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A Revolta Paulista, historicamente, foi a segunda revolta tenentista que ocorreu no Brasil. O desejo era a derrubada do governo Artur Bernardes (1875-1955) e também das oligarquias. A Revolta foi iniciada em 05 de julho de 1924, há cem anos, na capital paulista. A cidade sofreu nesses dias um forte bombardeio, que alarmou toda a população. Em seguida, os revoltosos fugiram de São Paulo e se uniram aos tenentistas gaúchos para formar a Coluna Prestes.
Por todo o Brasil ficaram conhecidos como os “revoltosos”. Eles lutavam contra as oligarquias dos coronéis que, segundo eles, não atendiam às demandas sociais da época. Eram os movimentos isolados de contestação. Um primeiro movimento já havia ocorrido dois anos antes, 1922, movido por soldados de baixa patente do exército brasileiro. Foi a Revolta do Forte do Copacabana.
O ideário era que o tenentismo iria salvar o destino do País e durante os anos 1920 vários movimentos foram insuflados até a Revolução de 1930. Todo esse movimento era encabeçado por Izidoro Dias Lopes (1865-1949), Joaquim Távora (1881-1924), que morreu baleado no combate e Juarez Távora (1898-1975). O desejo geral era a derrubada do governo.
No Estado do Paraná houve o encontro dos tenentistas rebelados do Sul e os do Sudeste e tal fato deu início à Coluna Prestes, formada por agrupamento de centenas de homens que marcharam pelo interior do Brasil entre os anos de 1924 e 1927, com lutas contra o governo e na liderança Luiz Carlos Prestes (1898-1990).

Os “revoltosos” eram temidos em vários lugares porque, de forma geral, as pessoas tinham medo e não conheciam as suas intenções e também, no seio do próprio movimento, havia pessoas com índoles diferentes.
Assim foi em Goiás.
Historicamente, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa (1865-1942) encerrava seu governo na Presidência da República em clima de agitação política e militar. O certo é que todo ele não foi tranqui1o. E a sua inovação de colocar civis nas pastas militares descontentou o Exército, principalmente a oficialidade jovem, já revoltada com o regime político brasileiro.
Em consequência, as insubordinações nos quartéis e, dia 5 de julho de 1922, a histórica Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, energicamente sufocada pelo governo deu início aos muitos movimentos.
Tais fatos, literariamente, foram discutidos no romance Éramos seis, de Maria José Dupré (1905-1984) e nos contos de Antonio Alcântara Machado (1901-1935), Brás, Bexiga e Barra Funda, todos com cenário na cidade de São Paulo dos anos 1920.

Os revoltosos, idealistas foram tão corajosos e a repressão legal tão violenta, que apenas dois deles: Eduardo Gomes (1896-1981) e Siqueira Campos (1898-1930), não caíram mortos na praia de Copacabana. Foram hospitalizados, mas sobreviveram. Todo o país, revoltado, sentiu o fuzilamento dos denodados militares, naquela marcha suicida, em defesa de um patriótico ideal, e ambos se tornaram espécie de heróis da nação, naquele tempo.
O clima nacional já era de sucessão presidencial e fervilhava nos estados, com crise política nas ruas e conspirações nos quartéis. Minas Gerais e São Paulo lançaram a candidatura de Artur da Silva Bernardes à sucessão do Presidente Epitácio Pessoa, que não foi bem recebida de modo geral, nem pelos políticos, nem pelos militares.
Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul apresentaram a de Nilo Peçanha para a disputa do mesmo cargo. Como a candidatura de Artur Bernardes não foi bem aceita por todos, e já num clima de revolta pelo País, surgiam aqui e ali manifestações de desagrado, por várias formas.
Como campanha de protesto, Freire Júnior compõe uma irreverente e satírica marchinha: Ai, Seu Mé. Sua divulgação foi proibida e foi preso o seu compositor. Apesar da distância e da precariedade de comunicação, a letra e a música chegavam a Goiás, e as pessoas cantavam com entusiasmo:
O queijo de Minas está bichado, seu Mé!
Não sei o porquê é,
Não sei o porquê é...
Se não quiseres uma bernarda a cacete,
Vás ao Catete,
Não vás ao Catete,
Não vás ao Catete!...
Ai, seu Mé...
Ai, Memé...
Lá no Palácio das Águias, Olé,
Não hás de pôr o pé!...
Mas, Artur Bernardes não se intimidava; enfrentou tudo e foi eleito, tomou posse dia 15 de novembro de 1922, com o País em estado de sítio. Todo o seu governo foi assim, por causa da persistente efervescência oposicionista e da rebeldia militar da oficialidade jovem.
Apesar das dificuldades que encontrou, ele teve com pés firmes, e governou a Nação com pulso forte seu mandato.

Ao ler os jornais e ao ouvir os comentários sobre sua energia com os divergentes, os vilaboenses não lhe eram totalmente simpatizantes. E ainda por ter o Presidente mandado prender em Belo Horizonte o reverendo Monsenhor João Martins, parente dos goianos, por ter censurado destemidamente, no púlpito de uma igreja, os desmandos e as arbitrariedades presidenciais, causou mais revolta, ainda, naqueles dias, na antiga Cidade de Goiás.
E o presidente aparecia nas fotos da Revista da Semana (circulou de 1900 a 1959),com fidalga postura, de fraque, cartola, enluvado, sapatos lustrosos e, elegantemente, usando pince-nez. Parecia não se abalar com os acontecimentos.
Agitações, greves e outras manifestações de descontentamento surgiram de todos os lugares. Vivia-se uma época de inquietações. Alguns levantes militares aqui, outros ali eram a fumaça denunciadora do fogo que logo se apresentaria em incontidas labaredas.
De fato, dia 5 de julho de 1924, surgia em São Paulo outra revolução dos tenentes, comandada pelo general Isidoro Dias Lopes, articulada com outros estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Pará.
Os seus principais lideres foram: Luiz Carlos Prestes, Siqueira Campos, Djalma Dutra, João Alberto, Osvaldo Cordeiro de Farias, Miguel Costa e Juarez Távora, este, anos depois, comandando a Revolução de 1930, no Norte do Brasil, como general, pelos seus feitos destemidos e patrióticos, foi homenageado com o titulo de "Leão do Norte” e com hino alusivo.
A Revolução de 5 de julho de 1924 chegou a ocupar a capital de São Paulo, mas foi vencida pelo governo e os revoltosos fugiram e se refugiaram em Mato Grosso.
No pensamento em levar a todo o território nacional os ideais revolucionários, criaram a Coluna Prestes em outubro de 1924, quando várias guarnições militares se revoltaram no Rio Grande do Sul, onde ela foi iniciada.
Prestes, líder do estado-maior do movimento era chamado de "O Cavaleiro da Esperança", inclusive, com uma biografia de Jorge Amado (1912-2001), com título homônimo.
A Coluna, depois de muitas lutas e muitos sacrifícios, no demorado e longo percurso pelo interior do Brasil, terminou em fevereiro de 1927.
Em Goiás, os comandados de Prestes estiveram em 1925. Acolhidos por simpatizantes e rechaçados por adversários, erraram em marcha constante.

A Revolução continuava mesmo sob a enérgica e incessante reação das forças legalistas, que subjugavam e dizimavam os revolucionários, obrigados a recuarem para regiões ermas e mesmo com penetração em países vizinhos, como o Paraguai.
Muitos dos bandos errantes, já sem o idealismo do começo, passaram a praticar violências e até terrorismo, preocupados com a própria sobrevivência à custa do que fosse.
As tropas mais perigosas para Goiás pareciam ser as que vinham por Mato Grosso, nosso vizinho. Tudo faziam para desorientar e confundir as defesas legalistas, e surgiam em localidades várias, com ganho de tempo, penetração e adeptos. O ideal sonhado e a esperança de muitos caíam em descrédito, assim como dos próprios valorosos chefes revolucionários.
Em Caiapônia, cidade do interior goiano, onde puderam ficar por algum tempo, comemoraram a data do primeiro aniversário da Revolução, com missa campal celebrada por um goiano culto, de tradicional família de Vila Boa, adepto revolucionário, Padre Manoel de Macedo Carvalho (Maneco Macedo), mesmo afastado da Igreja, como se encontrava, por decisão do Clero. Ele era parente do médico Oyama de Macedo, que foi casado com a romancista Rachel de Queiroz (1910-2003).
Nas caminhadas pelo sertão, ao passarem por fazendas, segundos relatos orais e escritos, sacrificavam rezes, abasteciam a tropa, trocavam animais doentes ou desgastados pelos melhores que encontravam. Toda espécie de armas, roupas e agasalhos eram por eles cobiçados e levados.
As populações, ao tomarem conhecimento da sua aproximação, fugiam espavoridas, no abandono de suas moradas; embrenhavam-se nas matas e retornavam após a certeza de que os rebeldes já se encontravam distantes.
Em Goiás, antiga capital, havia uma Companhia Isolada do 6ºBatalhão de Caçadores, comandada na época pelo primeiro tenente Floriano Lima Brayner e a Polícia Militar do Estado. Esta, porém, bastante desfalcada na ocasião, devido aos constantes pedidos de soldados, para defesa das populações dos municípios ameaçados, ou já vitimadas pelos rebeldes
Ao chegar a notícia da marcha dos revoltosos para as proximidades da metrópole goiana, organizaram-se, urgentemente, batalhões patrióticos para defesa da cidade.
Os homens úteis foram convocados. A convocação foi feita pelo próprio Chefe de Polícia, Dr. Celso Calmon Nogueira da Gama (1883-1945), a todos os úteis, sem distinção, firme, com palavras polidas, mas positivas.

Embora os ideais políticos não fossem diferentes daqueles de alguns dos chefes da revolução, os vilaboenses se sentiam obrigados a ajudar a defender a cidade dos abusos que vinham sendo praticados pelos grupos já desgarrados dos princípios revolucionários.
Juntamente com os outros já alistados, os homens convocados entre os civis foram submetidos a exercícios físicos e ao manejo das armas a serem por eles usadas.
O problema tornava-se cada vez mais sério. As comunicações telegráficas e telefônicas haviam sido cortadas em vários pontos. A estação telefônica de Floriano Peixoto, completamente destruída por um grupo volante de 16 homens, que levaram conseguem os aparelhos, após seviciarem brutalmente o guarda da estação.
Perto de Itapirapuã, na Fazenda Pilões, não muito distante de Goiás (a então capital), num combate travado entre os revoltosos e uma companhia do Exército, comandada pelo coronel Frederico Sócrates, tombaram sem vida o tenente goiano Joaquim de Oliveira Bastos e três revoltosos, sendo todos lá sepultados. Houve grande luto na Cidade de Goiás!
O perigo tornara-se iminente. Fugitivos de Anicuns chegavam à capital, espavoridos e narravam os horrores e até mortes praticadas pelos revoltosos, na linguagem de todos.
Os civis alistados que envergavam farda caqui, casquete da mesma cor, ou chapéu de abas largas, mochila às costas e fuzil aos ombros, subiram na carroceria de um caminhão estacionado no Largo da Matriz, em frente à Igreja da Boa Morte; o qual logo desapareceu na esquina do Palácio Conde dos Arcos, rumo à saída da cidade para a Serra Dourada. Era a defesa organizada há cem anos!
Ali aguardariam, com ampla visibilidade, numa rigorosa vigilância, o momento de defesa contra os invasores, mas com ordem expressa de só abrirem fogo caso os rebeldes tentassem ultrapassar a serra a marchar sobre a cidade.
O instrutor para o treinamento dos homens e a prática no manejo das armas foi o jovem oficial Lindolfo Emiliano dos Passos (1900-1988). Em suas memórias, o militar relatou tal passagem em minúcias. O professor Donizette Martins de Araújo e outros, depois de treinados, ficaram com metralhadoras no Campo do Areião, entrada Sul da capital.
Dr. Heitor de Morais Fleury (1888-1972) e vários companheiros foram escalados para guarnecerem o Palácio do Governo. Ao Vitor Rizzo foi confiado um grupo de cem homens equipados para a defesa da entrada norte da metrópole. Os outros locais públicos foram escalados para defesa de Benjamim Serradourada e Artur Wascheck.
Este era vice-cônsul da Alemanha em Goiás. Seu Vice-Consulado não dispunha do pavilhão pátrio. Diante do ostensivo e aparatoso movimento bélico, prenunciador de iminente perigo de ataque à cidade, ele pediu à Alice Coutinho que lhe confeccionasse, com possível urgência, uma bandeira. Confeccionada nas cores preta, vermelha e amarela disposta em sentido horizontal, como são a legítima alemã, a bandeira foi feita.
Era este o raciocínio do vice-consul: caso os temidos revoltosos penetrassem na cidade, ele hastearia a bandeira de sua Pátria na porta da sua residência, nela asilaria possíveis civis, mulheres e crianças, esperançoso de nada acontecer aos inocentes.
As igrejas da cidade permaneciam abertas dia e noite para a constante vigília dos fiéis, que se revezavam em contínua corrente de orações pela proteção de todos.

Famílias inteiras abrigavam-se em suas fazendas distantes. Outras, porém, preferiam permanecer na cidade, mesmo com receio dos revoltosos no isolamento campestre.
A carência de víveres já começava a inquietar a população: barracões (armazéns) desfalcados, mercado vazio. Os lavradores tinham medo de ir à cidade.
Na então capital, tudo organizado para a defesa urbana. Nos momentos em que os responsáveis pela proteção local julgavam hora de perigo, por notícias colhidas, davam sinal de alerta e recolher. A convocação aos escalados para assumirem com urgência os seus pontos de defesa era imediata.
O sinal era transmitido pelo repicar ligeiro dos sinos da cadeia e igrejas e pelos policiais designados. A cavalo, em aceleradas e ruidosas marchas sobre o calçamento de pedras das ruas, acionavam fortemente suas cornetas, que, de pontos estratégicos, eram escutados por todos os pontos da cidade. Estabelecia-se, então, um nervosismo, um corre-corre desenfreado, com choros e clamores.
Grande parte dos voluntários estava alojada na Serra Dourada. Felizmente nada aconteceu. Os revoltosos tomaram outra direção. A cidade passou a viver seus dias comuns, mas com a constante eclosão de movimentos, políticos e sociais, que culminaram, seis anos depois, com a Revolução de 1930 e a mudança do poder na velha e tradicional cidade de Bartolomeu Bueno.
Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado. Graduado em Letras e Linguística pela UFG. Especialista em Literatura pela UFG. Mestre em Literatura pela UFG. Mestre em Geografia pela UFG. Doutor em Geografia pela UFG. Servidor público.
Historiador que há 50 anos ensina e participa da história de Goiás
Maria Helena Chein tem um lugar cativo na história da literatura brasileira feita em Goiás, com sua postura profunda e sensível do existir do homem e notadamente da mulher nos conflitos da relação complexa entre os seres
Fundada em 1898, ela perde apenas para as Faculdades de Recife, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Ouro Preto
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Herbert Moraes
Desde 1997, dia 9 de julho é feriado no Estado de São Paulo. Naquele ano, Lei 9.497 foi aprovada pela Assembleia Legislativa e promulgada pelo então governador Mário Covas, que instituiu o 9 de Julho como Data Magna do Estado. A guerra civil que ganhou ares de revolução durou 90 dias e terminou com a rendição dos paulistas em 2 de outubro de 1932. Na capital paulista, duas avenidas que, até hoje, são uma das principais artérias do caótico trânsito da cidade, foram batizadas com as datas que marcam a Revolução Constitucionalista de São Paulo: a 9 de julho e a 23 de maio.
A primeira é considerada a data em que estourou a rebelião armada e quando voluntários começaram a se apresentar para a formação do exército que lutou pela causa paulista. Já a segunda data, lembra o dia considerado o estopim da fase armada do levante, quando 4 estudantes morreram após a invasão de tropas federais ao escritório do Partido Popular Paulista.
Os quatro universitários, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, tornaram-se mártires do movimento, que adotou as iniciais dos seus nomes como a sigla da causa: MMDC. O que pouca gente se lembra, e que foi extirpado dos livros que contam a História do país, é que, há exatos cem anos, em 9 de julho de 1924, os paulistas também foram às armas e provocaram uma outra guerra que, assim como em 1932, terminou em uma derrota sangrenta, após o bombardeio da capital paulista por aviões da Força Aérea Brasileira, por ordem do governo federal, à época sob a tutela do mineiro Arthur Bernardes, considerado o pior e mais cruel Presidente do Brasil.
Em 05 de julho de 1922, eclodiu no Rio de Janeiro, a famosa "Heroica Revolta dos 18 do Forte", uma insurreição militar liderada por tenentes do Forte de Copacabana contra a fraude das urnas, a corrupção (que nessa época passava longe dos quartéis) e contra partidos considerados de centro, que na época estavam nas mãos da bancada ruralista que desde 1897 comandavam o Brasil através da República do café com leite, quando a cada quatro anos era eleito um Presidente que vinha de Minas Gerais ou de São Paulo. o Movimento dos 18 do Forte, marcou os tenentes como militares progressistas, que lutavam por um país menos arcaico, desigual e mais industrializado. Um movimento que acabaria por ser a faísca inicial de uma série de outras revoltas que, ao fim, destituiu a República Velha, em 1930, com a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, dando início ao Estado Novo.
Em 1924, a data que lembrava o levante dos 18 do Forte, 05 de julho, tornou-se tão simbólica que o dia foi instituído por grupos rebeldes, para marcar o início de várias insurreições militares que eclodiram pelo Brasil, em estados como no Sergipe, Bahia, Amazonas e São Paulo. No norte e nordeste, o Governo Federal retomou o controle do poder rapidamente mas, em São Paulo, os grupos rebeldes conseguiram tomar a capital que foi ocupada durante três semanas. O movimento era comandado por um gaúcho, General Isidoro Dias Lopes, um veterano da Revolução Federalista de 1893, no Rio Grande do Sul. O Major Miguel Costa, comandante do regimento da Cavalaria da Força Pública de São Paulo, também liderou a revolta. Pouco tempo depois, ele viria a ser o líder da Coluna Miguel Costa- Prestes, que no início não era Coluna Prestes como ficou conhecida.
O tenente Joaquim Távora também era um dos líderes da guerra paulista. Joaquim era irmão de Juarez Távora, um outro tenente ligado aos rebeldes, assim como o tenente Eduardo Gomes, que tinha sido um dos líderes dos !8 do Forte e havia retornado do exílio na Argentina para participar da Revolta paulista. Muitos anos depois, os dois concorreram duas vezes à Presidência do Brasil, mas foram derrotados nas urnas. Outro líder do levante de 1924, era o "feroz" tenente João Cabanas, um homem perigoso e assassino que liderava a Coluna da Morte e, por fim, o tenente Filinto Müller, um torturador, considerado, até hoje, o homem mais perigoso do país. O objetivo da Revolução de 1924 era derrubar o Presidente Arthur Bernardes, considerado o inimigo número 1 dos militares.
O Presidente havia fechado o Clube Militar, mandou prender o ex-Presidente do Brasil, Hermes da Fonseca que era irmão do Marechal Deodoro da Fonseca (o primeiro presidente do Brasil) e colocou no comando do Ministério da Defesa um civil, algo inaceitável pelos militares. No entanto, embora os militares tenham planejado a Revolução Paulista
detalhadamente, sua eclosão foi caótica. Começou com a tomada, em 5 de julho, por 2600 soldados rebelados, dos quartéis do Exército e da Força Pública no bairro da Luz em São Paulo, assim como a Estação da Luz e a Estação Sorocabana que viria a ser a Estação Júlio Prestes. Mas os rebeldes se esqueceram de cortar algo crucial numa Revolução: a comunicação. Nem as linhas telegráficas ou as telefônicas foram cortadas, e isso permitiu que o Presidente Arthur Bernardes fosse prontamente avisado. Assim, o chefe do executivo pôde reagir rapidamente, dando início a um contra-ataque.
Mas antes da chegada das tropas legalistas à São Paulo, as forças rebeldes abriram fogo contra o Palácio dos Campos Elíseos, sede do Governo do Estado, onde ficava o Presidente do Estado, como se chamava o Governador naquela época. |No dia 6 de Julho, o primeiro contingente das tropas federais chegou ao Estado vindo do Rio de Janeiro para lutar contra os rebeldes, mas acabaram desertando e se uniram aos revoltosos. Enquanto isso, no interior do Estado, fazendeiros e comerciantes armaram grupos paramilitares que ficaram conhecidos como "pelotões patriotas" para lutar contra os rebeldes.
No anoitecer do dia 8 de Julho, ficou claro que os militares não conseguiriam tomar toda cidade de São Paulo porque os blindados que eram utilizados não andavam porque eram pesados demais. O plano de tomar a cidade de Santos, sede do principal Porto do país, também não deu certo. Ao perceberem que a Revolução tinha falhado, os rebeldes resolveram mandar um mensageiro ao Palácio que eles tinham bombardeado 2 dias antes, anunciando a sua rendição em troca de anistia. Mas ao chegar ao Palácio Campos Elíseos, o mensageiro o encontrou vazio. O Presidente do Estado, Carlos Campos havia fugido de madrugada. Foi então que os rebeldes resolveram tomar o poder.
No dia 9 de Julho de 1924, Arthur Bernardes ordenou o bombardeio de São Paulo mesmo sabendo que a ação deixaria dezenas de civis mortos. Espertamente, o Presidente mandou atingir apenas os bairros operários como a Móoca, Braz, Belenzinho e o Ipiranga, livrando bairros nobres como o centro, Campos Elíseos e Higienópolis como alvo. A cidade entrou em colapso. A população, desesperada, saqueou depósitos e mercados, impedindo a entrada das tropas legalistas. Onze dias depois do início do levante, 15000 soldados leais ao Governo Federal cercavam a capital paulista. Os rebeldes, então, pediram armistício condicionando a assinatura de um acordo de paz à entrega do poder e à posse de um governo provisório no Brasil com a imediata convocação de uma Constituinte.
Ao ler a proposta, o Presidente Arthur Bernardes chamou os militares revoltosos de "recalcados" e não aceitou o acordo, até porque ele tinha sido eleito em um pleito democrático. Os militares rebeldes propuseram, então, depor as armas em troca de anistia. Arthur Bernardes não quis conversa e decretou a prisão de todos os revoltosos. Mas na madrugada do dia 27 de Julho, os rebeldes abandonaram as cidades paulistas de trem e seguiram para Foz do Iguaçu.
Dois meses depois, em Outubro de 1924, alguns tenentes gaúchos, inconformados com o desfecho da Revolução Liberal de 1923, fugiram em direção à Foz onde se juntaram aos rebeldes paulistas. Em abril de 1925, os dois grupos se juntaram para formar a Coluna Prestes. A guerra paulista 1924 acabou sendo esquecida pelos próprios paulistas que, por coincidência do destino, oito anos depois, iniciaram um outro conflito em 9 de julho de 1932. A Revolução de 1924 acabou virando uma ferida esquecida.
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“Se você estudar história, será capaz de ‘prever’ o futuro porque a tolice da humanidade se repete"
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