Por Thiago Burigato
O grupo de Vanderlan Cardoso vai rachar no segundo turno — se ele decidir embarcar na candidatura de Iris Rezende. No caso, claro, de ocorrer segundo turno. O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, não apoia Iris Rezende nem que a vaca tussa em aramaico. Integrante do PDT, vai subir no palanque do tucano-chefe, Marconi Perillo. Pelo menos um líder do PSC, historicamente ligado a Marconi, vai apoiá-lo. O grupo de Vanderlan vai rachar se ele decidir apoiar Iris, na hipótese de segundo turno
É quase certo que Jayme Rincon será candidato a prefeito de Goiânia, pelo PSDB, com o deputado Sandes Júnior (PP) na sua vice. Virmondes Cruvinel Filho (PSD) também é cotado para vice de Rincon, assim como a vereadora Cristina Lopes (PSDB). Detalhe: os três aceitam ser vice de Rincon numa boa, sem sacrifício.
A turma do marketing de Iris Rezende recomenda que o candidato, nas entrevistas, se comporte com mais calma. Ele não está deixando os jornalistas falarem. E, como fala demais, sem pausa, está salivando muito. Aos 80 anos (81 em dezembro), Iris está se comportando como amador. Dimas Thomas, um dos poucos que tem coragem de dizer a verdade ao candidato do PMDB, tem de alertá-lo. O peemedebista está fora de controle, excessivamente agressivo.
Após os compromissos políticos no Entorno do Distrito Federal, Lucas Vergílio foi para Itaberaí, no Centro Goiano, onde participou de evento político com o Movimento Feminino e demais lideranças do PMDB, como o deputado estadual e candidato à reeleição, Wagner Siqueira (PMDB), e o coordenador da campanha do candidato a governador Iris Rezende (PMDB), o ex-deputado federal Barbosa Neto (PMDB). O evento ocorreu na casa da tradicional moradora de Itaberaí, Dona Mirna (mãe de Barbosa Neto), e reuniu cerca de 300 mulheres. Em seu discurso, Lucas lembrou que o deputado federal Armando Vergílio trouxe emendas superiores a 1 milhão de reais que foram convertidas em investimentos para a cidade. “Podem ficar tranquilos, pois Itaberaí vai ter um deputado federal de verdade que vai defender os interesses desta cidade na Câmara Federal.”
Uma das principais bandeiras políticas do candidato a deputado federal, Lucas Vergílio (SD), é pela defesa dos interesses do setor de seguros, da previdência privada complementar aberta, saúde e de capitalização na Câmara dos deputados em Brasília. O jovem de 27 anos, empresário do setor, é o atual vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros, de Capitalização e de Previdência Privada no Estado de Goiás (Sincor-GO) e representante da Federação na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O deputado federal Armando Vergílio (SD), pai de Lucas, fez muito pela área no Congresso Nacional, sendo dele uma das maiores atuações para aprovação do novo Supersimples, conhecido regime simplificado de tributação destinado às micro e pequenas empresas, que beneficia diretamente o segmento de corretagem de seguros. As corretoras foram inclusas na Tabela 3 do Simples Nacional graças aos esforços políticos de Armando. Lucas Vergílio tem a incumbência de seguir nas lutas iniciadas pelo pai, e sua primeira tarefa, caso eleito, será a de dar continuidade aos trabalhos tocados por Armando como a regulamentação do Projeto de Lei nº 3555/2004 que reformula, contextualiza e atualiza as normas gerais dos contratos de seguro privado vigentes no País. O jovem candidato também vai dar prosseguimento aos trabalhos levados afinco por Armando em defesa da aprovação do Projeto de Lei nº 7.052/14, que estabelece parâmetros para a contratação do VGBL Saúde, de extrema importância para a sociedade brasileira.
De um friboizista juramentado: “Júnior Friboi recomenda: ‘Iris Rezende é prejudicial à saúde democrática do PMDB”. O friboizista diz que, se pudesse, colocaria a frase no estatuto do PMDB.
O candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, decidiu que vai aumentar o tom das críticas ao governo de Marconi Perillo. O grupo de Iris avalia que as críticas deram resultado, estabilizando o quadro eleitoral, e que os peemedebistas estão conseguindo atrair o governador Marconi Perillo para a “guerra”.
José Roberto Arruda, do PR, barrado pelo TSE, deve retirar sua candidatura a governador do Distrito Federal na segunda-feira, último dia para se processar a troca de candidatos. Arruda, líder nas pesquisas, é ficha suja, mas recorreu ao STF. Porém, como sabe que não tem escapatória, estuda lançar Flávia Arrudinha, ou Flávia Furação (ela foi a moça do tempo na televisão), para governadora. Seria uma forma, se ela for eleita, de ele governador indiretamente, como uma espécie de primeiro-ministro plenipotenciário.
O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, irista juramentado, afirma que a aliança entre PMDB, DEM e Solidariedade elege pelo menos quatro deputados federais, possivelmente Iris Araújo, Daniel Vilela, Pedro Chaves e Lucas Vergílio. “Mas não será surpresa se elegermos mais um. José Rico, Paulo do Valle e Tatiana Lemos são bons nomes”, afirma.
Quando prefeito de Porangatu, o tucano José Osvaldo colocou vários idosos num asilo ao lado do cemitério da cidade. Os velhinhos reclamaram durante oito anos, alegando que, além de “mau agouro”, era de mau gosto e indelicado com eles. Nada adiantou. José Osvaldo fingia que não os ouvia. O prefeito Eronildo Valadares (PMDB) assumiu há menos de dois anos e já tirou os idosos da vizinhança mórbida do cemitério. O Lar dos Idosos agora está no bairro Santa Luzia, numa casa mais confortável e, sobretudo, longe de cemitério.
A Câmara de Vereadores de Goiânia vai examinar a reforma da Lei 014, o Código de Posturas, que tem mais de 15 anos e, assim, está desatualizado, não correspondendo mais às mudanças que ocorreram na cidade. Um dos capítulos é sobre a colocação de out doors e fachadas comerciais. O vereador Anselmo Pereira (PSDB) afirma que a redução das fachadas (para preservar o estilo art déco do centro da capital) e a colocação de outdoors apenas em determinados lugares já estão provocando um debate aceso. O sindicato da categoria não concorda com a disciplinação que está sendo proposta pelo prefeito Paulo Garcia, do PT.

Um dos mais destacados compositores eruditos da atualidade, o barítono Fernando Cupertino fala sobre o concerto em homenagem ao pianista e professor Osvaldo Lacerda que acontecerá este mês em São Paulo

Alguém com interesse em Ronnie Von ou na música que ele fez, vai ter de esperar um próximo livro

Você e eu e todos nós somos enormes depósitos de mágoas. Nossas casas internas estão abarrotadas delas, como portas emperradas trancando a vida do lado de dentro
O hospital
Eu moro perto de uma estação aonde chegam e partem pessoas todos os dias: é um hospital imenso. Às vezes, à noite, olho pela janela, acordado que estou pela minha inseparável companheira insônia, e vejo sempre muita movimentação no seu interior. Em meio a luzes quase opacas não é difícil imaginar que ali alguém está morrendo, ou nascendo.
É um hospital público, o seu expediente é único e sem pausas. Nele, muitas vidas entram na fila para se extinguirem pois, tão carentes de médicos e medicamentos, quando vêm até um hospital dessa natureza é porque a saúde já suportou de tudo. E desoladamente, já vi acontecer, algumas abandonam de vez e silenciosamente seus corpos debilitados ali mesmo no corredor, porque morrer não espera.
Por outro lado há vidas que entram na fila para dar à luz outras vidas. Instantes em que prorrompem novíssimas e frágeis presenças, delicadamente transportadas pelos mesmos corredores, porque nascer também não espera.
Nalgumas vezes, percebo crianças já crescidinhas nas janelas esboçando um tchauzinho entre um sorriso e uma careta, inocentes das coisas que acontecem ao seu redor. Vívidas, porque protegidas pelas suas infâncias, dão a impressão de estarem no assento traseiro de um carro de passeio ou simplesmente indo para a escola num banco de ônibus. Mas, naquele hospital público e superlotado, elas não me parecem estar repetindo esses gostosos momentos. De repente, pressinto algo que, apesar de corriqueiro, ainda me soa incomum: é quando os quartos estão vazios exalando um previsível anúncio da chegada de alguém, que já sem sorrisos, aguardará serenamente a sua partida.
Por isso, poucos entram nos quartos e saem pela mesma porta que entraram. E assim, voam madrugada a fora pelas janelas, pelos vãos dos prédios, leves e tranquilos e, talvez, até se espantem ao me notar concentrado em algo que não posso ver...
Daí eu sempre me pergunto: serão somente pessoas todos aqueles seres de branco a transitar por aqueles recintos? Serão apenas doentes, moribundos ou enfermeiros a caminhar para lá e para cá, alguns tão levemente, outros tão pesadamente, mas todos se movendo incansáveis e resignados num mesmo lugar?
Ademais, flutuarão perto da minha janela as alminhas puras de bebês desembarcando ali tão cheias de esperanças? Subirão as almas de pessoas, agora isentas das suas histórias, bebendo o espaço numa outra dimensão? Creio que Fernando Pessoa estava certo ao escrever: “A vida é uma estrada. Só porque você fez uma curva e ninguém mais o vê não quer dizer que você deixou de existir”.
A partir de hoje colocarei flores na minha janela.
Uma palavra
Estava eu no rio quando uma palavra boiou perto da sombra de uma árvore. Era uma palavra feia, embolada, tinha um cheiro de coisa estragada, era viscosa e escura.
Pelo jeito, ela nada sabia sobre córregos, bichos e matas, porque por onde passava, e ao seu redor, era apenas água, lambari e planta se sujando e pronto.
De todas as palavras do meu parco repertório e de muitas pronúncias saltitantes no vilarejo, essa era ruim de falar e tinha um semblante ambicioso e mau, como se suas letras conspirassem macular também o dicionário.
Sob o sol e o céu ainda azul, pressenti a sua certeza em desfilar altiva por cursos d´água e em dançar inconteste pelos ares e pétalas. Ao mesmo tempo, nenhum esboço de receio em ser impedida por humildes e simples ribeirinhos, homens de bem. Pelo contrário. Sendo abusada e apadrinhada da ganância, não exalavam dúvidas sobre sua presença em todos os lugares daqui para diante.
Incrédulo, e como quem agradece todos os dias por esse abençoado mundão de meu Deus, além de respeitoso com as poucas palavras conhecidas, eu a segurei pelos lados e tentei clarear suas sílabas oleosas de substantivo. Porém, nesse instante e com espanto, constatei que ela não ficaria limpa e sim que contaminaria os panos da minha canoa e os corpos dos meus peixes sadios de natureza.
Assim, com o seu rastro turvo nas mãos e nas roupas, estremeci ao vê-la facilmente retornar para as águas. Logo, outras do mesmo álbum de sinônimos vieram acompanhá-la.
Agora, de cada cinco palavras ditas nos arredores e nos açudes, três são 'poluição' e as outras duas, pelo visto e sentido, nem multiplicadas por mil acabarão com ela não.
A casa dos meus brinquedos antigos
Eu me mudei. E, por uma dessas coincidências imobiliárias, ou simplesmente por coisas que têm que acontecer, o meu novo lar é vizinho da casa dos meus brinquedos antigos. Ontem, percebi que eles me reconheceram, pois me olharam demoradamente pela janela quando cheguei tarde e cansado do trabalho.
Agora, dá quase para apalpar a surpresa de cada um deles ao me notarem assim tão sério, tão grande, tão opaco, tão gordo. E talvez deduzam, resignadamente, que acabei me transformando em mais um adulto com um arremedo de rosto. Quem sabe até sofram por esses, nós, seres que jogam fora pipas, casinhas e bolas de gude – ou vidros de maionese para colocar um pequeno peixe. É... Toda infância deveria ter um céu e um riacho à prova de esquecimentos, ou exigir alarme no despertador para serem visitados.
Vejo que a casa dos meus brinquedos antigos não tem mais, nos seus espaços, a sensação de que irmãos e amigos vão chegar a qualquer momento e espocar sorrisos e assovios. Suas brincadeiras e pantomimas, adubos imprescindíveis para qualquer estágio da vida, devem ter ficado de vez nas fotos amareladas de álbuns perdidos e jamais reclamados, ou regularmente encaixotados. Bisonhamente, alimentos assim não estão nas televisivas e sérias regras de nutrição...
Por isso, muito menos há indícios de que os meus brinquedos antigos possam vir a pertencer ao meu mundo atual. Aqui, na nova casa, com horários tão rígidos, há home-banking, ao invés de um vira-lata que necessita de um banho e carinho. Casas de adultos não brilham o bastante para guardar um jogo de queimada, nem para continuar pulsando a lembrança do primeiro toque na mão de uma garota durante uma matinê do Jerry Lewis.
E lá, do outro lado da rua, reverbera, por fim, a constatação de que não há mais o que fazer sobre os meus primeiros e fascinantes espantos.
Certos de não haver resquícios de criança nos meus olhos, os meus brinquedos antigos recolhem-se calmamente, sem interesse qualquer pelos lugares por onde tenho andado.
Carlos Edu Bernardes é graduado em Filosofia e autor do livro de contos “Minhas Mulheres, Essas Ventanias”.