Bastidores

O senador Demóstenes Torres confidenciou a dois amigos que deverá ser absolvido pela Justiça de todas acusações e poderá disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016 ou o governo de Goiás em 2018. Ao sair da toca, atacando o senador Ronaldo Caiado com uma volúpia inesperada, Demóstenes Torres sugeriu que está mesmo de olho na disputa de 2018.
A Oscip Ideia, como não tem proteção dos deuses do Olimpo — leia-se Wolney Unes (de “O Popular” e da Universidade Federal de Goiás), Lisandro Nogueira (da TV Anhanguera e da Universidade Federal de Goiás) e Nasr “Sísifo” Chaul (não dá conta de inaugurar a biblioteca do Centro Cultural Oscar Niemeyer mas não abre o jogo) —, não consegue emplacar quase nada na área de cultura de Goiás. Um funcionário do setor cultural contesta: "A Ideia participou de três licitações e ganhou duas, a Caravana Cultural e o Canto da Primavera". Já a oscip Rede Sociocultural participou de várias licitações e só ganhou um Figo (Festival Internacional de Música em Goiás). Tinha um projeto considerado de qualidade para gerir os eventos da Orquestra Filarmônica de Goiás, mas não foi aprovado. Ganhou o Idesa. Sob a proteção dos deuses.

Juntos, o empresário Vanderlan Cardoso (PSB) e o prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira (PDT), são imbatíveis. Separados, podem perder para um candidato alternativo, como Sérgio Bravo ou Franco Martins e até Divino “Vanguarda do Atraso” Lemes. Misael Oliveira, a criatura, e Vanderlan Cardoso, o criador, estão numa fase de conflito. O segundo quer e deve apoiar a reeleição do primeiro, mas ameaça lançar o empresário Zélio Cândido — que entende tanto de gestão pública e de política quanto de física nuclear — para prefeito de Senador Canedo. Misael Oliveira disse ao Jornal Opção que deve trocar o PDT pelo PSDB. “O governador Marconi Perillo, meu amigo e aliado, já me convidou para o PSDB.” Vanderlan contemporiza: “Misael, se estiver bem em 2016, será o nosso candidato a prefeito”.

Sabe-se que mais uma bomba contra o senador Ronaldo Caiado (DEM) está prestes a ser detonada. A primeira foi o artigo devastador de Demóstenes Torres, que alcançou repercussão nacional. Em seguida, numa ação menos do ex-senador e mais de um senador poderoso, vasculhou-se a equipe do líder do DEM. Documentos do Senado foram entregues, organizados, nas mãos de um repórter da “Folha de S. Paulo”. Curiosamente, para não ficar muito explícito, o repórter não é da sucursal de Brasília, e sim do Rio de Janeiro.

[caption id="attachment_36473" align="aligncenter" width="620"] Ronaldo Caiado tem 40% das intenções de voto, ante 12% de Daniel Vilela | Fotos: Agência Senado / reprodução / Facebook[/caption]
Na semana passada, um político importante de Goiás, possível candidato a governador de Goiás em 2018, mostrou uma pesquisa para um deputado da base governista. A pesquisa é para governador. O político sublinhou que a pesquisa, a quase quatro anos do pleito, é extemporânea.
O senador Ronaldo Caiado (DEM) lidera com pouco mais de 40% das intenções de voto. Daniel Vilela (PMDB) aparece em segundo lugar, com 12%. Os demais dão quase traço.

O delegado-deputado Waldir Soares foi decisivo para derrotar (e aposentar) Iris Araújo na disputa para deputado federal, em 2014, e pode acabar contribuindo para derrotar e aposentar Iris Rezende na disputa pela Prefeitura de Goiânia. Waldir Soares, orientado pelo marqueteiro Marcus Vinicius, pode até não ser eleito prefeito de Goiânia, mas pode ser peça chave para derrotar Iris Rezende. Pesquisas indicam que o delegado está “dinamitando” o eleitorado de peemedebista-chefe na região Noroeste, antes visto como reduto irista.

[caption id="attachment_37484" align="aligncenter" width="620"] José Mário Schreiner (PSD) e Eurípedes Jr. (Pros): futuros deputados federais por Goiás? | Fotos: Reprodução/ Facebook[/caption]
Goiás deve ganhar dois novos deputados federais em 2017: José Mário Schreiner, do PSD, e Eurípedes Júnior, do Pros.
Acredita-se que pelo menos três deputados federais vão disputar eleição para prefeito em 2016: Heuler Cruvinel, do PSD, Alexandre Baldy, do PSDB, e João Campos, do PSDB. O primeiro será candidato em Rio Verde; o segundo, em Anápolis; e o terceiro, em Aparecida de Goiânia.
Luas azuis do tucanato goiano sugerem que pelo menos dois deles devem ser eleitos — o que resultará em espaço para Schreiner e Eurípedes Júnior em Brasília.

Deputados do Pros fizeram o impossível para tomar o Pros do goiano Eurípedes Júnior — alegando que, não tendo mandato estadual ou federal, não tem tanta força em Brasília. Deram com os burros n’água. Eurípedes Júnior mostrou força e continua com o comando nacional do Pros. Vale dizer que, quando ninguém acreditava, o goiano do Entorno de Brasília montou o partido e o registrou sozinho. Trata-se de um jovem abnegado e, em 2017, possivelmente assumirá mandato de deputado federal.

Numa fase light, o governador Marconi Perillo (PSDB) não planeja impor candidaturas a prefeito em nenhuma cidade. Mas políticos de seu círculo íntimo sugerem que gostaria muito que o deputado federal João Campos (PSDB) disputasse a Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Em Aparecida de Goiânia, contra Euler Morais (PMDB), o possível candidato de Maguito Vilela a prefeito, acredita-se que João Campos pode derrotá-lo. “Euler Morais é um poste de Maguito Vilela, este é popular, mas João Campos tem mais experiência política e é mais popular”, frisa um aliado do governador Marconi.

O que é mais preocupante em Aparecida de Goiânia é a dívida que o prefeito Maguito Vilela (PMDB) vai deixar para o seu sucessor: mais de 200 milhões de reais. Isto se não fizer novos empréstimos de curto prazo. Maguito Vilela deve deixar Aparecida com a imagem de prefeito eficiente. Mas o que vai ficar para a história é a imagem de que foi o prefeito que mais endividou o município. O próximo prefeito, seja do PMDB ou da oposição, estará totalmente engessado. Porque as dívidas que Maguito Vilela vai deixar são de curto prazo, quer dizer, devem ser pagas a partir de 2017.

Não resta dúvida de que o prefeito de Jataí, Humberto Machado (PMDB), é um administrador eficiente e não há informações de que seja corrupto. Mas ele está instalando uma espécie de coronelismo em Jataí, comportando-se como ditador ou caudilho. Quer mandar em tudo na cidade e desqualifica aqueles que lhe fazem crítica. Não há “coronelismo do bem”, ao contrário do que sugere Humberto Machado e seus epígonos.

Pesquisas mostram que o ex-deputado Leandro Vilela aparece em primeiro lugar na disputa para prefeito de Jataí. Mas pesquisas qualitativas mostram um dado preocupante para o peemedebista: há indícios de fadiga de material de seu grupo político, que está no poder há anos, com o breve interregno de Fernando da Folha. O empresário Victor Priori (PSDB), se conseguir articular uma frente política azeitada, pode acabar derrotando Leandro Vilela. Empresário bem-sucedido, apontado como um político decente, é possível que, em 2016, o eleitorado de Jataí decida dar-lhe a chance de gerir a prefeitura. Será uma forma de experimentar uma gestão diferente e mais empresarial. Mas Victor Priori precisa convencer a ala do partido, como o Vinicius Luz, a apoiá-lo integralmente, pois ninguém ganha eleição sozinho, mesmo, como é o caso, quando se tem muito dinheiro. Vinicius seria um vice que representa o novo, além de um político capaz de fazer críticas consistentes e contundentes à oligarquia que não deixa Jataí se renovar.

O presidente do PHS nacional, Eduardo Machado, está de mãos e braços estendidos para receber o deputado federal Jovair Arantes, que o mensaleiro Roberto Jefferson planeja expulsar do PTB. Um dos políticos mais articulados de Goiás, com sólida reputação nacional, Eduardo Machado promete tapete vermelho para receber Jovair Arantes. E até “ambrosia celestial”. Se confirmada a expulsão de Jovair Arantes, vários prefeitos goianos devem acompanhá-lo. Tanto do PTB quanto de outros partidos. São leais mais ao deputado do que aos partidos.

[caption id="attachment_37475" align="aligncenter" width="620"] Talles Barreto: no comando do PTB | Foto: Y. Maeda[/caption]
O deputado estadual Talles Barreto disse ao Jornal Opção que, como não há “janela” para ele — por isso seu mandato poderia ser retomado pelo partido—, dificilmente terá como deixar o PTB, se confirmada a expulsão de Jovair Arantes.
Porém, antes de tomar qualquer decisão, Talles Barreto diz que vai conversar com Jovair Arantes. “Ele é meu líder político, meu aliado e meu amigo. Não tomarei nenhuma decisão sem consultá-lo”, afirma. “Na verdade, quero ficar ao seu lado.”

[caption id="attachment_37473" align="aligncenter" width="620"] Deputado goiano Jovair Arantes e Roberto Jefferson: disputa no PTB | Fotos: Facebook / Marcello Casal Jr. / ABr[/caption]
Na semana passada, Jovair Arantes conversou demoradamente com o correspondente internacional da TV Record em Israel, Herbert Moraes, colunista do Jornal Opção, em Tel Aviv. Estava tranquilo, pouco ou nada preocupado com o sem-mandato Roberto Jefferson.
A um aliado goiano, Jovair Arantes disse que a posição de Roberto Jefferson é isolada no PTB. E tem razão. É possível que a única aliada do ex-deputado é a parlamentar federal Cristiane Brasil, sua filha. A bancada do PTB respeita muito Jovair Arantes, tido como eficiente e atento às reivindicações dos aliados.