A única filha viva do ex-presidente Juscelino Kubitschek, a arquiteta Maria Estela Kubitschek, disse que chorou ao ver imagens das invasões às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Aos 80 anos, ela contou que as cenas de destruição e vandalismo nos prédios públicos causaram uma das maiores tristezas que já teve.

“Brasília é minha irmã caçula, que vi ser sonhada, planejada e erguida”, disse Maria Estela, que testemunhou a inauguração da capital federal aos 18 anos, em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo. “Para mim, aquilo foi uma agressão pessoal. Eu chorei. Não sabia se pegava um avião do Rio de Janeiro até lá para fazer alguma coisa, se rezava para papai proteger a cidade, ou o que eu podia fazer”, completou.

Revoltada com os atos dos manifestantes antidemocráticos, ela ainda destacou que houve “falta de comando” na segurança do local. Destacando que não entendeu como os invasores entraram com tanta facilidade.

“Não é do instinto do brasileiro fazer uma coisa dessa. Não sei se onde saiu aquele ódio, se foi incentivado por alguém muito odiento. Ainda estou procurando respostas”, disse a filha do presidente que planejou a construção de Brasília, durante a década de 1950. 

Durante a entrevista, Maria Estela ainda criticou o comportamento dos atos contra o resultado das eleições. “Eleição você ganha ou perde, é simples. Se você se prontifica a participar sabendo que pode ganhar, tem que saber também que pode perder. Se o eleitor não ficou feliz, espera o tempo passar e dali a quatro anos vota de novo”, afirmou a ex-política do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Hoje com 80 anos, Maria Estela Kubitschek foi adotada pelo casal Juscelino e Sarah Kubitschek aos cinco anos, vivendo junto a eles e a filha biológica, Márcia. Ao contrário da irmã que teve carreira política, Maria Estela apenas foi candidata a vice-governadora pelo Rio de Janeiro na chapa com Eduardo Paes, em 2006.