A direita bolsonarista tem 6 nomes para a disputa da Prefeitura de Goiânia em 2024

18 dezembro 2022 às 00h10

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As eleições de 2024 serão realizadas daqui a um ano e nove meses e as desincompatibilizações devem ser feitas daqui a um ano e três meses. Como teria sugerido Tancredo Neves, em política não há cedo — só tarde. Quem não colocar os blocos na rua desde já poderá assistir o carnaval dos adversários com a máscara da derrota.
Então, o que parece silêncio aos olhos desavisados é, na verdade, um barulho ensurdecedor. Quer dizer, está todo mundo articulando e mexendo os pauzinhos.

O MDB está à espera da empresária Ana Paula Rezende. Porém, se esperar muito, pode acabar ficando sem candidato e terá de se vincular a um candidato que saiu na frente. O PT pode bancar a postulação de Edward Madureira (quinto mais votado para deputado federal em Goiânia), ex-reitor da UFG que tem ampla experiência administrativa, muito mais do que a deputada Adriana Accorsi. Mas a parlamentar é a preferida do partido; entretanto, numa entrevista ao Jornal Opção, a petista sugere que não será candidata.
O União Brasil tende a apoiar Ana Paula Rezende; repetindo, se ela for mesmo candidata. Se não for, o UB pode apresentar os deputados federais Silvye Alves (que desponta nas pesquisas como favorita; foi a mais votada para deputada federal em Goiânia e Aparecida de Goiânia) ou Zacharias Calil. A tendência é uma composição entre o MDB e o UB em Goiânia, tanto para fortalecer o governador Ronaldo Caiado quanto o vice-governador Daniel Vilela. Este planeja, por sinal, disputar o governo em 2026.

Ronaldo Caiado pode apoiar a reeleição de Rogério Cruz? Até pode. Mas convém registrar um “sinal” da política: o prefeito de Goiânia realmente apoiou a reeleição do governador de Goiás. Porém, não conseguiu colocar seu partido, o Republicanos, na aliança política do postulante do União Brasil. Liderada pelo deputado federal João Campos, a cúpula apoiou Gustavo Mendanha, do Patriota, para governador. O que, de uma tacada, enfraqueceu o Republicanos em Goiás e o prefeito Rogério Cruz em Goiânia, em termos político-eleitorais.
Os nomes da direita bolsonarista em Goiânia
No campo da direita bolsonarista há pelo menos seis pré-candidatos: Glaustin da Fokus (PSC), Gustavo Gayer (PL), Izaura Cardoso (PL), Rogério Cruz (Republicanos), Vanderlan Cardoso (PSD, mas deve migrar para o PL) e Wilder Morais (PL).

O deputado federal reeleito Glaustin da Fokus é mais cotado para disputar a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, mas também pode colocar seu nome na capital, com a finalidade de expandir seus horizontes eleitorais.
O deputado federal eleito Gustavo Gayer é, de todos os bolsonaristas, o mais radical e, portanto, o mais leal ao presidente Jair Bolsonaro. Ao contrário de outros bolsonaristas, que às vezes se “escondem” e até elogiam o presidente eleito Lula da Silva, Gayer é sempre firme no seu bolsonarismo. Portanto, pode ser o candidato de Bolsonaro — que não será presidente em 2024 — na capital. Resta saber se, sem o poder, Bolsonaro terá condições de impor um candidato a prefeito em Goiãnia. No poder, impôs a candidatura de Major Vitor Hugo a governador de Goiás.

Frise-se que Gayer foi o segundo mais votado em Goiânia, com 83.604 votos (11,18%), atrás apenas de Silvye Alves, que obteve 117.297 votos (15,69%), e muito à frente de Zacharias Calil, Adriana Accorsi e Edward Madureira.
O problema é que a disputa no PL está congestionada. O senador Wilder Morais é o favorito para a disputa, por quatro motivos. Primeiro, é ligado a Bolsonaro e a dois de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, com os quais conversa com frequência. Não é, a rigor, um bolsonarista-raiz, mas é bolsonarista e conta com a simpatia da família do presidente. Segundo, a tendência é que assuma, por ser senador, o comando do PL em Goiás. Terceiro, tem recursos financeiros fartos e costuma dispor deles nas campanhas eleitorais. Quarto, na disputa para senador, obteve 208.630 votos (29,95%) em Goiânia, bem acima do segundo colocado, o deputado federal Delegado Waldir Soares, que conquistou 119.779 (17,20%).

Porém, apesar da força eleitoral de Gayer e Wilder, em termos de votos para o Congresso, o político bolsonarista que tem mais peso em Goiânia é o senador Vanderlan Cardoso. Ele já disputou duas eleições na cidade e perdeu para ícones da política local: Iris Rezende e Maguito Vilela. Dado ao falecimento dos dois emedebistas, Goiânia carece de líderes consistentes e referenciais. No momento, Vanderlan é o grande nome da capital, dado o fato de ter disputado a prefeitura antes, de ter sido bem votado, e de ser senador. Ele quer realmente ser candidato? Aliados dizem que sim. E por dois motivos. Primeiro, porque tem reais chances de ser eleito, dada a fragilidade das lideranças locais. Segundo, se disputar e perder, ainda assim mantém seu nome na mídia e no imaginário popular, afinal Goiânia é a cidade que tem o maior eleitorado do Estado (mais de 1 milhão de eleitores). Noutras palavras, se ganhar, se torna prefeito; se perder, fica com a imagem consolidada para o pleito seguinte — o da reeleição para senador.
A mulher de Vanderlan Cardoso, a empresária Izaura Cardoso, tem dito que planeja disputar mandato de prefeita em Goiânia, e com o apoio do marido e do senador eleito Wilder Morais. Porém, a tese que prevalece é outra: a suplente de senador de Wilder estaria, na verdade, “reservando” espaço para Vanderlan Cardoso.

O prefeito Rogério Cruz é bolsonarista, porém não dos mais radicais e não apoiou o candidato de Bolsonaro para governador em Goiás, o deputado federal Major Vitor Hugo, do PL. Ele pertence à direita? De esquerda, não é, dada sua filiação ao Republicanos e a ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual é pastor licenciado. Portanto, é de direita, ou talvez de centro-direita. Trata-se de um político moderado, equilibrado e diplomático. Há quem postule que não disputará a reeleição. Entretanto, pressionado pelo partido e pela Igreja Universal, certamente será candidato.
Há quem subestime Rogério Cruz, dada sua timidez política. No entanto, se concluir as obras de infraestrutura, sobretudo as que vão melhorar o transporte coletivo, pode acabar se consagrando e se tornando um forte candidato à reeleição. O prefeito controla uma máquina poderosa, uma espécie de micro-Estado; se administrá-la bem e se conseguir fazer alianças relevantes, atraindo, por exemplo, o apoio do governador Ronaldo Caiado, suas chances de reeleição crescem.
O fato é que, como ainda não há definições reais, só articulações de bastidores, o que se deve sugerir é: o quadro está inteiramente aberto. O que poderá mudar a configuração da disputa é a possível entrada de Ana Paula Rezende, filha de Iris Rezende, no jogo. É o elemento, digamos, “surpresa” que pode desequilibrar a disputa.