Por Euler de França Belém

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Michel Temer promete atender pleitos de Goiás. Lula boicota privatização da Celg

O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, falou com o vice-presidente Michel Temer, no Palácio Jaburu, durante mais de meia hora, na semana passada. Michel Temer disse que, se entronizado na Presidência da República, vai atender os pleitos do governo de Goiás. Hoje, Lula da Silva trabalhar para atrapalhar a privatização da Celg.

Sandro Mabel é cotado para a chefia do Gabinete Civil de um provável governo de Michel Temer

O tucano Marconi Perillo e o deputado federal Thiago Peixoto (PSD), ao visitarem Michel Temer, no Palácio Jaburu, em Brasília, encontraram-se com Sandro Mabel. O ex-deputado articula tanto para o vice-presidente quanto para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Todos do PMDB. Sandro Mabel é cotado para a chefia da Casa Civil de um provável governo de Michel Temer.

Ronaldo Caiado pode ser ministro da Agricultura e José Eliton, ministro da Segurança Nacional

Goiás está bem na fita nacional. Se Michel Temer assumir o governo, como vai precisar de uma base parlamentar sólida — o PT lhe fará oposição —, abrirá espaços amplos para o PSDB. Se for criado o Ministério da Segurança Nacional, o vice-governador de Goiás e secretário da Segurança Pública, José Eliton, pode ser convocado para chefiá-lo. O senador Ronaldo Caiado, do DEM, é cotado para o Ministério da Agricultura, substituindo Kátia Abreu, do PMDB. Curiosamente, José Eliton, do PSDB, e Ronaldo Caiado devem se enfrentar em 2018 na disputa pelo governo do Estado.

Eduardo Cunha deve renunciar e Jovair Arantes pode ser assumir presidência da Câmara dos Deputados

Jovair Arantes e Eduardo Cunhajovair-arantes-educardo-620x350 Emplacado Michel Temer na Presidência da República, se Dilma Rousseff cair, Eduardo Cunha tende a renunciar à presidência da Câmara dos Deputados. O mais cotado para substitui-lo é Jovair Arantes — chamado em Brasília de Jovadeus, por ter elaborado o relatório que pede o impeachment da petista —, mas o parlamentar goiano também é cotado para um ministério.

Marcelo Melo poderia ser ministro na cota de Temer. Mas prefere disputar a Prefeitura de Luziânia

Apontado como possível ministro, Marcelo Melo (PSDB), ligadíssimo a Michel Temer, prefere disputar a Prefeitura de Luziânia. Com o apoio dos deputados Célio Silveira (PSDB) e Diego Sorgatto (PSB), é mencionado como favorito.

PMDB de Goiás pode tentar emplacar Daniel Vilela para ministro

[caption id="attachment_50083" align="alignright" width="620"]Daniel Vilela, de 32 anos: pela primeira vez, nos últimos anos, um político do PMDB, ainda mais jovem, ousou enfrentar Iris Rezende e não saiu massacrado do processo. É um sinal positivo para 2018 | Fernando Leite/Jornal Opção Daniel Vilela ministro? | Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Na cota do PMDB goiano, o deputado federal Daniel Vilela é mencionado como ministeriável. O deputado federal Pedro Chaves não foi mencionado. Mas é respeitado por Michel Temer. Agora, quando ouve o prenome “Iris”, o vice-presidente confidencia que olhos ardem...

Goiás deverá indicar um ministério de um provável governo de Michel Temer

A tendência é que Goiás tenha de um a dois ministérios. Não mais do que isto. O motivo? O Estado não tem um eleitorado do tamanho de São Paulo e Minas Gerais. Mas há um detalhe que conta: a bancada é razoável. Michel Temer queria saber, na passada, quantos deputados federais seguiam a orientação do governador Marconi Perillo. Ouviu que são 13. “Quem bom!”, teria exclamado.

Petista diz que Balestra pode votar contra o impeachment. O parlamentar não confirma

De um deputado petista: “O deputado Roberto Balestra pode votar contra o impeachment”. O parlamentar do PP tem sugerido a aliados que vai votar pelo impeachment. Roberto Balestra nunca foi entusiasta do governo do PT.

Assistentes sociais dizem que o padre Robson pode melhorar assistência social da matriz de Campinas

O padre Robson, que dirige as matrizes de Campinas e de Trindade, é apontado como um fenômeno religioso e administrativo. Dois assistentes sociais dizem que, apesar da boa intenção, a casa de apoio que montou em Campinas poderia funcionar de maneira mais adequada. Está servindo apenas café da manhã, das 7 às 8h30. Moradores de rua cobram uma ajuda mais consistente. Almoço, pelo menos. O papa Francisco quer uma igreja mais engajada, na prática, na defesa dos pobres. Mas não se trata de defesa ideológica, e sim apoio mesmo. Na semana passada, nas proximidades da matriz de Campinas, um homem — mendigo e alcoólatra, aparentemente — passou mal, outro homem massageou seu peito. Mas ele acabou morrendo antes da assistência do Samu chegar.

Dez profissões para Dilma Rousseff se deixar a Presidência da República

[caption id="attachment_63775" align="alignleft" width="620"]A presidente Dilma Rousseff, ao contrário do deputado Eduardo Cunha, não é ré no Supremo Tribunal Federal  | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Presidente Dilma Rousseff | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado[/caption] 1 — Guia cultural em Cuba — Raúl Castro, amigo de José Dirceu, não faria a descortesia de não contratá-la. 2 — Bedel da escola para presos da Papuda, em Brasília. O governador Armando Rollemberg, de esquerda, certamente lhe daria um cargo comissionado. 3 — Malabarista de circo. A presidente não é muito ágil, mas o emprego, dada a quantidade de gente nas ruas fazendo malabares, parece ser certo. 4 — Consultora do MST e do Movimento Pela Casa Própria. Inclui palestras, mas não remuneradas. 5 — Recuperadora de créditos para empreiteiras como Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez. [caption id="attachment_63291" align="alignleft" width="620"]Dilma Rousseff: a sociedade não está pedindo muita coisa. Ela está dizendo: “Tudo — menos o governo da presidente Dilma Rousseff”. A petista mantém o controle do poder, mas não governa, está paralisada | Foto Lula Marques/Agência PT Dilma Rousseff: pelo jeito, não fica desempregada | Foto Lula Marques/Agência PT[/caption] 6 — Dirigente de ONG em defesa da Amazônia, do Cerrado e contra o desaparecimento do pequi. 7 — Conselheira de Nicolás Maduro, de Evo Morales e de Rafael Correia. Remunerada. 8 — Porta-voz de manicômio — desses que, chiques, ganham o nome de clínica. 9 — Carregadora de pasta de Lula da Silva. Terá de usar capacete para evitar os cascudos. 10 — Leoa de chácara de boate. Com sua cara fechada, de poucos amigos, nem precisará usar a força.

Marconi e Eliton sabem que um candidato do PSDB é caiadista?

Leonardo da Avestruz é assim chamado por algumas pessoas remetendo a um episódio triste que levou Goiás às manchetes nacionais: a Avestruz Master, que vendia aves de papel prometendo lucros estupendos. Quando o esquema ruiu, cerca de 40 mil famílias foram prejudicadas. Apenas na cidade que sediava o grupo, Bela Vista, mais de 2 mil famílias choraram a perda, até, da casa em que moravam. Uma década depois, o escândalo volta à tona porque um clã que representava a empresa, o do ex-prefeito Vanderlan Celso e Silva, lançou candidato a prefeito da cidade. O governador Marconi Perillo e o secretário José Eliton não sabem, mas Leonardo da Avestruz saiu do DEM no fechar da janela do troca-troca partidário e entrou no PSDB. Trata-se de um empresário que construiu sua fortuna desde a época, mas também agora, por fornecer para o Laticínio Piracanjuba, dirigido por seu amigo Pereira do Laticínio. Leonardo será o candidato do prefeito de Bela Vista, Eurípedes do Carmo, que é irmão de Luiz Carlos do Carmo, primeiro-suplente de Ronaldo Caiado. Portanto, além de lembrar a atrocidade financeira da Avestruz Master, a filiação de Leonardo ganhou o ingrediente do caiadismo tucano: se hipoteticamente Ronaldo Caiado se eleger governador, o irmão do padrinho de Leonardo será senador. Pode ser a última tarefa de Sérgio Cardoso, o hábil articulador político do governo, antes de ser nomeado conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios: combater o tucano-caiadismo ou liberar a traição geral e irrestrita. Ao passar o relato a um repórter do Jornal Opção, um governista enviou mensagem no WhatsApp: “Se o irmão do suplente do maior adversário do governador pode mandar num diretório do PSDB, e é o que acontece com Eurípedes do Carmo em Bela Vista, então Giuseppe Vecci pode ser vice de Iris Rezende em Goiânia e Gustavo Sebba pode ser companheiro de chapa de Adib Elias em Catalão”. Puro nonsense kafkiano. Exageros à parte, a situação de Bela Vista é realmente única. E isso não é culpa da Avestruz Master. Pelo menos isso, não. Ufa!

Glenn Greenwald está mais impressionado com crítica verdadeira da imprensa do que com corrupção do PT

[caption id="attachment_63821" align="aligncenter" width="620"]Glenn Greenwald, americano, e Lula da Silva: o primeiro, jornalista quase  iniciante, parece ter sido seduzido pelo segundo, político experimentado | Erick Dau/The Intercept Glenn Greenwald, americano, e Lula da Silva: o primeiro, jornalista quase
iniciante, parece ter sido seduzido pelo segundo, político experimentado | Erick Dau/The Intercept[/caption] O advogado americano Glenn Greenwald, um dos responsáveis por divulgar as denúncias de espionagem feitas por Edward Snowden, está impressionado com a imprensa brasileira. Depois de entrevistar o ex-presidente Lula da Silva, que parece tê-lo influenciado, disse, no site The Intercept: “Estou chocado com a mídia aqui. Como as Organizações Globo [sic, é Grupo Globo], ‘Veja’, ‘Estadão’, estão tão envolvidos no movimento contra o governo, defendendo os partidos de oposição. Eles fingem imparcialidade, mas, na realidade, agem como a principal ferramenta de propagada. Quero discutir o papel da mídia brasileira incitando os protestos e pressionando a saída de Dilma” Rousseff. É possível que haja excessos e que a versão do outro lado não esteja sendo exibida de maneira adequada. O mais provável é que o outro lado, ante os fatos estarrecedores, não esteja conseguindo apresentar uma versão crível dos fatos. Curiosamente, Glenn Greenwald não fez comentários sobre a corrupção dos governos do PT. Parece tê-las achado “normal” ou desconhece a extensão das investigações. Glenn Greenwald parece ignorar a história de Lula da Silva e do PT. Noutros episódios, antes e depois do impeachment de Fernando Collor, ninguém “usou” a imprensa tão bem para atacar governos e políticos. O petismo “vazava” documentos e os integrantes do PT davam entrevistas bombásticas e criavam “movimentos críticos” — ótimas fontes para a imprensa — com o objetivo de descontruir seus adversários, por vezes, tratados como inimigos a serem destruídos. Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, para citar apenas dois políticos, foram atacados com virulência pelo PT. Por não conhecer bem a história política do país, Glenn Greenwald não questiona uma fala de Lula da Silva sobre a “impressa ideal”: “Altamente democrática, que tivesse sua opinião política e ela fosse expressa num editorial, mas que fosse muito, muito fiel aos fatos. Que não tivesse versão, tivesse os fatos. Pois bem, aqui no Brasil hoje você não tem partido de oposição. Aqui no Brasil quem faz a oposição é, na verdade, a mídia”. O que Lula da Silva diz é até bonito, mas não traduz o comportamento do PT. Quando na oposição, o petismo usava a imprensa para desancar seus adversários, expondo mais versões do que fatos (na prática, a “imprensa ideal”, do ponto de vista de Lula, é a que defende o PT, como “CartaCapital”). Grave, porém, é como o ex-presidente, com a anuência de Glenn Greenwald, omite as ações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal — concentrando sua crítica, ou raiva, na imprensa. Glenn Greenwald sequer especula: as investigações e denúncias da Operação Lava Jato, de que o governo do PT criou uma corrupção sistêmica, são falsas? Não são e os fatos, e não as versões, estão sendo expostos em toda a sua crueza. Os fatos são chocantes, não as denúncias em si. É o busílis da questão. O que aconteceu com Glenn Greenwald? Primeiro, não se trata de um jornalista profissional e, por isso, tende a ficar impactado com entrevistas de políticos sedutores como Lula da Silva. Segundo, parece que está lendo e vendo pelo alto o que está acontecendo no Brasil. A corrupção do governo petista deveria impressioná-lo mais do que as críticas — verdadeiras — da imprensa. Ele deveria conversar com o juiz Sergio Moro e com pelo menos um dos procuradores federais, como Deltan Dall’Agnol. Teria uma ideia mais circunstanciada das investigações e constataria que a imprensa está divulgando as informações com o máximo de lisura e rigor. Aos radicais, à esquerda e à direita: apesar do posicionamento pró-Lula, Glenn Greenwald é um profissional competente e íntegro. A entrevista de Lula — interessantíssima — pode ser lida no site The Intercept.

Biografia revela que Strindberg, o Shakespeare da Suécia, não era louco e valorizou as mulheres

[caption id="attachment_63819" align="alignright" width="277"]livro_imprensa Biografia conta que, apontado como misógino, Auguste Strindberg valorizava as mulheres que tinham profissão[/caption] Auguste Strindberg (1849-1912) é o William Shakespeare da Suécia. Mas, ao contrário do britânico, não caiu nas graças das editoras patropis. Alguns de seus livros saíram no Brasil, mas, fora as edições da Hedra, a maioria só pode ser adquirida em sebos. Podem ser encontrados, sobretudo no site Estante Virtual, “Inferno” (Nova Fronteira e Max Limonad), “Gente de Hemso” (Hedra, Portugália, Europa-América), “A Dança da Morte” (Abril Cultural e Veredas), “Senhorita Júlia e a Mais Forte” (Ediouro), “Crimes e Crimes” (Edusp), “Sagas” (Hedra), “Senhorita Júlia e Outras Peças” (Global e Hedra), “Pai” (Peixoto Neto), “Tempestade — A Casa Queimada — A Menina Júlia” (Presença). Parece muito. Mas é muito pouco, dada a imensa produção do dramaturgo. Sobre o múltiplo escritor há dois clichês básicos: “louco” e “genial”. Genial, sim. Louco, não. O jornalista espanhol e editor de livros Jordi Guinart aprendeu sueco, estudou sua obra e sua vida a fundo, durante quase uma década, e escreveu uma biografia para desfazer alguns enganos: “Strindberg — Desde el Infierno” (Funambulista, 400 páginas). Numa resenha para o jornal espanhol “El Mundo”, publicada no início do mês, Javier Blánquez diz que muito se escreveu sobre Strindberg, mas “não se sabe tudo sobre” o escritor. Como explorou sua própria vida, detalhando-a em suas histórias, tende-se a ver sua obra como parcialmente autobiográfica. Mesmo assim, com os fatos bem documentados, “Strindberg engana”, afirma Jordi Guinart. “As novelas não são a realidade. Strindberg fazia literatura a partir de sua vida, mas não estava contando sua vida real”, anota o biógrafo. Não era um jornalista, digamos, e sim um criador literário. Ficção e realidade são irmanados em seus livros, imbrincadas por sua poderosa imaginação. Para entender um autor complexo e altamente produtivo como Strindberg, é preciso apaixonar-se pelo autor e por sua obra. É o que aconteceu com Jordi Guinart. A paixão começou com “Inferno”, considerada sua obra mais importante. A obra do autor está reunida, na Suécia, em mais de 75 volumes — excluindo a correspondência. “‘Inferno’ é a crônica literária dos anos mais obscuros de Strinberg em Paris, de sua obsessão pelo ocultismo, pela alquimia e pelo monismo.” A paixão por Strindberg é tanta que Jordi Guinart diz que é como estivesse enfeitiçado tanto pelo homem quanto pela obra. “Com Strindberg é assim: o leitor fica fascinado, mesmerizado, ou então não se gosta em absoluto”, assinala o biógrafo. O autor da obra diz que visitou a Suécia, andou pelos lugares onde o autor morou, circulou e dos quais falou. Ele leu passagens de seus livros exatamente nos locais comentados por Strindberg. “Senti que ele me falava diretamente.” A obra do sueco agarra o leitor e não solta — exigindo-lhe um amor próximo do desespero. O escritor Karl Ove Knausgård, autor do livros “A Morte do Pai” e “A Ilha da Infância”, ambos editados pela Companhia das Letras, é, segundo Jordi Guinart, “herdeiro de Strindberg”. Mas o sueco é mais “impudico” do que o norueguês. Strindberg “explica coisas sobre si mesmo que era impensável imaginá-las no século 19”. Estava à frente de seu tempo. “A cultura do egocentrismo e a obsessão pelo eu nascem em boa parte com o dramaturgo. A maioria de suas fotografias foi feita por ele mesmo. Tecni­camente, são selfies.” Depois de estudar a obra de Strindberg por nove anos, vasculhando-a de ponta a ponta, Jordi Guinart percebeu que não havia nenhuma biografia decente ou indecente em espanhol. O jornalista afirma que as traduções para a língua de seu país têm sido feitas a partir do francês e do alemão. A tradução de “Inferno”, a partir do francês, é incompleta. A Editora Acantilado traduziu o livro do sueco, sem cortes. A personalidade vulcânica de Strindberg, além do fato de ser um autor prolífico, atraiu Jordi Guinart, que decidiu estudá-lo de maneira detida. Ele trata seu estudo como “uma biografia de iniciação” — para abrir o “apetite” —, um convite para o leitor compreender tanto o dramaturgo quanto sua obra. “A principal complicação não foi a pesquisa e escrever o livro, mas tomar a decisão do que incluir e do que excluir. Há um excesso de informação sobre Strindberg”, afirma. Strindberg teve uma vida turbulenta — eis um consenso. A questão mais polêmica é a história de sua “loucura”. Jávier Blánquez diz que “geralmente se fala do dramaturgo como um ‘demente’, como alguém que, em determinado momento de sua vida, perdeu o controle de si”, tornando-se alheio à realidade. “Mas os psiquiatras com os quais tenho conversado asseguram que quatro meses, o tempo que durou a crise que o levou a escrever ‘Inferno’, não são suficientes para determinar que era louco. Suas crises foram recorrentes, o desestabilizaram, mas não era loucura”, afirma Jordi Guinart. Por certo, era melancolia ou, quem sabe, depressão circunstancial. As crises de Strindberg eram resultados, sugere Jordi Guinart, de “conflitos matrimoniais, falta de recursos financeiros, fracassos das estreias e encenações de suas peças e desapareço do público” — que, por vezes, não entendia seu arrojo artístico e modernidade. Seus variados problemas são apontados pelo biógrafo como causa de sua misoginia. Seus ataques gratuitos e rasteiros eram dirigidos a rivais e às suas ex-mulheres. “Na realidade”, ressalta Jordi Guinart, Strindberg “não atacava as mulheres, e sim suas ex-mulheres e, por meio delas, um certo modelo de mulher: a senhora burguesa sueca acomodada e sem um ofício” e que, por isso, precisava ser sustentada e “não fazia outra coisa a não ser queixar-se”. Strindberg “admirava os pobres. De certo ponto de vista, foi um feminista ao inverso. Sua linguagem hoje nos choca, porque estamos em um momento de extrema correção, e não se pode negar que, durante certo período de sua vida, seu comportamento e seus textos foram misóginos. Porém ele falava da mulher trabalhadora, apoiou e cobrou o voto feminino”. O dramaturgo “incentivava as mulheres a trabalhar” e a “crescer por intermédio de suas carreiras profissionais”. Comenta-se que Strindberg era um perverso sexual. “Construíram um personagem impudico, que confundia realidade com desejo. Mas era lógico: o sexo, para ele, era parte humano e parte divino.” Não há notícia de que o livro será editado no Brasil.

O Popular é um jornal que chega “morto” aos seus leitores já de manhã

pop A mudança do formato standard para berliner deixou, não há dúvida, o septuagenário “O Popular” com cara de mocinho. O jornal ficou muito mais bonito. A plástica rejuvenesceu-o. Mas há um problema sério de concepção do que é jornalismo em tempos de internet, de globalização rápida da informação. O “Pop” produziu um jornal impresso para “concorrer” com a internet e as televisões. Não dá pé. O que se tem percebido é que o jornal está chegando velho às mãos de seus leitores. O jornal impresso pode até não desaparecer, mas terá de mudar seu perfil. Se quiser sobreviver — até “The Independent”, o notável jornal britânico, extinguiu a edição impressa —, se não quiser ser ignorado pelos leitores, o jornal tem de mudar. O primeiro passo é não tentar competir com a rapidez e o volume de notícias da internet. Jornais meramente fatuais se tornam velhos assim que são impressos. Com a atual reforma — que é mais gráfica do que editorial —, “O Popular” radicalizou na competição com a internet e, por isso, está perdendo a guerra. Está cada vez mais fatual, com escasso espaço para opinião, sobretudo a opinião da própria redação. É possível sugerir que o “Pop” está com cara de “internet velha”. Suas notícias, por vezes, são desmentidas logo de amanhã e os leitores percebem isto. Fabrício Cardoso e Silvana Bittencourt, editores sérios e competentes, certamente, ao longo do tempo, irão promover novas mudanças e adaptações. Para um jornal como “O Popular”, com larga tradição de seriedade e equilíbrio — se o objetivo for continuar com as versões impressa e online (hoje o impresso tem cara de online, com notícias curtas mas velhas, ou melhor, que não resistem às primeiras horas do dia) —, o caminho pode ser o da “Folha de S. Paulo”, “O Globo” e o “Estadão”, que, além de investirem forte na opinião abalizada, publicam reportagens especiais, exclusivas, quer dizer, que não estão nos outros sites na internet. As notícias triviais, sublinhe-se, estão em todos os lugares. Precisam ser publicadas? Sim, mas devem vir acompanhadas de análises circunstanciadas.

O humanista Barack Obama lidera caçada mortal aos terroristas, com aprovação dos americanos

guerra secreta“Guerra Secreta — A CIA, um Exército Invisível e o Combate nas Sombras” (Record, 392 páginas, tradução de Flávio Gordon), de Mark Mazzetti, está chegando às livrarias. É uma obra-prima do jornalismo americano. Mark Mazzetti, premiado com o Pulitzer, relata que a guerra contra o terrorismo tornou-se, na verdade, uma gigantesca caçada humana — com autorização integral do presidente Barack Obama, que, aos olhos do mundo, é visto como um humanista em tempo integral — quando, no poder, se tornou um realista visceral, o gestor de um império. A pesquisa de Mark Mazzetti revela que CIA e Forças Armadas estão com as mesmas funções: espionando e caçando pessoas para matar. “A prioridade da CIA já não é mais reunir informações sobre governos estrangeiros e os seus países, mas sim a caçada humana. A nova missão premia quem colhe informações detalhadas sobre indivíduos específicos, e pouco importa o modo como isso é feito”, afirma o jornalista. Os Estados Unidos institucionalizaram o uso de drones para ataques mortais. Embora publicamente defenda a liberdade de expressão, o presidente Barack Obama recorreu à Justiça para evitar que a imprensa obtivesse acesso irrestrito e mesmo restrito a informações oficiais sobre o uso de drones pela CIA. Um detalhe que pode parecer chocante para os humanistas: uma pesquisa da Universidade de Stanford revela que 69% dos americanos aprovam o assassinato secreto de terroristas por militares e agentes americanos. Mark Mazzetti é repórter do “New York Times” e escreveu para a revista “The Economist”.