Bastidores

É possível que, em 2017, o governo de Goiás construa um hospital veterinário em Goiânia. A demanda é crescente. Tais hospitais já existem em vários países e funcionam muito bem. O filósofo britânico John Gray, em “Cachorros de Palha”, sugere uma revalorização dos demais animais — para além dos interesses dos homens. Ao matarem Deus, os homens se tornaram os verdadeiros deuses na Terra, senhores da vida e da morte dos outros animais. Religiosos e ateus irmanam-se na destruição das outras vidas. Por quê? Porque, como seres humanos, se julgam mais importantes do que tudo. São os novos deuses.
O médico Zacharias Calil é o objeto de desejo de vários partidos. Cotado para ser vice de Waldir Soares, na disputa pela Prefeitura de Goiânia, foi barrado pela deputada federal Magda Mofatto (PR), alegando que o PMB não tinha tempo de televisão. Se o PR não o quis na vice, o que levou ao afastamento do PMB, Zacharias Calil tem conversado com vários políticos, como Iris Rezende. Antes deste, falou com o governador Marconi Perillo (PSDB). Em 2018, Zacharias Calil, que em novembro viaja para o Leste Europeu, para encontro médico, deve disputar mandato de deputado federal. Seu passe é cobiçado, por, entre outros, PSDB, PSD e PMDB. Sua imagem é positiva em Goiânia e no Estado.
O PSD banca Carlos Batista Culau para prefeito de Alexânia. O PSDB banca Cida do Gelo. Desgastado, o prefeito não quis disputar a reeleição e, por isso, banca Adair Rabelo Neto, do PMDB. O PPS lançou o Doutor Allysson Silva Lima e o Solidariedade vai para a disputa com Naldim Magalhães.
O geólogo e marqueteiro Carlos Maranhão integrou-se à campanha de Vanderlan Cardoso, com o objetivo de dar um verniz mais social ao discurso do candidato do PSB a prefeito de Goiânia. Mais: Carlos Maranhão, na equipe, é sinal de que o governador Marconi Perillo está mesmo empenhado na campanha do empresário.
Do candidato do PSB a prefeito de Aparecida de Goiânia, Marlúcio Pereira, ao Jornal Opção: “Vou ser eleito prefeito de Aparecida de Goiânia”. Seu vice, Willian Ludovico, acrescenta: “E não será nenhuma surpresa”. Marlúcio Pereira sustenta que será eleito enfrentará setores poderosos da política de Goiás. “Minha campanha será modesta, a do tostão contra o milhão.”
Há dois riscos na política. Superestimar e subestimar as forças dos adversários e as próprias forças. No caso de Waldir Delegado Soares, fica-se com a impressão de que seus adversários estão subestimando o seu potencial eleitoral. O policial é um fenômeno de massas e, como tal, pode surpreender o coro dos contentes. Quem quiser derrotá-lo, não deve transformá-lo em motivo de chacota. Porque, se o fizer, poderá transformá-lo em vítima. A civilização ocidental cristã adora uma vítima.
O candidato do PSB a prefeito de Goiânia, empresário Vanderlan Cardoso, está mais motivado, sente que conquistou o apoio de um grupo político encorpado. Mas, aliados do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), sugerem que o socialista ainda não encontrou o tom ideal da campanha e, também, não soube cativar a militância tucana. Recomenda-se um carinho especial com uma base que, quando quer, é poderosa. “Na marra, a base não vai para nenhuma campanha, nem por gravidade”, explica um lua azul que, de tão histórico, chega a ser pós-histórico.

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Há quem aposte que, durante a campanha, quando apresentar suas propostas e sua serenidade, Adriana Accorsi poderá crescer nas pesquisas. Pode não ser eleita, nem ir para o segundo turno, mas tende a melhorar seus índices nas pesquisas de intenção de voto. O maior problema de Adriana Accorsi não é a deputada-delegada — é o PT, uma verdadeira pedra no caminho. Ressalve-se que não está envolvida em nenhum escândalo — seja nacional, estadual e municipal. É ficha limpíssima.
Há quem aposte, sobretudo no PT, no PSD e no PMDB, que o candidato do PR, Waldir Delegado Soares, será tão desidratado, ao ser apresentado como inconsistente como gestor, que cairá para o quarto lugar, atrás de Iris Rezende (PMDB), Vanderlan Cardoso (PSB) e, sim, Adriana Accorsi. Pode ser que aconteça isto. Mas o policial-deputado é um fenômeno eleitoral, um fenômeno de massas, produzido e reproduzido pelas redes sociais, e não pode ser subestimado. Trata-se de um candidato fortíssimo e com forte empatia com a população.
Atualizada às 18h10 para correção de informação Partido mais forte em todo o Estado, o PSDB lança, para a eleição municipal deste ano, candidatos a prefeito em mais de 130 municípios — mais que o PMDB de Iris Rezende e Daniel Vilela, que lançou 116. Em todos os municípios de Goiás, há pelo menos um candidato da base aliada. Em alguns municípios, há de dois a três postulantes que apoiam o governo de Marconi Perillo (PSDB).
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fumou o charuto da paz com o deputado federal Thiago Peixoto e com o secretário das Cidades, Vilmar Rocha, ambos do PSD. No fundo, são aliados e amigos. Na semana passada, Vilmar Rocha, presidente do PSD, e Thiago Peixoto viajaram no mesmo avião que o governador Marconi Perillo para Mato Grosso do Sul. Conversaram amigavelmente. O tucano-chefe tem dito que quer paz na base aliada. Divergências pontuais não devem ser transformadas em divergências de fundo. O governador também não quer saber de picuinhas.
Em Brasília, espécie de ilha da fantasia sustentada por um país real, comenta-se que o senador Ronaldo Caiado, presidente do DEM em Goiás, estaria praticamente na oposição ao governo do presidente Michel Temer. O que se fala, no Palácio do Planalto, é que o democrata nunca está satisfeito com nada e que só se sente bem quando está criticando e atacando. Michel Temer, político escolado, não abriu espaço para o senador goiano na formatação de sua equipe. Em seguida, o presidente transformou o governador Marconi Perillo no seu principal interlocutor para assuntos do Estado — e costuma dialogar com o tucano-chefe sobre questões nacionais. O motivo? Ronaldo Caiado é um outsider em Brasília. É um só. O governador tem o apoio de dois senadores e de pelo menos treze deputados federais. Experimentado, é disto que Michel Temer precisa no Congresso Nacional. O resto é discurso.
O irismo mais radical afirma que o deputado federal Daniel Vilela aproxima-se de Iris Rezende, diz que o apoia, mas no fundo torce por sua derrota. “Como quer disputar o governo do Estado, em 2018, o presidente do PMDB sabe que, se Iris Rezende for eleito prefeito de Goiânia, vai bancar a candidatura de Ronaldo Caiado para governador. Há quem aposte que o senador teria uma ficha preparada para se filiar ao PMDB, em 2017”, afirma um peemedebista.
Marqueteiros experimentados afirmam que o marketing de Jorcelino Braga perde textura e qualidade sem o texto do marqueteiro Alberto Araújo — que seria o elemento criativo da dupla. Jorcelino Braga assume como marqueteiro oficial de Iris Rezende e Alberto Araújo é o marqueteiro da campanha de Vanderlan Cardoso.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha tem confidenciado que ajudou praticamente todos os deputados federais do PMDB na eleição de 2014 — sim, com grana mesmo —, inclusive políticos de Goiás. É provável que, se fizer delação premiada, como cogitam alguns advogados — porque, se não fizer, não escapará de uma condenação pesada —, entregue todo mundo. Pode sobrar para os aliados goianos. Há quem recomende a Eduardo Cunha que, no lugar de fazer delação premiada, o que o queimaria com meio Brasil, conceda uma entrevista coletiva, um dia depois de cassado — sua cassação é irreversível —, revelando todo o bastidor de suas alianças políticos e negócios.

A economista Ana Carla Abrão Costa recebeu carta branca do governador para deliberar sobre os assuntos da Secretaria da Fazenda em Goiás. A secretária combinou que vai concluir as medidas do ajuste fiscal até dezembro, quando deverá deixar o governo. Isto, é claro, se não for chamada antes para o Ministério do Planejamento.