Mais de 50% das mortes por câncer ocorrem em pessoas de baixa renda e escolaridade

05 fevereiro 2023 às 08h16

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Cerca de 55% das mortes por câncer no Brasil ocorrem em pessoas com baixa renda e escolaridade, segundo estudo feito pelo Observatório de Atenção Primária da Umane. Ou seja, entre as 229.300 mortes envolvendo tumores, cerca de 126.555 foram de pessoas com até sete anos de estudo. O levantamento foi feito com base nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, em 2020.
Ainda segundo o estudo, 20% dos óbitos ocorreram entre pessoas com 8 a 11 anos de escolaridade e 9,2% com quem tinha 12 ou mais anos de estudo. A maior parte das mortes por neoplasia também ocorrem em homens, com 52% dos casos, enquanto as mulheres tiveram 48% das vítimas. Fora que 59,2% dos falecimentos envolveram pessoas com mais de 65 anos de idade.
De acordo com a diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, a médica sanitarista Rafaela Alves Pacheco, a qualidade de vida é um dos principais fatores para o desenvolvimento de um câncer.
“Os cânceres são múltiplos, mas têm uma relação muito próxima com a qualidade de vida”, disse a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em entrevista à Agência Brasil. “Além da organização das cidades, a preservação dos biomas, a alimentação, as condições emocionais, de trabalho e de acesso aos direitos humanos, assim como com a educação, o transporte, a qualidade de vida e os acessos à saúde. Todas essas perspectivas vão nos aproximar ou distanciar de um cuidado efetivo em relação aos cânceres de um modo geral”, completou.
A médica destacou que o câncer não escolhe classe social, mas as populações pobres podem sofrer mais. “A diferença para quem é mais pobre e não tem acesso e, por conseguinte, acabam tendo maior incidência de cânceres, de um modo geral”, explicou a especialista da UFPE.
Para buscar soluções para o problema, segundo ela, é necessário ações que tragam equidade na saúde. “Se temos populações que são mais vulneráveis aos cânceres, estas precisarão ter aporte de recursos e de providências sanitárias e sociais diferenciadas”, ressaltou Pacheco.
Para isso, a médica defende atenção primária à saúde, a medicina de família e comunidade podem melhorar esse quadro. Além de um fortalecimento do sistema universal de saúde.