Com dificuldade de manter sua base unida, o senador democrata trabalha para “tomar” parte do PMDB

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Os pré-candidatos a governador de Goiás pelo DEM, senador Ronaldo Caiado, e pelo PMDB, deputado federal Daniel Vilela, começam a enfrentar problemas que, se levados para a campanha de 2018, poderão fragilizá-los. Primeiro, as bases dos dois estão se atacando, até com relativa fúria. O porta-voz informal do presidente do PMDB, o deputado estadual José Nelto, não economiza palavras para definir o presidente do partido De­mocratas como “vanguarda do atraso”. Democratas atacam sugerindo que, além de não ter experiência política, o jovem parlamentar não tem competência técnica e, por isso, deveria se qualificar de maneira mais adequada. Os ataques, por enquanto, estavam circunscritos aos bastidores, mas começam a chegar às ruas e à imprensa.

Segundo, o DEM está dividido. Parte significativa do partido, notadamente prefeitos e vereadores, quer ficar na base do governador Marconi Perillo e, portanto, pretende apoiar o seu candidato a governador, José Eliton, do PSDB. O prefeito de Hidrolândia e presidente da Associação Goiana de Municípios, Paulinho Sérgio, trocou o DEM pelo PSDB recentemente. Porque queria permanecer na base do tucano-chefe. Outros prefeitos do partido caminham, céleres, para trocá-lo por uma legenda da base governista.

Isolado, como se fosse uma ilha, a andorinha Ronaldo Caiado terá condições de fazer verão? Por ser mais conhecido, até poderá sair em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Mas, sem ter estrutura nos municípios — tanto que está tentando usar a estrutura do PMDB até para receber ministros, como o da Educação, Mendonça de Barros, em Goiás —, como fará para sustentar a campanha? Será muito difícil — o que poderá torná-lo uma espécie de Demóstenes Torres, o de 2006, em 2018.

Terceiro, quanto a Daniel Vilela, há alguns “drummonds” no meio de seu caminho. Um deles é o pai, Maguito Vilela, que é o preferido de vários prefeitos e de políticos mais experimentados. O ex-prefeito quer ser candidato, embora diga que não quer atropelar o pupilo. Outro é o fato de que terá pela frente um PMDB duplamente dividido na capital e no interior. O PMDB de Goiânia, o liderado pelo prefeito Iris Rezende, tem mais simpatia, em primeiro lugar, pelo postulante Ronaldo Caiado e, em segundo lugar, por Maguito Vilela. Daniel Vilela é a última opção do irismo — aliás, talvez não seja uma opção.

Um das pedras mais perigosas no caminho do peemedebista é que parte de sua base no interior parece mais entusiasmada com Caiado. Alguns dos prefeitos peemedebistas admitem, ao menos em off, que vão seguir, direta ou indiretamente, o postulante do DEM. O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, pode até declarar apoio público a Daniel Vilela, mas seu coração bate mais forte pelo senador. Não à toa, o democrata levou um ministro do DEM, Mendonça Filho, exatamente à cidade de Rio Verde. De alguma maneira, Caiado está tentando conquistar parte das bases do PMDB.