Bastidores
Os deputados Rubens Otoni (federal) e Humberto Aidar (estadual) estão cada vez mais convictos de que o PT tem um “diamante bruto” no Estado. Trata-se do ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira. Rubens e Aidar acreditam que, num trabalho artesanal, o petismo poderá lapidá-lo e, quando chegar 2016, estará pronto para ser exibido ao eleitorado como candidato a prefeito de Goiânia. Há grupos de petistas, alguns deles até simpáticos à Articulação, que avaliam que o candidato do PT a prefeito de Goiânia não pode sair do grupo do prefeito Paulo Garcia. Eles sugerem que o desgaste do prefeito pode contaminar o candidato e derrotá-los. Teme-se até que o partido faça uma bancada de vereadores irrisória. Aposta-se em Edward Madureira porque, embora seja filiado ao PT, tem um percurso construído à revelia do partido, como gestor, dos mais qualificados, da UFG. Para substituir o prefeito de Goiânia, que não tem fama de administrador eficiente, acredita-se, entre os petistas mais independentes, que será preciso apresentar um candidato que seja gestor competente e experiente. O nome seria o de Edward Madureira, que, como candidato a deputado federal, mesmo sem estrutura de campanha, recebeu quase 60 mil votos.

[caption id="attachment_24648" align="alignleft" width="620"] Deputado federal Sandro Mabel |Foto: Edilson Pelikano[/caption]
A bola de cristal diz: “O candidato a prefeito de Goiânia em 2016, pelo PMDB, será Iris Rezende”. A razão, bola de cristal do jornalista, contrapõe: “É possível que o cacique dispute. Mas há variáveis”. Precisa ter vontade, saúde, apoio político e capacidade de bancar a campanha. Um irista afirma que “muitos querem disputar a Prefeitura de Goiânia, mas poucos sabem como a próxima disputa será caríssima”.
Na opinião deste irista, nem Agenor Mariano, nem Bruno Peixoto e mesmo Iris Rezende têm condições de bancar uma candidatura contra um opositor com estrutura ampla. O que fazer? “Convocar Sandro Mabel para a disputa. O principal diferencial do empresário é dinheiro.”

[caption id="attachment_24636" align="alignleft" width="620"] Agenor Mariano (à esquerda) e Bruno Peixoto querem disputar o Paço Municipal | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O PMDB de Goiás, se fosse um indivíduo, teria de consultar um analista. Há uma crise de identidade. Há quem acredite que é preciso “matar”, simbolicamente, o “pai”, representado pela figura de Iris Rezende. Há quem admita que o conflito com o PT é uma maneira de escamotear a própria crise. A intelligentsia do partido avalia que o partido perdeu a capacidade de pensar de maneira inteligente e estratégica, tão-somente reagindo aos ventos das circunstâncias.
Discute-se: “Quem vai presidir o partido em Goiânia?” O deputado Bruno Peixoto, cuja estratégia é não ter estratégia, quer ser o presidente por dois anos, não apenas da comissão provisória por 90 dias. Porém, pelo menos dois peemedebistas receberam a recomendação de que não deve ser o escolhido. O irismo quer Agenor Mariano no comando em Goiânia.
O motivo da preferência por Agenor Mariano? “Lealdade, confiabilidade”, afirma um irista. “Bruno Peixoto é ‘lá’ e ‘cá’”, afiança o mesmo irista. “Bruno pode ficar no comando por 90 dias, mas depois não vai dirigir o partido. Ele tem mania de colocar até o pessoal de seu gabinete no diretório. Não pega bem.”
O que há por trás de algumas intrigas? O fato de que tanto Agenor Mariano quanto Bruno Peixoto têm o mesmo projeto: querem disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2016. O deputado está se tentando se aproximar de Iris Rezende, mas este desconfia de sua lealdade. Até pouco tempo, era um dos que estavam mesmerizados pelo canto de sereia de Júnior Friboi.
Tanto Agenor Mariano quanto Bruno Peixoto sabem que, se quiser, Iris Rezende será o candidato do PMDB a prefeito de Goiânia. A diferença é que, se o peemedebista-chefe postular, Agenor Mariano não hesita um minuto e retira seu time de campo e passa a apoiá-lo. Bruno Peixoto, se conseguir o apoio de um empresário como Júnior Friboi, “enfrenta” Iris Rezende e tenta disputar a prefeitura.

[caption id="attachment_24630" align="alignleft" width="250"] Waldir Soares: fenômeno de 2014 | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O marxismo avalia que só as massas mudam a história. Mas a história comprova que indivíduos isolados produzem mudanças e, às vezes, conduzem as massas. Como Lênin que, buscado na Finlândia, comandou a Revolução Russa de 1917, quando alguns de seus aliados recomendavam que, mais uma vez, fugisse do País. Nas eleições de 2014, em Goiás, pode-se falar num fenômeno eleitoral: o delegado Waldir Soares, do PSDB, que foi eleito deputado com uma votação extraordinária, o que contribuiu para que a bancada governista conseguisse eleger 13 parlamentares federais.
Waldir Soares não tinha dinheiro. Mas tinha vontade e usou a internet para articular uma multidão de cabos eleitorais virtuais que se tornaram eleitores. Abertas as urnas, o fenômeno: gastando um valor irrisório, obteve quase 300 mil votos.
Em 2016, o fenômeno estará de volta, possivelmente como candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia. Mas um detalhe tem chamado a atenção de todas as cúpulas partidárias: Waldir Soares também é forte em Goiânia. O único problema é que, na capital, o PSDB vai bancar a candidatura de Jayme Rincón para prefeito. A tendência é uma dobradinha nas duas cidades vizinhas, Jayme no palanque de Waldir e vice-versa.
Os vereadores aprovaram, na semana passada, projeto que transfere os hospitais públicos municipais de Goiânia — como as maternidades Dona Iris e Nascer Cidadão — para a gestão do Hospital das Clínicas. Acredita-se que o prefeito Paulo Garcia pretende inclusive transferir alguns cais para o órgão do governo federal. “O Sindisaúde e o Conselho Municipal de Saúde são contrários ao projeto. O PT goiano, sobretudo o deputado Mauro Rubens, criticou as organizações sociais na saúde do Estado, mas o prefeito Paulo Garcia pretende fazer algo parecido”. O setor de saúde garante que não foi ouvido pelo prefeito Paulo Garcia. “Os vereadores tiveram de ‘engolir’ o projeto, que não é positivo para a cidade.”

[caption id="attachment_24619" align="alignleft" width="620"] Júnior Friboi e Vanderlan Cardoso: o problema é que o segundo
político não quer ir para o PMDB | Foto: Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção e Fábio Lima[/caption]
Os empresários e políticos Júnior Friboi, do PMDB, e Vanderlan Cardoso, do PSB, almoçaram recentemente e conversaram sobre “negócios e cenários políticos”. O Jornal Opção publicou a versão do segundo e agora publica a do primeiro. No básico, não diferem.
“Eu disse a Vanderlan que seu nome é bem-vindo para disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016. Eu e o PMDB moderno gostaríamos de apoiá-lo. Trata-se de um nome para ganhar. É gestor, tem experiência”, relata Friboi. “Ele me disse: ‘No momento, estou pensando nos meus negócios, pois estou lidando com política há dez anos’”.
Ante a resposta, não muito precisa, Friboi disse a Vanderlan: “Se você não for candidato, o PMDB lançará um nome”. Dito isto, o líder do PSB perguntou a Friboi: “Qual é o seu plano para 2018?” O líder do PMDB redarguiu: “Não tenho uma ideia precisa sobre 2018, porque está longe. Mas, se estivermos juntos, seremos fortes. Sozinho, você se deu mal, em 2014”.
Friboi diz que tem apreço por Vanderlan. “Gosto muito dele. Porque é determinado e verdadeiro nos relacionamentos e conversas. Mas, se quiser ganhar eleição majoritária, precisa de uma frente política forte, ampla. Eleição é grupo. Um grupo coeso tem condições de ganhar eleições. A divisão excessiva das oposições sempre vai favorecer o candidato do governo.”
Ao sugerir que não tem obsessão com o governo de Goiás, Friboi estaria sugerindo que pode não disputar em 2018? “Pode ser que eu dispute o governo, mas não é mais o sonho principal de minha vida. A eleição será disputada daqui a quatro anos. Será que um empresário como eu, com tantas coisas para fazer, pode esperar tanto tempo?”

[caption id="attachment_24614" align="alignleft" width="620"] Presidente do PSD, Gilberto Kassab articulou ida de Vilmar Rocha para secrertaria | Foto: Agência Brasil[/caption]
O presidente do PSD, Gilberto Kassab (foto), disse para o governador Marconi Perillo que, indicado para o cargo de secretário das Cidades, o deputado federal Vilmar Rocha teria as portas de seu gabinete sempre abertas. Noutras palavras, outro secretário teria de marcar audiência. Racionalista, o tucano-chefe não pensou duas vezes.

O Jornal Opção perguntou para 5 empresários e 5 políticos: “Qual é o auxiliar mais competente do governo Marconi Perillo?” Os empresários não titubearam: o nome é Jayme Rincón, seguido de Thiago Peixoto (que voltou para a Câmara dos Deputados). Eles disseram que Rincón é quase hors concours, por sua imensa capacidade de trabalho. É apontado como um gestor consistente.
Perguntados se Jayme Rincon tem condições de administrar Goiânia, os entrevistados disseram que Goiânia “precisa de alguém com a sua energia” e “vontade de fazer as coisas acontecerem”.
Deputados mais experimentados avaliam que Chiquinho Oliveira articulou mal na Assembleia Legislativa. “Ele chegou arrogante, usando o nome do governador Marconi Perillo. A turma não gostou e, embora estivesse reticente, acabou embarcando na canoa de Helio de Sousa, que é moderado e ponderado”, afirma um deputado da base marconista. Chiquinho Oliveira pode ter articulado mal, mas ganhou destaque na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa.
Helio de Sousa (DEM) está confirmado como presidente da Assembleia Legislativa de Goiás. Por consenso. O tucano José Vitti vai ser o líder do governo. Talles Barreto (PTB) deve assumir a Comissão de Constituição e Justiça.
Virmondes Cruvinel Filho pressiona para conseguir a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. Mas não está fácil. “Virmondes é marinheiro de primeira viagem”, afirma um deputado ligado ao presidente Helio de Sousa. “O sujeito nem chegou e já quer ficar na janelinha.”
O historiador Gilvane Felipe deve ir para um cargo do segundo escalão do governo Marconi Perillo na cota do deputado estadual eleito Virmondes Cruvinel Filho (PSD). Radicalizado, Virmondes Cruvinel quer montar um grupo para apoiá-lo para prefeito de Goiânia e rejeita alinhamento automático com o PSDB. O problema é que o preferido do partido, no caso de disputa pela Prefeitura de Goiânia, é o deputado Francisco Júnior.
Com a ida de Thiago Peixoto para a Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), Sandes Júnior fica confirmado como deputado federal. A cúpula nacional do PP vai agradecer o governador Marconi Perillo assim que tudo estiver confirmado. Sandes Júnior é considerado, em Brasília, como um deputado de “alta qualidade”, que sempre apresenta projetos de interesse social.
O ex-deputado goiano Cleovan Siqueira e o futuro ministro das Cidades, Gilberto Kassab, estão tricotando com frequência. Na pauta, a criação do PL. O partido sai em 2015, com o apoio da presidente Dilma Rousseff.
O deputado federal Jovair Arantes equivoca-se: o PSD de Goiás é maior do que o PTB. O PSD elegeu dois deputados federais e cinco estaduais e o PTB um deputado federal e cinco estaduais.