Jayme Rincón e Vanderlan Cardoso: a eleição de um deles em Goiânia pode cacifar o candidato de Marconi Perillo para o governo em 2018. Enfraquecendo Iris Rezende, reduzirá a força de Caiado | Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção
Jayme Rincón e Vanderlan Cardoso: a eleição de um deles em Goiânia pode cacifar o candidato de Marconi Perillo para o governo em 2018. Enfraquecendo Iris Rezende, reduzirá a força de Caiado | Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção

Cada eleição é seu próprio destino. Mas algumas contribuem para formatar o destino das outras. A de 2014, com a reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), deve formatar mais a disputa de 2016 do que esta deve influenciar a de 2018. Mas sempre há alguma influência, porque as prefeituras, embora em crise permanente, ampliam o capital político e, mesmo, o financeiro dos partidos. A Grande Goiânia tem pelo menos quatro cidades eleitoralmente importantes ou decisivas: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo. Talvez seja possível incluir Anápolis, município próximo.

Hoje, o PT governa Goiânia e Anápolis. O PSDB dirige Trindade. O PMDB controla Aparecida. O PDT está no poder em Senador Canedo.

As oposições têm as três principais prefeituras e a situação, duas: Senador Canedo (Misael Oliveira) e Trindade (Jânio Darrot). Mesmo com este poderio todo, PMDB e PT não conseguiram eleger o governador de Goiás. Para 2016, examinando a partir do quadro que está relativamente estabelecido — mas que tende a mudar, se não inteira, parcialmente —, a situação é mais complicada para o PT.

Em Goiânia, a disputa final não se dará, possivelmente, entre o petismo e o tucanato (ou um aliado do tucanato), mas entre o tucanato e o peemedebismo. O PT tem nomes respeitáveis para a disputa — os deputados estaduais Hum­berto Aidar e Adriana Accorsi e o primeiro suplente de deputado federal Edward Madureira —, mas não populares a ponto de desbancarem, por exemplo, um Iris Rezende, do PMDB, ou um Vanderlan Cardoso, do PSB. Tanto que há integrantes do petismo — o prefeito Paulo Garcia e o deputado Luis Cesar Bueno — que preferem uma composição com Iris, bancando Adriana Accorsi na vice, do que uma candidatura-solo.

O prefeito de Anápolis, João Gomes (PT), é consistente. Assumiu o lugar de Antônio Gomide, um ícone na cidade, e manteve a qualidade da gestão anterior. Porém, se perder em Goiânia e Anápolis, o PT chegará com uma estrutura fragilizada para a disputa de 2018, o que o levará, provavelmente, a submeter-se ao projeto do PMDB — desde que o candidato a governador deste partido não seja o senador Ronaldo Caiado (DEM). O PSDB, se ganha em Anápolis, com Alexandre Baldy ou outro, encorpa suas forças para 2018 e, de quebra, contribui para enfraquecer o PT.

Mas é em Goiânia que se dará o grande enfrentamento. O governador Marconi Perillo, no momento, está mais preocupado em reorganizar sua gestão, com o objetivo de recuperar a capacidade de investimento do Estado e, sobretudo, de superar a crise, que é local e nacional. Porém, como político eficiente, articula, nos bastidores, com o objetivo de, principalmente, enfraquecer o PMDB, o DEM e o PT. Embora tenha um pré-candidato, Jayme Rincón, do PSDB, atraiu Vanderlan Cardoso, do PSB, para sua aliança. Qual é sua estratégia? A prioridade é derrotar Iris Rezende, porque, se conseguir, enfraquecerá o peemedebista e seu possível candidato a governador, em 2018 — Ronaldo Caiado. Ao mesmo tem­po, se ganhar Goiânia, amplia sua estrutura e, também, reduz a estrutura dos adversários.

Marconi não aposta muito na disputa eleitoral de Aparecida, porque lá o prefeito Maguito Vilela (PMDB) é uma espécie de “deus”. Porém, se o deputado Waldir Soares, do PSDB, aceitar a missão de disputar a prefeitura do município — o delegado insiste que prefere disputar em Goiânia —, a possibilidade do tucanato cresce. No momento, Waldir é mais forte do que o candidato de Maguito, o economista Euler Morais.

Se Euler Morais for eleito, porque ele é a continuidade do projeto de Maguito na prefeitura e se Iris não for eleito em Goiânia, cresce a possibilidade de o deputado federal Daniel Vilela disputar o governo de Goiás em 2018 pelo PMDB.

Trindade, dada a questão da fé, é uma cidade de forte apelo simbólico. O prefeito Jânio Darrot organizou a casa, depois do “terremoto” chamado Ricardo Fortunato (PMDB) — que não tinha preparo técnico para gerir uma cidade —, e agora sua administração começa a deslanchar. A tendência é que seja reeleito — o que fortalece o projeto tucano. Deve enfrentar uma candidata dura e profissional, a deputada federal Flávia Morais. Mas a líder do PDT tem um esqueleto inescapável no armário — o marido George Moras, mais conhecido como Renda Cerveja, possivelmente, ao lado de Ricardo Fortunato, o político mais desgastado do município. É George “Renda Cerveja” Morais quem mais puxa Flávia Morais para trás.

Em Senador Canedo, até as pedras, seguidas pelos postes, apostam que o prefeito Misael Oliveira, do PDT, será reeleito. Se brincar, ganha por w.o., sobretudo por ter o apoio de Vanderlan Cardoso. Mas não só. Misael Oliveira tem méritos, pois faz uma administração consistente, com obras relevantes e com as contas em dia. É um dos raros casos de prefeito que está conseguindo cumprir os compromissos de campanha. É apontado como dinâmico e, aos poucos, está conseguindo mostrar o que fez. Não é pouco, mas só agora percebeu que quem tenta fazer “revolução silenciosa” desaparece do mapa, é esquecido pelos eleitores.