Prefeito de Minaçu, Nick Barbosa não descarta renúncia até julho deste ano
08 março 2017 às 17h24
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“Em julho, se as coisas não mudarem, vou cuidar de minhas coisas, das minhas fazendas. Vou ter humildade para pedir desculpas à população”, disse
O repórter Danillo Neres, do portal “O Norte de Goiás”, publicou uma notável entrevista do prefeito de Minaçu, Nick Barbosa, do DEM. O título do texto é: “‘Se eu não conseguir até julho, vou ter humildade para entregar’, diz Nick Barbosa”.
O prefeito de Minaçu, um dos municípios mais prósperos do Norte de Goiás, ao lado de Uruaçu e Porangatu, disse, segundo o portal, que a prefeitura deve 120 milhões de reais. Só as dívidas de curto prazo chegam a 21 milhões de reais. O poder público deve para a Celg (6 milhões), para a Saneago (700 mil reais), para o MinaçuPrev (2 milhões) e para os servidores públicos. Como a arrecadação é de apenas 5,7 milhões de reais (valor que às vezes cai, dada a crise econômica), Nick Barbosa afiança que não está sequer conseguindo pagar as despesas mensais. No momento, sua principal preocupação nem é tapar os incontáveis buracos das ruas, e sim pagar a folha do funcionalismo (430 mil reais).
“Minaçu está quase em condições de falência”, admite Nick Barbosa. O prefeito diz que, se as prestações mensais das dívidas não forem espichadas, não terá como administrar a cidade. Ele afirma que não sabe por quais motivos os políticos brigarem para se eleger prefeito de Minaçu em 3 de outubro de 2016, dado o quadro falimentar da prefeitura. “Esse trem é só abacaxi”, disse ao incisivo jornalista Danillo Neres.
O quadro é tão difícil que o prefeito está a ponto de um ataque de nervos. “Eu não prometi emprego. Prometi que ia ajudar Minaçu.” Nick Barbosa sustenta que, na campanha, já dizia que, se “não desse conta de organizar a prefeitura”, entregaria o cargo em seis meses. “Vou entregar se eu não der conta. Não preciso daquilo lá [a prefeitura], não. Aquilo é um pesadelo.” A situação só não está pior, segundo o prefeito, porque está sendo ajudado pelos deputados Cláudio Meirelles (PR), Helio de Sousa (PSDB) e Lincoln Tejota (PSD) — os três da base do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. O senador Ronaldo Caiado (DEM) também está “ajudando”.
A história de que pode renunciar é mesmo verdadeira? É. Nick Barbosa diz que julho é o mês-limite, sobretudo se a arrecadação continuar caindo e não conseguir renegociar as dívidas, que, no momento, inviabilizam sua gestão. “Eu tenho duas” opções: “decretar falência ou desistir. Não vou ter vergonha, não”. Em julho, “se as coisas não mudarem, eu vou cuidar de minhas coisas, das minhas fazendas. Eu vou ter humildade para pedir desculpas à população”.
O prefeito assegura que “vergonha pior é lutar” para amealhar um patrimônio, com negócios consolidados na iniciativa privada, e depois ter de entregá-lo para cobrir despesas que não fez. Ele receia ter de “pagar” pelos erros administrativos de ex-prefeitos — como Maurides Rodrigues Nascimento e Cícero Romão. Por falta de orientação de advogados, Nick Barbosa diz que “achava que os responsáveis” pelos “erros anteriores seriam” dos “prefeitos” que o antecederam. “Eu me casei com uma viúva” que é mãe “de seis meninos”. E a “despensa” está “vazia”.
Danillo Neres pergunta se o prefeito está arrependido de ter disputado a eleição e de ter assumido a prefeitura. Nick Barbosa não foge da raia: “Sinceramente? De coração, me arrependi. Não falo isso da boca para fora. Perdi o controle sobre minhas fazendas, meu futebol. Engordei 11 quilos. Não durmo mais direito”.
Na questão dos gastos públicos, Nick Barbosa sublinha que decidiu centralizar porque algumas coisas estavam “sumindo”.
A má notícia para Nick Barbosa é que dificilmente a situação do país e, portanto, de Minaçu, que não é uma ilha, vai melhorar. Renúncia à vista, então.