Eduardo Cunha diz em livro que bancou Meirelles pra ministro e que Jovair seria presidente da Câmara
19 abril 2021 às 19h28
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O ex-deputado diz que Jovair só não se presidente da Câmara dos Deputados porque foram traídos por Temer. Ele garante que articulou Meirelles na Fazenda
A primeira edição do livro “Tchau, Querida — O Diário do Impeachment” (Matrix, 808 páginas), de Eduardo Cunha, esgotou-se antes mesmo de chegar às livrarias. Foram vendidos, de cara, 10 mil exemplares. A Matrix já está enviando a segunda edição para as livrarias e já estaria preparando a terceira edição. O livro é o best seller do momento. Por causa da lavação de roupa suja em público.
Eduardo Cunha escreveu um livro-vingança, em que pega no pé de seus adversários, com ênfase nos ex-aliados que, supostamente, o deixaram na mão. Dos políticos de Goiás, os mais citados são os deputados federais Sandro Mabel (27 vezes), atual presidente da Federação das Indústria do Estado de Goiás (Fieg), e Jovair Arantes (30 vezes). Outros goianos citados: Alexandre Baldy (uma vez), Carlos Cachoeira e, entre outros, Marconi Perillo. O empresário Joesley Batista é mencionado 34 vezes. O ex-ministro Henrique Meirelles ganha 22 menções.
O ex-deputado Eduardo Cunha garante que o goiano Henrique Meirelles se tornou ministro da Fazenda do governo de Michel Temer graças ao seu empenho. O ex-presidente do Banco Central também teria sido bancado pelo empresário Joesley Batista, da JBS.
Eduardo Cunha afirma, no livro, que o Jovair Arantes, na época filiado ao PTB, seria o seu substituto na presidência da Câmara dos Deputados.
Relato de Eduardo Cunha sobre Jovair Arantes
“Acertei com [Michel] Temer que Jovair seria meu candidato à sucessão. Naquele momento, ele apoiou. Depois, o meu afastamento e o trabalho de Moreira Franco fizeram com que Temer acabasse apoiando Rodrigo Maia — até porque Jovair não se candidatou ao mandato tampão por entender que não teria direito de se reeleger.
“Rodrigo Maia acabaria, depois, em um golpe contra a Constituição, se candidatando ao mandato subsequente. Essa situação foi contestada no STG, que acabou não decidindo, após Celso de Mello ter negado liminar.
“As manifestações do Senado davam conta da irreversibilidade da decisão da Câmara. A pressão estava agora sob Renan Calheiros, a quem urgia definir qual seria o rito a ser adotado pelo Senado. Ele estava se esquivando a tratar do tema, mas sabia que isso seria inevitável.”
Relato de Eduardo Cunha sobre Meirelles
“Minha sugestão era Henrique Meirelles como ministro, com a liberdade de indicar toda a equipe. Temer concordou na hora, apertou minha mão e disse: “Está fechado. O ministro será o Meirelles. (…) Saí do escritório de Temer e fui ao hangar, onde já estava Joesley — no estacionamento, dentro do seu carro. Fui até ele e relatei rapidamente o que tinha ocorrido. Informei o acerto de Henrique Meirelles. Joesley, radiante, agradeceu.”
“Joesley Batista, após o encontro de Meirelles com Temer, me telefonou falando que viria ao Rio para conversar comigo, no domingo de manhã, de helicóptero. Ele me pediu um encontro e marcamos na sala do hangar onde ele desceria. Ele chegou ao encontro acompanhado de Henrique Meirelles. Queriam me agradecer. Meirelles aproveitou para debater os problemas que teríamos de enfrentar no país. Joesley recomendou que ele falasse comigo sobre tudo o que necessitasse. Eles sabiam que iriam depender de uma pauta legislativa. Meirelles me fez um apelo: que o ajudasse a evitar que eventual composição política colocasse dentro da equipe econômica alguém que atrapalhasse o trabalho. O medo dele tinha nome e sobrenome: José Serra.”
“Disse a ele que ficasse tranquilo. Serra não ocuparia cargo algum na equipe econômica. Ele poderia ser ministro, mas caberia a Temer encontrar um lugar longe dos problemas que ele certamente criaria, caso fosse para a equipe econômica. Após a conversa, Joesley, demonstrando total autoridade sobre Meirelles, pediu a ele que o deixasse a sós comigo. Meirelles era, ainda naquele momento, o presidente do conselho da holding da família Batista, a J&F. Para que ele deixasse o posto, Joesley ainda teria de pagar uma multa milionária pela rescisão contratual, condição imposta por Meirelles a ele para assumir o Ministério da Fazenda.”
“Joesley me agradeceu bastante a nomeação de Meirelles. Falou que não teríamos nome melhor e mais leal do que o dele. Disse ainda que, se houvesse qualquer problema com ele, era só procurá-lo. Declarou-se muito feliz pela minha condução do processo, pelo impeachment, pela ajuda que poderia dar. Falou que não esperava, menos de uma semana após o impeachment, que Temer fosse cumprir o combinado. Ele chegou a pensar que Temer não cumpriria, pois o considerava meio fraco de palavra.”
Dica para quem não conseguiu o livro em papel
O livro está disponível na internet (file:///C:/Users/Euler%20Bel%C3%A9m/Downloads/Livro%20Eduardo%20Cunha.pdf) integralmente.
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