Por Euler de França Belém
A deputada federal Flávia Morais anda uma pilha de nervos. A líder do PDT trabalhou, em tempo integral, para assumir a supersecretaria de Cidadania, do Trabalho e da Mulher, mas perdeu-a para a deputada estadual eleita Lêda Borges (PSDB). Em conversas com aliados, Flávia Morais teria dito que Trindade foi a principal barreira para ela assumir a supersecretaria. Como pretende ser candidata a prefeita de Trindade, Flávia Morais terá de enfrentar o prefeito Jânio Darrot (PSDB), que, evidentemente, não quer vê-la fortalecida. O que Flávia Morais parece não perceber é que, além do deputado federal Jovair Arantes ter trabalhado para atropelá-la, o grupo de Lêda Borges, que inclui a senadora Lúcia Vânia e o deputado federal eleito Célio Silveira, além de vários políticos do Entorno do Distrito Federal, é muito forte.
O deputado estadual Marlúcio Pereira, do PTB, e Ademir Menezes, do PSDB, líderes políticos de Aparecida de Goiânia, estiveram com o vice-governador José Eliton. Foram lembrar que, apesar de o governador Marconi Perillo ter sido derrotado no primeiro e no segundo turno por Iris Rezende no município, políticos locais trabalharam em sua campanha.
O delegado Waldir Soares, depois de uma indecisão inicial, começa a procurar os líderes políticos de Aparecida de Goiânia para conversas republicanas. Eleito deputado federal mais bem votado da história de Goiás, Waldir Soares deve disputar a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, em 2016. Ele lidera as pesquisas.
Líderes políticos de Aparecida acreditam que só terão força e presença no governo do Estado quando elegerem o prefeito do município.
Um aliado do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, afirma que, quando o peemedebista pôr o bloco na rua, tende a eleger seu sucessor. O nome que está mais cogitado é o de Euler Morais. Porém, se Euler Morais não deslanchar, Maguito pode apostar no vereador Gustavo Mendanha, do PMDB, ou no vice-prefeito Ozair José, do PT.
Há quem acredite que 2016 vai apresentar uma surpresa política: a aliança política entre o governador Marconi Perillo, do PSDB, e Vanderlan Cardoso, do PSB. Vanderlan Cardoso está sentindo a necessidade de “pertencimento”, quer dizer, de pertencer a um grupo político forte. Ele concluiu que caititu fora do bando é comida de onça, ou seja, não consegue romper a polarização entre PSDB e PMDB. Os principais aliados de Vanderlan Cardoso, como o prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, e o presidente do PSC, Joaquim Liminha, já compuseram com o tucano-chefe. Só falta o presidente do PSB em Goiás.

[caption id="attachment_20468" align="alignright" width="620"] Virmondes Cruvinel, deputado estadual[/caption]
Na eleição de 2014, o PSD surpreendeu pela renovação dos quadros políticos. A sigla elegeu cinco deputados estaduais — três deles jovens estreantes na Assembleia Legislativa: Virmondes Cruvinel, Lissauer Vieira e Diego Sorgatto.
Os três parlamentares têm mais uma coisa em comum: foram os estaduais do PSD mais votados em seus respectivos colégios eleitorais — Goiânia (Virmondes), Rio Verde (Lissauer) e Luziânia (Sorgatto).
Donos do melhor desempenho do partido em três das maiores cidades do Estado, eles serão, logicamente, decisivos nas articulações visando 2016.
Como partido novo (refundado em 2011), o PSD depende de suas jovens lideranças para firmar uma identidade positiva em meio a uma crise de imagem geral na classe política.
Virmondes, Lissauer e Sorgatto representam a renovação, são considerados leves para o eleitorado e mostram competência. Por isso, sob a batuta de Vilmar Rocha, tendem a ser as principais apostas da legenda nos próximos anos.
Sobre Gilberto Kassab, o ministro das Cidades do governo da presidente Dilma Rousseff, Cleovan Siqueira afirma que se trata de um político agregador, conciliador. “Ele enxerga longe e é respeitado pela presidente Dilma Rousseff. Eu já o conhecia, pois ele foi presidente do PL em São Paulo.”
[caption id="attachment_25124" align="alignleft" width="200"] Cleovan Siqueira: o goiano que articula com o ministro Gilberto Kassab[/caption]
O presidente nacional do PL, Cleovan Siqueira — carne e unha com Gilberto Kassab, presidente do PSD —, conta que, em 31 de janeiro, seus aliados cessam a coleta de assinaturas para garantir o registro do partido no Tribunal Superior Eleitoral.
Para obter o registro, bastam 500 mil assinaturas. “Para evitar quaisquer problemas, vamos colher entre 600 mil e 1 milhão de assinaturas.”
“Em fevereiro, nós vamos pedir o registro definitivo do PL no TSE”, afirma Cleovan. “Com a documentação em ordem, o registro tende a sair em 60 dias. Nós poderemos lançar candidatos a prefeito e vereador em 2016.”
Cleovan Siqueira diz que a fusão do PL com o PSD vai depender da Reforma Política. “Se acabar a coligação proporcional, aí a tendência é o PL e o PSD se tornarem apenas um partido. Se continuar como antes, os dois partidos poderão permanecer separados, mas atuando como blocos coesos.”
Com a Reforma Política, o País poderá ficar com apenas 12 partidos. “Vai ter muitas fusões partidárias, dependendo de como a reforma será efetivada”, avalia Cleovan Siqueira.
Goiás está bem na fita, com três presidentes de partidos em termos nacionais. Eurípedes Júnior preside o Pros e tem entrada franca no Palácio do Planalto. Eduardo Machado comanda o PHS e dialoga com figuras nacionais da política patropi. Cleovan Siqueira dirige o PL e se tornou amigo de Gilberto Kassab, seu patrono.
Edivaldo Cardoso, do PT do B, vai assumir um cargo, talvez de superintendente, no quarto governo de Marconi Perillo. Ex-chefão do Detran, Edivaldo Cardoso é apontado como um executivo competente. Ele trabalhou inclusive em multinacional, nos Estados Unidos.
O PSD não pôs a “faca no pescoço” do governador Marconi Perillo. Resultado: está prestigiado. Jovair Arantes pôs a faca, que estava “cega”. Resultado: perdeu espaço político. Já o PSD indicou Vilmar Rocha para a supersecretaria de Cidades, Infraestrutura, Meio Ambiente e Assuntos Metropolitanos. Com chance de ocupar outra secretaria.
Rio Verde, se perder a Metrobus, deve ganhar uma diretoria da Agehab, a hoje ocupada por Fernando Jorge, do grupo de Jovair Arantes. Juraci Martins, Heuler Cruvinel e Lissauer Cruvinel querem uma secretaria para Rio Verde. É preciso admitir que, na eleição de 2014, o grupo do PSD no município mostrou força, pois elegeu um deputado federal e um deputado estadual.
Peemedebistas dizem que, se ganhar o comando do PMDB, o empresário Júnior Friboi será candidato a governador em 2018. Se não, estará fora do processo. Júnior Friboi torce pelo menos para que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e seu filho, o deputado federal eleito Daniel Vilela se esforcem um pouco mais e assumam o comando do partido. O empresário gostaria de ter Daniel Vilela como vice na disputa para o governo de Goiás. Como a coluna Bastidores revelou em primeira mão, o PRB, partido controlado pela Igreja Universal, convidou o empresário para assumir o comando em Goiás. O problema é que Júnior Friboi avalia que, para ser eleito governador, precisa contar com uma estrutura partidária mais sólida.
Enquanto Júnior Friboi tenta uma aliança com Maguito Vilela, Daniel Vilela, Pedro Chaves e Leandro Vilela, com o objetivo de criar um grupo antiirista no PMDB, o irismo navega noutra direção. O irismo concluiu que não tem um sucessor de estatura estadual para bancar para a disputa do governo de Goiás em 2018. Por isso tende a apoiar o deputado Ronaldo Caiado para a disputa, mesmo se ele permanecer no DEM. Ronaldo Caiado quer disputar o governo, avalia que o apoio do PMDB é fundamental, para livrá-lo da pecha de candidato da terceira via — sinônimo de derrota em Goiás —, mas gostaria de ter o deputado Daniel Vilela como seu vice, o que não agrada muito o irismo. Este poderá indicar Lívio Luciano ou Agenor Mariano para vice.