As campanhas eleitorais, com a articulação do marketing e as observações daqueles que votam, costumam reconfigurar os cenários das disputas.

Há pouco mais de 40 dias, a imprensa comentava que o prefeito de Goiânia seria a deputada federal Adriana Accorsi, do PT, o deputado federal Gustavo Gayer, do PL, ou o senador Vanderlan Cardoso, do PSD.

O quadro atual, a 21 dias das eleições, é outro completamente diferente. O que prova a importância da campanha, dos debates, do horário gratuito e, claro, das redes sociais.

Gustavo Gayer saiu do páreo e abriu espaço para Fred Rodrigues (que deve ser candidato a deputado federal em 2026), do PL. Até o momento, o jovem sucessor não emplacou, patinando entre o quarto e o quinto lugares — disputando não com os principais postulantes, e sim com o prefeito Rogério Cruz, do Solidariedade, e Matheus Ribeiro, do PSDB.

O fato novo da disputa foi o surgimento do candidato Sandro Mabel, do União Brasil.

Desenhava-se uma polarização entre Adriana Accorsi, da esquerda, e Vanderlan Cardoso, da centro-direita. Mas a entrada de Sandro Mabel mudou o jogo político, embaralhando a sucessão e criando um empate triplo nas primeiras colocações.

As pesquisas de intenção de voto mostram que, no momento, qualquer um dos três — Adriana Accorsi, Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso — pode ir para o segundo turno. Quer dizer, dois deles irão para a disputa final.

Repetindo, Adriana Accorsi, Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso são candidatos fortes e quem está dizendo isto — provam as pesquisas de intenção de voto — são os eleitores. Mas o segundo turno pode ser mais fácil para qual dos três postulantes? Neste momento, é impossível saber. Mas vale arriscar hipóteses.

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Um segundo turno entre Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso é melhor para qual dos dois? Pela lógica, para o senador.

Porque Adriana Accorsi tende a não agregar apoios novos — exceto, quem sabe, o PSDB de Marconi Perillo, Aava Santiago e Matheus Ribeiro. Se o tucanato não apoiar a petista, ao menos a vereadora irá para seu palanque, pois as duas são amigas e estão alinhadas.

Vanderlan Cardoso, se disputar contra Adriana Accorsi, conquistará apoio novo? Talvez sim. Talvez não. Sandro Mabel poderá apoiá-lo? É possível. Mas parte significativa da base do governador Ronaldo Caiado poderá manter-se à distância.

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Um segundo turno entre Adriana Accorsi e Sandro Mabel é melhor para qual dos dois? Pela lógica, para o ex-deputado federal.

A direita bolsonarista, que se posiciona contra o PT, certamente caminhará com Sandro Mabel, o que o fortalecerá, e muito. Vanderlan Cardoso, apesar de suas ligações com o governo do presidente Lula da Silva, é umbilicalmente vinculado ao candidato do União Brasil.

Sandro Mabel é o principal responsável por Vanderlan Cardoso ter se tornado político. Quando prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso teve sua gestão viabilizada, em larga escala, pelo então deputado federal Sandro Mabel. Por gratidão e, até, amizade, a tendência é que, na hipótese de segundo turno entre a petista e o membro do União Brasil, o empresário e senador fique com o segundo. Se ficar com a primeira, terá carimbado a ideia de que, de certa maneira, é um “neo-petista” ou um membro da “direita melancia”.

Portanto, o segundo turno pode ser, de certo modo, melhor para Sandro Mabel do que para qualquer outro candidato. Sua candidatura tende a ser encorpada por novas alianças.

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Um segundo turno entre Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel é melhor para qual dos dois?

De cara, é preciso assinalar: a direita bolsonarista, que tem força em Goiânia, não caminhará com Vanderlan Cardoso. Por considerá-lo ligado ao presidente Lula da Silva, do PT. Os bolsonaristas goianos, notadamente os goianienses, se tornaram críticos radicais do senador.

Se há resistência ao nome de Vanderlan Cardoso, há ressalvas ao nome de Sandro Mabel. Mas não são instransponíveis — até porque Jair Bolsonaro tem simpatia pelo deputado, que foi seu colega de Parlamento por vários anos. Um dos principais aliados de Jair Bolsonaro em Goiás, o empresário Ugton Batista, e vários cantores sertanejos, como Marrone e Gusttavo Batista, ambos bolsonaristas, já estão apoiando o candidato do União Brasil

O PT caminhará com Vanderlan Cardoso no segundo turno? Em nome do realismo político, sim. Mas a maioria dos petistas ficará em casa, por considerar o senador como um político de direita. Acredita-se, entre os petistas, que o líder do PSD apoia o governo de Lula da Silva não por razões ideológicas, e sim por oportunismo político. Entre 2019 e 2022, o senador transitou, com o máximo de desenvoltura, ao lado de Jair Bolsonaro e de seus ministros. (E.F.B.)

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