Iris Rezende é mais candidato do que nunca. É a leitura correta de sua fala
08 janeiro 2020 às 11h08
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A maior paixão da vida do prefeito de Goiânia é a política, com a qual se casou há 60 anos. Os dois não vão se divorciar em 2020
Euler de França Belém
O ex-deputado federal Vilmar Rocha diz que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), só é candidato quando diz (ou melhor, sugere) que não é candidato. O presidente do PSD tem razão. Sublinhe-se que o gestor municipal admitiu, nesta semana, que pode “não” disputar a reeleição no dia 4 de outubro deste ano, daqui a oito meses e alguns dias. Não foi, claro, peremptório…
Aos 86 anos, Iris Rezende, na verdade, quer terminar as obras que iniciou neste governo (e algumas só poderão ser concluídas a partir de 2021). Mais: sua principal paixão é a política – não é futebol, não é pescaria, não é cuidar de fazenda. Ele casou-se com a política e é provável que nem a política queira descasar-se de um gestor que tem perfil de estadista. Sua saúde, apesar da idade, é de ferro. Parece um jovem – dizem todos que convivem com ele no dia a dia. A memória é prodigiosa. Lembra muito o britânico Winston Churchill e o alemão Konrad Adenauer.
Pode-se até não gostar de Iris Rezende, mas é preciso admitir que tem autoridade e que é um gestor nato (tanto que tem na ponta língua todas as informações básicas da prefeitura). Mesmo quando não brilha – com falhas pontuais, como na Saúde –, sua gestão é sempre equilibrada. Ele sabe aplicar os recursos do Erário.
No momento, Iris Rezende está “sobrando”. Cristina Lopes, Elias Vaz, Francisco Júnior e Adriana Accorsi são bons nomes, mas, a rigor, nenhum tem a estatura administrativa e política de Iris Rezende.
Há quem diga, nos bastidores do emedebismo, que Iris Rezende pode apoiar Maguito Vilela para prefeito de Goiânia – com Paulo Ortegal, seu aliado e amigo, como vice. É possível? É. Os dois são amigos e aliados históricos.
Mas é necessário fazer uma ressalva: se apoiar Maguito Vilela, o prefeito estará colaborando para enfraquecer o governador Ronaldo Caiado na capital. Ele quer isto? Certamente que não. A possibilidade mais forte é que Iris Rezende será candidato e com Paulo Ortegal na vice ou então com um vice indicado por Caiado.
Frise-se também que Iris Rezende percebe que manter Caiado forte é uma maneira de barrar um possível retorno do grupo de Marconi Perillo ao poder em nível de Estado. Aliados do prefeito sugerem que Caiado é o único político de Goiás, em termos estaduais, que é realmente “duro” com o ex-governador.
Por fim, Iris Rezende, além de gestor eficiente, é um estrategista político – o único que sobrevive, fazendo política, desde o início da década de 1960. Com seu jeitão simples, modesto, o prefeito é habilíssimo. Ele quer, sobretudo, manter o controle do processo sucessório nas suas mãos… É o recado que está dando e não está sendo bem compreendido.
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