Soja mais resistente à seca tem aval do governo para cultivo
03 janeiro 2024 às 09h11
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A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou uma espécie de soja desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), resistente ao estresse hídrico, o que significa que a planta requer menos água para seu desenvolvimento. O destaque é que essa variedade foi aprovada como soja convencional, não transgênica. Segundo o pesquisador Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, o cultivar foi criado por meio de técnicas de edição genômica, sem a necessidade de transgenia, ou seja, sem a introdução de genes de outras espécies.
A Embrapa utilizou uma planta do seu acervo genético, provavelmente “arquivada” devido à baixa produtividade, mas com a característica de crescer com pouca água. Esse gene foi editado na planta alvo, e o aprimoramento genético foi realizado sem a incorporação de DNA de outras espécies, utilizando o método Crispr.
A técnica Crispr, que significa Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, permitiu à Embrapa identificar características em plantas mais antigas e incorporá-las em variedades mais modernas. Esse método, reconhecido com o Prêmio Nobel de Química para Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna, possibilita uma revolução tecnológica na genética de plantas.
Com o terceiro maior banco de germoplasmas do mundo, a Embrapa utiliza seu acervo para criar novas variedades voltadas para enfrentar desafios climáticos. O pesquisador Nepomuceno destaca que, por ser um processo não transgênico, essa tecnologia estará disponível de maneira mais rápida e a um custo menor para os produtores.
Antes de chegar aos produtores, a nova variedade passará por multiplicação em unidades de pesquisa e testes em campo em diversas regiões, incluindo áreas mais secas. Nepomuceno explica a diferença entre a edição genômica e a transgenia, destacando que o método Crispr permite alterar a sequência do genoma utilizando o DNA da própria soja, sem a necessidade de genes de outras espécies.
Além disso, o pesquisador revela que a Embrapa já está trabalhando em um novo cultivar de soja com maior teor de ácido oleico, o que poderá elevar a qualidade do óleo de soja culinário e do biodiesel de soja, oferecendo benefícios para a saúde e o desempenho de motores. Essa inovação reflete a capacidade da Embrapa de enfrentar as mudanças climáticas e contribuir para o desenvolvimento sustentável da agricultura.
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