4 políticos que se cacifam para a disputa do governo do Tocantins

12 dezembro 2021 às 00h01

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Eleitores do Tocantins planejam votar para governador em candidatos que sejam totalmente diferentes e não ligados a Mauro Carlesse

O afastamento de Mauro Carlesse do governo não zerou a política do Tocantins, mas criou um ambiente menos insalubre para a disputa. (O que os tocantinenses esperam agora, e não sem certa ansiedade, é a prisão de Carlesse e de alguns aliados mais próximos.)
Não se sabe quem será o próximo governador do Estado, porque a bola de cristal de todo analista é a razão, e não a profecia. O que se sabe é que tende a ser eleito aquele candidato que o eleitorado considerar como “diferente” de Carlesse e não adepto do sistema que criou ou refinou para, segundo as investigações, se tornar milionário. Os eleitores não querem que, mesmo sem Carlesse, o carlessismo sobreviva no Tocantins.

Aquele candidato que acabar por ser identificado com o “sistema Carlesse” certamente será derrotado de maneira inapelável. O governador interino, Wanderlei Barbosa (sem partido), e o senador Eduardo Gomes (MDB) pertenciam ao sistema carlessista, o que não é o mesmo que dizer que estavam envolvidos nas falcatruas dos batedores de caixa-forte, de acordo com as denúncias apresentadas pela Polícia Federal e acatadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
De fato, Wanderlei Barbosa era mantido à parte, como um pária. Já a ligação de Eduardo Gomes com Carlesse era mais “íntima” — é provável que existam mais fotos do governador afastado com o senador do que com o atual governador.

Eduardo Gomes continua circulando pelo Estado, dialogando com prefeitos, e sugerindo que pode disputar o governo. Há, de fato, prefeitos “empolgados” com o senador, sobretudo por causa de suas emendas e dos tratores do Orçamento Secreto. Este orçamento, que está sob suspeita, pode acabar complicando a carreira política do emedebista.
Figuras graúdas da política do Tocantins não apostam um centavo na possibilidade da candidatura de Eduardo Gomes. Há quem acredite que a queda de Carlesse pode acabar arrastando-o para o precipício. Observe-se que, até agora, o senador não apresentou sequer uma crítica aos desmandos da gestão de Carlesse — o que, certamente, está sendo registrado no “caderninho” dos eleitores.

Se sair do páreo — e há quem postule que não está no páreo —, Eduardo Gomes certamente não terá outro caminho senão apoiar o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas, do Podemos.
Dimas segue firme, frisando que sua candidatura é incontornável. Ele disse ao Jornal Opção no sábado, 11, que seu nome está consolidado. Usou, na verdade, a palavra “crescente”. De fato, pesquisas o apontam como “favorito”. Um dos motivos é que se manteve distante do “sistema Carlesse” — que “privatizou” o dinheiro e o espaço público no Tocantins — e é visto como um político “decente” e um gestor “competente”.
Wanderlei Barbosa, no poder, está se revelando um articulador hábil e, inteligentemente, está tentando consolidar a tese de que é um “pacificador”. Se fizer uma gestão ética, se os eleitores perceberem que não planeja assaltar os cofres públicos, tem chance de ser “reeleito”. A eleição será disputada daqui a nove meses e 21 dias — é, portanto, o tempo que ele terá para mostrar que é, além de competente, super diferente de Carlesse. Será possível? Não será fácil, mas também não será impossível.

O ex-senador Ataídes Oliveira, do Pros, disse ao Jornal Opção no sábado, 11, que vai disputar o governo. Dos postulantes, ele é o que tem o discurso mais agressivo em termos da defesa da ética e da honestidade na política e, ao mesmo tempo, é um crítico acerbo do “sistema Carlesse”. Não economiza palavras para nominar os corruptos do Estado. É posicionado e é visto pelo eleitorado como um empresário competente. Trata-se de uma pessoa que não se enriqueceu depois que se tornou político.
O PT vai bancar o ex-deputado Paulo Mourão para o governo. Trata-se de um político qualitativo, ligado ao ex-presidente Lula da Silva. Pode surpreender? Até pode. Mas pesquisas têm mostrado que o presidente Jair Bolsonaro continua forte noTocantins.
Paulo Mourão ficará com Lula da Silva, é claro. Dimas certamente acompanhará o candidato de seu partido, Sergio Moro. Wanderlei Barbosa, se ficar no PDT, terá de apoiar Ciro Gomes para presidente. Mas aliados sugerem que deve se filiar noutro partido. Fala-se, até, que pode se filiar ao MDB. Há quem avalie que, não tendo o apoio do PT, pode caminhar com Bolsonaro. O fato é que, segundo um deputado, o governador está “assuntando” a política nacional e, no momento, está preocupado com a gestão e com a política do Estado. “A rigor, a política nacional interfere pouco, praticamente nada, no Tocantins”, frisa o parlamentar. Ataídes Oliveira ainda não definiu quem irá apoiar para presidente.
Disputa para senador é uma incógnita

Fala-se que, se for candidato, o ex-governador Marcelo Miranda (MDB) pode ser eleito senador. Comenta-se também que pode acabar compondo com Wanderlei Barbosa. A aliança seria definida assim: Miranda entraria com os votos e o governador com a estrutura político-financeira.

Mas há quem postule que, dada sua história limpa e a histórica defesa da Educação — na prática, e não apenas no discurso —, a deputada federal Professora Dorinha Seabra (DEM) pode se tornar uma candidata a senadora muito forte. Mas precisa construir uma aliança que a banque.

Se não conquistar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU, a senadora Kátia Abreu tende a disputar a reeleição. A líder do partido Progressistas é frequentemente subestimada, mas é uma política experimentada, com grande capacidade de articulação. Se se aliar ao governador Wanderlei Barbosa, como está prevendo, vai forte para a disputa. Há um cansaço em relação a ela no Tocantins? A rigor, há um cansaço em relação a praticamente todos os políticos, mesmo com aqueles que têm menos desgaste. Quando se fala em políticos, os eleitores viram o rosto, como se todos fossem iguais — e, evidentemente, não são.