Eficiência é o principal “cabo eleitoral” de Iris Rezende em outubro deste ano
05 janeiro 2020 às 00h01
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Elias Vaz, Francisco Júnior, Major Araújo, Adriana Accorsi, Cristina Lopes e Virmondes Cruvinel devem se inspirar em Gustavo Mendanha
A eleição para prefeito será disputada daqui a nove meses – um beicinho de pulga, dizem os políticos. Na prática, falta menos tempo. Porque, na primeira semana de abril, aqueles que ocupam cargos públicos terão de desincompatibilizar-se e, como a campanha eleitoral é curta, com pouco mais de 40 dias, a tendência é que se faça uma pré-campanha acirrada, com o objetivo de se tornar mais conhecido, isto, claro, para os menos conhecidos.
No momento, as pesquisas registram que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), é o favorito. Porque é bem provável que os eleitores estejam avaliando tão-somente o gestor emedebista – o único efetivamente em ação e que, sim, planeja ser candidato pela quinta vez.
Paradigmas às vezes são mudados de campanha para campanha. Na de 2018, a questão da corrupção e da não-corrupção foi decisiva. Jair Bolsonaro foi eleito, em larga medida, porque se contrapôs ao PT de Fernando Haddad. Não há evidência que Haddad integre o grupo de petistas que assaltou o Erário, durante mais de uma década. Mas, como representante do petismo – e até por não ter uma identidade política sedimentada, daí a dependência do lulocentrismo –, acabou contaminado, ao menos do ponto de vista do eleitorado, e rejeitado, ainda que tenha obtido uma grande votação. O ex-prefeito de São Paulo também era um “representante” da política que contribuiu para reduzir o crescimento econômico do país. Bolsonaro ganhou porque era o antipetismo altamente definido e propunha – especialmente por ter ao seu lado o economista Paulo Guedes – a retomada do crescimento. Ainda que não tivesse experiência em termos de gestão, o então líder do PSL reuniu uma equipe de notáveis, em torno de Paulo Guedes, seu Posto Ipiranga. Tal time de economistas deu-lhe credibilidade junto ao povão e, sobretudo, ao mercado.
Com o centro político esvaziado, tanto pela esquerda quanto pela direita – vistas como as duas únicas opções reais –, Bolsonaro acabou eleito. O país está voltando a crescer – possivelmente 2% em 2020, o que cria expectativa positiva, inclusive para 2021 – e não há escândalos no governo federal, até agora. Portanto, apesar do destempero verbal do presidente, o Brasil está retornando aos trilhos. A imagem que se tem hoje, apesar da crítica ao discurso autoritário, é de que o governo, em linhas gerais – notadamente na área econômica –, é eficiente.
Eficiência, portanto, é o paradigma que não muda de eleição para eleição. Iris Rezende geriu a máquina, entre 2017 e 2018, sem atropelos – exceto na área de saúde, sempre problemática –, demonstrando, porém, um certo grau de eficiência. Não fez uma gestão extraordinária, mas, nas ruas, era possível entreouvir: “O prefeito ‘não deixa a peteca cair’”. Quer dizer, a cidade era mantida limpa, os funcionários e fornecedores recebiam em dia. Não havia, por assim dizer, uma crise. A gestão era, numa palavra, regular.
Em 2019, com dinheiro em caixa, surge outro Iris Rezende, o gestor que é, acima de tudo, um grande tocador de obras. O prefeito construiu uma trincheira entre as avenidas 90 e 136, no Setor Sul, e inaugurou-a rapidamente. O trânsito passou a fluir de maneira mais rápida no local (costuma-se fazer uma crítica que é pertinente: quanto mais se facilita o trânsito para automóveis, mais motoristas surgem na cidade). Na mesma 90, a prefeitura arrancou o asfalto, que já estava em más condições, e, sobretudo no lugar onde passam ônibus, colocou um piso de concreto (o que vai gerar economia a médio prazo – dada sua consistência). Com os corredores exclusivos e de boa qualidade, o prefeito está procurando facilitar o tráfego dos ônibus – ou seja, está dinamizando o transporte coletivo, beneficiando a maior parte da população.
Noutras partes da cidade, Iris Rezende está trabalhando, de maneira contínua, para desafogar, pelo menos em parte, o tráfego – cada vez mais congestionado e, talvez seja possível sugerir, “engavetado”. Na confluência da Avenida 136 com a Marginal Botafogo, a prefeitura está construindo um viaduto. A própria marginal está sendo ampliada. A Avenida Leste-Oeste está avançando.
Aos que o “acusam” de não investir em cultura, Iris Rezende informa que está concluindo (em fase de acabamento), nas proximidades do shopping Flamboyant, um centro cultural. Trata-se do que se chamou inicialmente de a Casa de Vidro.
Iris Rezende começa 2020 consolidado como gestor eficiente. Se o paradigma for mantido, tende a ser reeleito? É possível.
Expectativa de poder
A expectativa de poder está com Iris Rezende. Mas, se durante a campanha houver um certo cansaço em relação ao prefeito e uma cobrança por uma gestão mais arrojada noutras áreas – como tecnologia (a formatação de uma cidade inteligente) –, quais serão as alternativas ao emedebista?
O jovem deputado federal Francisco Júnior (PSD) é tido como um político moderno – ainda que, em termos de comportamento, é praticamente fundamentalista (contra o aborto e a união entre homossexuais e não se entusiasma com o feminismo) – e estuda Goiânia a fundo, há vários anos. Ele tem um projeto para modernizar a capital. Mas não tem experiência administrativa e, como diz o vulgo, “de boas ideias o Inferno está cheio”. Os eleitores certamente vão observar o fato de que, embora tenha sido presidente da Câmara Municipal de Goiânia, nunca palmilhou uma gestão executiva. Ora, e Bolsonaro? Sim, Jair Messias era parlamentar há vários anos e não tinha nenhuma experiência administrativa.
Mas o busílis da questão, agora, é outro: Bolsonaro fez toda sua campanha apontando o descalabro das gestões anteriores – a parceria entre Dilma Rousseff, do PT, e Michel Temer, do MDB, que, além de gerar uma recessão gigante, corrompeu o governo e o sistema político. Quanto a Iris Rezende, além de fazer uma gestão eficiente, não há notícia de escândalos. Portanto, o drummond no meio do caminho de Francisco Júnior e de outros candidatos é a eficiência da administração do emedebista.
O deputado federal Elias Vaz (PSB) foi vereador em Goiânia – um dos melhores e mais críticos da gestão de Iris Rezende. Assim como Francisco Júnior, não tem experiência administrativa (o líder do PSD ao menos foi presidente da Câmara – que é uma microcidade). Politicamente, é mais agressivo do que seu parceiro de Câmara dos Deputados e tem um aliado de peso – o senador Jorge Kajuru (Cidadania). Frise-se que, se conquistar o apoio do senador Vanderlan Cardoso (PP), a candidatura de Francisco Júnior ganhará musculatura. Mas, no momento, tanto Elias Vaz quanto Francisco Júnior, Adriana Accorsi (PT), Dra. Cristina Lopes (vai se filiar ao PL), Virmondes Cruvinel (Cidadania) e Major Araújo (PSL) – que está elaborando um grande plano para a capital – são nenéns perto de Iris Rezende.
A rigor, Iris Rezende só tem um rival à sua altura hoje – frise-se: h-o-j-e. Trata-se do senador Vanderlan Cardoso (PP). De novo, o mote da eficiência – derivado da experiência. Vanderlan Cardoso foi prefeito de Senador Canedo, e praticamente reinventou a cidade, que deixou de ser um bairro abandonado de Goiânia. Em seguida, disputou o governo de Goiás duas vezes e, em 2018, foi eleito senador – o mais bem votado.
Embora apareça bem nas pesquisas, colado em Iris Rezende, Vanderlan Cardoso tem dito que não será candidato a prefeito – resguardando-se para a disputa do governo do Estado em 2022.
Então, se Iris Rezende está praticamente eleito, nem precisa de eleição. Resta “homologá-lo”. Não é bem assim. Ninguém ganha eleição por antecipação. É provável, até, que os eleitores queiram trocar o emedebista, retirá-lo do Paço Municipal – desde que um candidato se torne realmente crível e suas ideias sejam percebidas como um avanço em relação ao emedebista. O candidato que apresentar um projeto para requalificar a saúde da capital – não com projetos populistas, e sim com ideias práticas – e demonstrar como a tecnologia poderá melhorar a vida dos goianienses, na questão da segurança pública, por exemplo (como vem ocorrendo em Aparecida de Goiânia), terá alguma chance, mesmo sendo peso-leve, de enfrentar um peso-pesado.
O candidato que se apresentar como “tocador de obras”, esfera dominada por Iris Rezende, pode pegar o chapéu e voltar para casa. O postulante que quiser ser eleito prefeito daqui a nove meses terá de ser Iris Rezende e um pouco mais – acrescentando o seu diferencial em áreas nas quais o gestor municipal não é bem avaliado, como saúde e segurança pública (que, embora seja dever do Estado, pode melhorar, se contar com o apoio do prefeito – como vem ocorrendo nas gestões de Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia, e Roberto Naves, prefeito de Anápolis).
Francisco Júnior, Elias Vaz, Major Araújo, Adriana Accorsi, Dra. Cristina Lopes, Francisco Magalhães (Democracia Cristã) e Virmondes Cruvinel, se querem derrotar Iris Rezende, deveriam fazer uma visitinha em Aparecida de Goiânia. Lá, sem tirar nem pôr, o Iris Rezende modernizado atende pelo nome de Gustavo Mendanha – e tem menos de 40 anos de idade. A área de saúde do município conurbado é um exemplo para a capital. A segurança pública conta com tecnologia de ponta para coibir o crime.