Liliane Roriz. Arruda vai disputar o governo — se a Justiça e o PT deixarem — e a filha de Joaquim Roriz será sua vice. Eliana Pedrosa (PPS), pôs seu bloco na rua e diz que será candidata a governadora. O deputado federal Luiz Pitiman, ligado a Aécio Neves, é o nome do PSDB. Arruda é o favorito na disputa contra o governador Agnelo Queiroz, que, embora não seja mau administrador, está desgastado.
Uma analista aponta os problemas do governador Marconi Perillo com três pré-candidatos a governador. “Júnior Friboi vai atrapalhá-lo no campo pragmático, o do dinheiro. Nesta área, o tucano não tinha rival. Vanderlan Cardoso tem alguma força no setor produtivo. Antônio Gomide enfraquece o tucano-chefe no campo ideológico, no discurso da mudança.” O analista sugere que Marconi precisa encontrar uma fórmula, quiçá filosófica, que justifique o 4º mandato.
A Força Nacional de Segurança, depois de investigar crimes apontados como insolúveis em Rio Verde — alguns foram cometidos por PMs —, vai mexer no maior dos vespeiros, o de Goiânia. Independente e infensa a pressões, a FNS vai investir crimes cometidos não apenas por policiais, mas pelo menos 3 assassinatos, aparentemente cometidos por policiais, serão investigados a fundo. A ordem é investigar tudo, doa a quem doer, sem se preocupar com possíveis consequências. É bem provável que alguns policiais sejam presos.
No período eleitoral, o oxigênio de político passam a ser as pesquisas eleitorais. Para governador e Senador, tudo bem, as pesquisas de intenção de voto são extremamente válidas. Entretanto, para deputado estadual e para deputado federal não funcionam bem. Primeiro, pelo excessivo número de candidatos. Segundo, porque, embora pela lei não exista, o voto distrital existe na prática. Digamos que se pesquise a Grande Goiânia, mas excluindo Goiânia e Trindade. O vereador Tayrone di Martino, que tende a ter uma votação maciça nas duas cidades para deputado federal, vai aparecer com uma intenção minguada de votos. No entanto, se o instituto colocar os dois municípios, Tayrone vai aparecer com uma intenção de voto muito boa, até superior à de Rubens Otoni. Mas, abertas as urnas, quem possivelmente terá mais votos? Rubens Otoni, provavelmente. Há outro problema. Como pesquisar todos os candidatos? Não há como. Então, o instituto tem fazer pesquisa estimulada, o que acaba gerando injustiça. Portanto, pesquisa eleitoral para deputado é uma ilusão. Não vale quase nada. Serve tão-somente para gerar fofoca em botequins.
O ex-deputado Marcelo Melo acredita que o pré-candidato a deputado estadual Ernesto Roller será um dos mais bem votados do Entorno de Brasília. “Roller deve sair com pelo menos 20 mil votos de Formosa e vai obter votos em outros municípios, e não apenas do Entorno. Como foi secretário de Segurança Pública e deputado estadual atuante, deve votos em vários municípios goianos.” “Roller será eleito deputado”, aposta Marcelo Melo. “E será um grande deputado.”
Quem conversou com o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, na semana passada, pôde perceber que está determinado a disputar o governo. No entanto, ao ouvir aliados de Júnior Friboi, a mesma pessoa ouviu outra coisa: “Gomide está fazendo jogo de cena. Vai, sim, para a chapa majoritária, mas como candidato a senador, que é a aspiração do PT nacional, ou na vice”. A turma de Iris diz algo parecido: “Se Iris for candidato, Gomide está fora do páreo”. Com seu jeitão quieto, aparentemente distante, mas percebendo tudo, Gomide insiste que é candidato. Quem conhece sua obstinação, e até sua teimosia, sugere que deve, sim, ser candidato. Só não será se fato for vetado pelo PT. E, se for, qual será seu ânimo para participar da campanha em favor de outro candidato? Certamente não estará animado...
O PPS é chamado de “o patinho feio do governo de Marconi Perillo”. O partido arca com o ônus de ser governo, mas o bônus fica para outros partidos. O partido dirigido por Roberto Freire — que estaria chateado com o abandono de seus aliados — não tem nenhum cargo de alguma importância no governo. Nem mesmo no segundo escalão. Consta que o principal “adversário” do PPS no governo é o vice-governador José Eliton. O líder do PP trata bem os integrantes do partido, mas, nos bastidores, trabalharia para vetá-los. Pelo menos é o que um socialista ouviu nas dependências do governo. O argumento seria o de sempre: “Ah, o PPS não tem nenhum deputado e nenhum vereador em Goiânia”.
O deputado federal Sandro Mabel confidenciou a um peemedebista que não vai mais disputar mandato de deputado federal. Mabel gostaria de ter espaço na chapa majoritária do PMDB, por exemplo como candidato a senador. O certo, relatou o peemedebista, é que, em 2016, deve disputar a Prefeitura de Goiânia ou, mais certo, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Maione Padeiro, presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia Jovem (Aciag-Jovem) e integrante do PSDB, afirma que Mabel “não tem mais nada a ver com Aparecida. Já teve, mas não mantém mais contato com empresários e a sociedade locais”.
“Empresários aprovam meu nome para o cargo de chefe do Gabinete para Assuntos de Aparecida de Goiânia”, garante Maione Padeiro. Maione é integrante do PSDB de Aparecida. Seu nome também sido citado para a presidência da Goiasindustrial.
Com pneumonia, o deputado federal João Campos (PSDB) está internado na Clínica Santa Mônica, há mais de dez dias. Espera ganhar alta na segunda-feira, 17. Ao saber que estão dizendo que não vai disputar a reeleição, João Campos teria apenas sorrido. Ele esteve muito mal, mas agora diz que está se sentindo bem melhor.
Valdivino Oliveira (PSDB) disse ao Jornal Opção que, ao contrário do que estão espalhando, é candidatíssimo a deputado federal. “E para ganhar. Anote.” Além de disputar a reeleição, Valdivino afirma que o governador Marconi Perillo deve ser reeleito. “Marconi é uma máquina de trabalhar e é um político que, acreditando na ciência, na investigação do que ocorre nos bastidores da sociedade, sabe quase tudo que está acontecendo no Estado.”
O Ministério Público deveria investigar como estão sendo feitas algumas pesquisas. Há pesquisas para todos os gostos, desde que se pague... bem. Recentemente, um instituto, até tido como sério, fez uma pesquisa de intenção de voto em Aparecida de Goiânia e divulgou o resultado. Para checar os dados, outro instituto seguiu os mesmos passos e apontou um resultado bem diferente. O objetivo da checagem é, sobretudo, verificar a idoneidade da pesquisa do instituto. O pesquisador recomenda que o pré-candidato a governador pelo PSB, Vanderlan Cardoso, não se iluda com certos números.