Popular erra e publica manchete equivocada sobre aplicação de recursos de privatização da Celg D
07 outubro 2017 às 14h46
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Roberto Civita costumava dizer que são poucos jornalistas que entendem de números. No caso do “Pop” deve ter sido uma coisa assim meio culposa
O jornalismo diário, especialmente na era da internet, tem de trabalhar em uma velocidade que nem sempre se ajusta à boa apuração. Foi o que ocorreu hoje com o jornal “O Popular”, que errou ao afirmar que o governo de Goiás “excluiu” as obras da Saúde da destinação das receitas da privatização da Celg Distribuição.
A reportagem, assinada pela jornalista Fabiana Pulcineli, afirma que, “dos cerca de R$ 800 milhões obtidos com a privatização da estatal, R$ 100 milhões vão para o aumento do capital social da Saneago e todo o restante será investido em 34 obras da Agetop”. Competente, Fabiana escorregou na casca da linguagem burocrático-administrativa, cheia de armadilhas e compreensível não na generalidade, mas nos detalhes.
Para afirmar que o governo estadual excluiu as obras da saúde da destinação dos recursos da Celg, Fabiana compara dois decretos, supostamente opostos entre si. O que a jornalista não percebeu é que o primeiro, de março deste ano, trata de valores e obras. O segundo, editado ontem, cita apenas obras e um único valor – R$ 100 milhões integralizados ao capital social da Saneago.
Segundo o governo de Goiás, o decreto editado ontem redefine tão somente as obras rodoviárias e civis a serem executadas pela Agetop com as receitas da privatização. A assessoria de imprensa do governo afirma que “os valores destinados para as obras, nas diferentes áreas, permanecem rigorosamente os mesmos: R$ 500 milhões para obras rodoviárias e civis no âmbito da Agetop; R$ 200 milhões para as obras na área da saúde; R$ 100 milhões para capitalização da Saneago; R$ 50 milhões para investimentos em geração e transmissão e R$ 20 milhões para a Universidade Estadual de Goiás (UEG)”.
Roberto Civita, fundador da revista “Veja”, dizia que são raros os jornalistas que sabem “contar” — quer dizer, lidar com números —, mas, no caso, deve ter sido descuido. Quer dizer, algo assim meio culposo. Veremos se “O Popular” vai se corrigir e pedir desculpas aos leitores…