Bastidores

[caption id="attachment_41672" align="alignright" width="620"] Edward Madureira: um excelente nome. Porém, em política, ser qualificado nem sempre é o suficiente[/caption]
Não é surpresa que vários partidos têm procurado o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira: PSB, PSD, PPS, até o PMDB o quer. Por quê? O petista obteve quase 60 mil votos no Estado para deputado federal; uma votação expressiva para quem não teve muito apoio partidário e financeiro. Mas esse não é o ponto principal: é certo que, após as eleições de 2014, Edward está afastado da política e mais voltado à UFG, onde é professor. Porém, nos bastidores, quando fala sobre uma possível candidatura, o ex-reitor deixa no ar que o PT, talvez por ele não estar ligado a nenhuma tendência, não tem sido estimulado a colocá-lo no cenário. Isso faz com que os outros partidos vejam que ele não é orgânico no PT e se sintam a vontade para procurá-lo.
Outro ponto é: Edward não quer. Um petista ligado à Prefeitura de Goiânia aponta que, passadas as eleições de 2014, o prefeito e líder da tendência Articulação, Paulo Garcia, chegou a convidar Edward para compor mais de uma pasta em sua administração, como a da Educação, Amma ou Comurg.
Porém, Edward negou, alegando que só aceitaria algum cargo se tivesse liberdade para fazer as mudanças que achasse necessárias. “Disse que não queria ter amarras políticas”, relata o petista da prefeitura.
A verdade é que Edward, de fato, não é orgânico em seu partido. É um excelente quadro — já provou ser um bom gestor e um técnico qualificado. Contudo, não se adapta à realidade interna do PT. Falta-lhe habilidade para se articular em meio às questões políticas. Isso faz com que, mesmo sendo qualificado, ele não seja visto como uma opção tão boa quanto a deputada estadual Adriana Accorsi, por exemplo, que tem mais “tato” político — talvez pelo fato de ter crescido em meio à vida política de seu pai, o ex-prefeito Darci Accorsi.
Edward diz a amigos que não tem interesse em 2016, mas visa 2018. O governo? Outra vez à Câmara? Ele não diz. Mas, se quiser disputar qualquer cargo político daqui a três anos e vencer, Edward precisa se articular. Em política, infelizmente, qualificação não é tudo.

[caption id="attachment_41668" align="alignright" width="250"] Lucas Calil: jovem é apontado como promessa política da base governista[/caption]
O jovem deputado estadual Lucas Calil tem tido “conversas amistosas” com dois partidos: PSDB e PP. Isso significa que ele deixará o PSL, sua sigla atual? Não, até porque a “janela” ainda não é certeza. Contudo, Lucas — que diz ter muita gratidão ao PSL, sobretudo ao ex-presidente Dário Paiva, que deixou o partido e agora está na coordenação do PV — tem a pretensão de “galgar espaços mais altos”. E, para isso, deverá precisar da ajuda de um partido maior.
Nesse sentido, o PSDB é apontado como favorito por Lucas, embora o PP também tenha se apresentado como uma boa alternativa. Convites já foram feitos ao deputado, que diz: “Por enquanto, estou apenas tendo conversas amistosas”. Mas quais são seus projetos? É certo que Lucas apoia Jayme Rincón para a Prefeitura de Goiânia. Poderia surgir uma vice? “Eu defendo que o vice seja fruto de uma aliança, alguém que esteja mais distante. Eu estou muito próximo. Mas se receber um convite nesse sentido, topo na hora!”, relata enfático.

[caption id="attachment_34391" align="alignright" width="620"] Secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão: “Agora, o Estado começa a andar com as próprias pernas” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O Estado conseguiu, no fim da semana passada, se inserir no mercado de capitais. É um feito inédito para Goiás e algo que apenas três Estados brasileiros fizeram até hoje: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
A operação, segundo explica a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, funciona da seguinte maneira: o Estado emite debêntures de sua dívida ativa, isto é, aquilo que os contribuintes devem e que acaba parcelado por programas como o refis.
Esses títulos começaram a ser estruturados em março e agora serão oferecidos no mercado de capitais. A ideia inicial era conseguir R$ 150 milhões a uma taxa de 5%. Porém, finalizado o processo, Goiás fechou a operação com o consórcio — liderado pelo Banco Fator, que fez a última emissão de São Paulo — em R$ 200 milhões com taxa de 3,96%.
A importância disso: “Isso nos torna menos dependentes do governo federal. O Estado começa a andar com as próprias pernas. E esse interesse do mercado de capitais mostra ainda que o Estado tem potencial, mesmo na crise”, analisa Ana Carla. O leilão das debêntures deve ocorrer entre 60 e 90 dias.

Em Aparecida de Goiânia, há contagem regressiva para o lançamento do diretório municipal do PSDB. Já foi marcada uma reunião para esta semana, que deverá contar com todos os sete membros da comissão provisória, além do presidente estadual da sigla, Afrêni Gonçalves, dos deputados federais João Campos, Fábio Sousa e Waldir Soares, o Delegado Waldir e com o deputado estadual Mané de Oliveira. A reunião, que deverá acontecer na Câmara Municipal, já deve contar com as indicações para a composição do diretório. É o que informa o presidente da comissão provisória, Allyson Cabral: “Feito isso, lançaremos o edital”. O nome de Allyson é indicado por muitos membros da comissão provisória como o favorito para a presidência do diretório. Porém, há um receio: a possibilidade de Delegado Waldir deixar o PSDB. Acontece que Alysson assumiu a comissão por indicação de Waldir, que atualmente detém o comando do partido no município. Allyson diz não se preocupar com a saída do deputado. “São boatos. Até agora, não ouvi isso dele. Nosso trabalho visa reunir o máximo de lideranças possíveis e formar o diretório. Queremos remotivar os tucanos de Aparecida, que há muito tempo não têm um diretório”, afirma.
O ex-prefeito de Cristianópolis Iris Aurélio é tão tucano que resolveu batizar seu filho de Marconi, em homenagem ao governador Marconi Perillo. E o político espera contar com a ajuda do tucano-chefe para ser o candidato em 2016. Quer sair na frente do atual prefeito Jairo Gomes, também do PSDB, mas que não está bem avaliado.
O ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) recebe, todos os dias, dezenas de lideranças partidárias e comunitárias em seu escritório político na Avenida T-9. Isso é o suficiente para que muitos suponham que ele já está em plena campanha visando novamente a Prefeitura da capital. Mas há quem balanceie a questão: “Iris faz hoje no escritório aquilo que fazia em sua casa. Recebe as pessoas que o procuram e conversa com elas. Isso não significa que será o candidato do partido. É certo que será um grande influenciador, mas não necessariamente ‘o’ candidato. Não há nada decidido”. A fala é do peemedebista Lívio Luciano. Porém, quando perguntado se há possibilidade de Iris não disputar, visto que é forte na capital, Lívio diz: “Seria uma grande perda se ele não disputasse”. É.
O programa Governo Junto de Você (GJV) estará em Santa Helena de Goiás entre os dias 13 e 16 de agosto. Acontece que o programa, que tem grande apelo social, está sendo disputado na cidade entre dois grupos políticos, nenhum da base do governo estadual: o do prefeito Judson Lourenço (PMDB) e o do ex-governador Alcides Rodrigues (PSB). Moradores relatam que, durante todo o dia, passam carros de som na rua avisando sobre o evento e chamando a população. Ora de um grupo, ora de outro. “Todos querem ‘batizar a criança’”, diz um político da cidade. A questão é: o prefeito, que foi eleito com mais de 60% dos votos, não está bem avaliado; Alcides, por sua vez, não deverá ser candidato, mas apoiará seu filho, João Alberto (PSB). E toda ajuda é bem-vinda.
O governador Marconi Perillo (PSDB) determinou: quer Organizações Sociais (OSs) na educação do Estado. E uma escola-modelo deverá ser aplicada em Águas Lindas de Goiás, cidade do Entorno do DF. A questão das OSs é justamente dar mais atenção às escolas estaduais, de modo a agilizar a tomada de decisões e regular melhor a aplicação das medidas que partem da Secretaria de Educação. Como disse David Plank, diretor de Análise das Políticas Educacionais para a Califórnia e professor de Stanford que visitou Goiás: “É preciso ter uma melhor regulação nas escolas”. O propósito do governo é quebrar o corporativismo existente na educação atual, sobretudo entre professores. A visão dos pesquisadores, mesmo que não falem diretamente sobre o assunto OSs, vai ao encontro disso: de que é preciso haver um acompanhamento mais próximo daquilo que acontece nas escolas. Atualmente, o grande lema propagado entre os professores é de autonomia total em sala de aula. Os professores de Stanford dizem: “Isso não funciona”.
Em Inhumas, fatos inusitados ocorrem. Com a má avaliação do prefeito Dioji Ikeda (PDT), os vereadores de seu grupo político já admitem se afastar. No primeiro semestre, apontam políticos da cidade, a base do prefeito o defendia “com unhas e dentes” na Câmara. No segundo, vão fazer uma defesa “mais leve”. A questão: com a aproximação do pleito, não querem herdar a má avaliação do prefeito. E isso serve, inclusive, para os irmãos Amauri e Adenilson Pessoni, vereadores e respectivamente presidentes municipais de PT e PMDB. O primeiro é ex-líder do prefeito e o segundo é o líder atual. Enquanto isso, na articulação para a prefeitura, Dr. João (ex-PMDB e atual presidente do PSD municipal) tem tido conversas positivas com o deputado federal Roberto Balestra (PP). Inclusive, já esteve com Abelardo Vaz (PP), com quem teve uma “conversa muito boa”, diz um tucano. “Acertaram apoiar um ao outro, quem quer que seja o candidato”, afirma. Dr. João, que quase foi eleito em 2012 (teve 11.616 votos; apenas 2. 233 a menos que Dioji) atribui sua derrota ao seu ex-partido, o PMDB, que teria se aliado de última hora a Dioji. Agora pode ser novamente o candidato. O acordo seria o de, caso Abelardo não queira, Balestra lançaria Dr. João. Contudo, políticos da cidade apontam ser provável que se repita um cenário semelhante ao que elegeu Abelardo Vaz em 2004, quando a intenção era derrotar o ex-deputado e líder do PMDB na cidade, José Essado. “Formaram-se três grupos: o de Abelardo; o de Sebastião Carlos (à época no PR) e o de Valdir Marques (à época no PTN). Os três estavam ligados a Roberto Balestra”, aponta um morador. Assim, para as eleições de 2016, o cenário que provavelmente se formará deve envolver novamente três grupos: o de Abelardo, pelo PP; o de Dr. João, pelo PSD; e outro a ser definido.
O leilão da Celg está marcado para o dia 15 de novembro — a assinatura do contrato deve acontecer no dia 30 do mesmo mês. O valor provável para a venda é de R$ 8 bilhões, dinheiro que será usado em investimentos. É o que garante a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão: “Queremos dobrar o valor da Celg. Não vamos usar esses recursos no custeio da máquina, mas para investir no Estado e atrair mais recursos”. Mas o valor pode mudar. Dependerá das primeiras avaliações, que serão entregues em 60 dias.
Tem muita gente sem saber o que fazer. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff (PT) ligou para os líderes e presidentes dos partidos que compõem a sua base. O motivo: convidá-los para um jantar na segunda-feira, 3, no Palácio da Alvorada, às 19 horas. Minutos depois, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) ligou para as mesmas pessoas reafirmando o convite. Alguns minutos mais tarde, a ligação que muitos receberam foi do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB), que rompeu com o governo Dilma há algumas semanas. O motivo: convidar para um jantar no mesmo dia, no mesmo horário, só que na residência oficial da presidência da Câmara. Acontece que muitos dos líderes não sabem o que fazer. O jantar promovido por Dilma é importante, afinal, ela é presidente. “Desesperada, mas presidente”, diz um líder partidário pertencente à base do governo federal. Porém, alguns presidentes de partido apontam que Dilma não lhes serve tanto quanto Eduardo. “Se existe alguém nesse mundo que eu preciso agradar, atende pelo nome de Eduardo Cunha. Não sei o que vou fazer”, relata outro.
Servidores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontam que não apenas as irregularidades na obra da nova sede — localizada na saída para Anápolis — impedem que ela saia do papel. Segundo informações de pessoas ligadas aos conselheiros do Tribunal, a atual presidente do TCE, Carla Santillo, não teria interesse em “tocar” a obra que começou a ser feita durante a gestão do conselheiro Edson Ferrari. O “x” da questão é que Carla e Ferrari não têm uma relação muito amistosa. Além disso, a presidente, informam, não quer manchar seu currículo com a obra.
Um petista chama atenção para um fato interessante: o ex-prefeito de Goiânia e atual secretário de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas do município, Pedro Wilson, queria ter sido o candidato petista ao governo em 2014. Chegou a se articular, mas não conseguiu “enfrentar” o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide, que foi efetivamente o candidato. Gomide é ligado à tendência “PT para Vencer”, do deputado federal Rubens Otoni. A tendência petista de Pedro Wilson, a Cerrado, apenas apoiou, com mais afinco, as candidaturas a deputado federal de Olavo Noleto e Edward Madureira, que também receberam apoio da tendência Articulação, do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Aquele mais que este.
Em Goiandira, ao Sul do Estado, o ex-prefeito Odemir Moreira deve deixar o PR rumo ao PSDB. Odemir, que é candidato em 2016, é apontado como favorito diante do atual prefeito, Professor Erick (PT). O motivo da ida é certa insatisfação com o PR, partido que compôs com o próprio PSDB em 2012, quando o candidato tucano Dr. Marquim perdeu o pleito. E Odemir não deve ir só. Os três vereadores do PR na cidade — Rita Nascimento, Moacir Pires e Vandervino Mota — também devem se filiar ao PSDB. Porém, os vereadores aguardam a possível janela. Têm medo de perder o mandato e se inviabilizarem para o ano que vem.
Com a possível saída do presidente da Agetop, Jayme Rincón, para disputar a Prefeitura de Goiânia, o movimento para ocupar a vaga já começou. Todos os grupos políticos da base do governo querem a posição, que é estratégica para o governador Marconi Perillo (PSDB). Porém, se for mesmo deixar o posto, Jayme dará ao governador muito sobre o que pensar. É o que aponta um de seus auxiliares: “O governador não dará o posto a qualquer um. Tem que ser alguém de confiança, como Jayme.”