Uma mulher que ficou em coma na UTI por um mês após sofrer queimaduras do próprio marido, faleceu no último domingo, 8. O caso repercutiu na cidade de Trindade, onde aconteceram os fatos, pois, além da violência doméstica, o homem também era acusado de violentar sexualmente as duas filhas da mulher e agredir fisicamente o filho da vítima.

A delegada Caroline Gonçalves, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Trindade (16° DRP), conta que a prisão preventiva do homem se deu neste sábado, 7. “Durante a internação da mãe, esse padrasto abusava constantemente das duas meninas e estaria ameaçando as crianças a não contarem a versão verdadeira acerca das queimaduras”, explicou a delegada ao afirmar que os filhos da vítima haviam presenciado o momento das queimaduras, feitas com álcool como combustível. 

Após o ataque do marido à esposa, a vítima foi encaminhada com 40% do corpo queimado para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde ficou em coma induzido por pouco mais de um mês. 

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Informações da Polícia Civil revelam que as duas meninas vítimas de estupros recorrentes possuem 6 e 9 anos, enquanto o irmão mais velho delas tem 11. Os investigadores destacaram o requinte de crueldade durante as violências, fazendo uso às vezes de um alicate para ameaçar os menores. Todas as três crianças foram encaminhadas para um abrigo após a prisão do padrasto. 

Ao ser abordado pela equipe policial, o homem (que responde por feminicídio consumado, estupro de duas vulneráveis e maus-tratos contra três menores) estava em posse de drogas e afirmou ser usuário. Desde sua prisão, o investigado se encontra à disposição do poder judiciário. 

“A Deam de Trindade reafirma seu compromisso no combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes, maus-tratos e violência doméstica e familiar contra a mulher”, finaliza a delegada Caroline. 

Violência doméstica em Goiás

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) registrou 10 casos de feminicídio no Estado no primeiro trimestre de 2023. De acordo com dados do Tribunal, foram registrados 4.834 novos casos de violência doméstica contra mulheres. Além disso, 5.163 medidas protetivas de urgência foram concedidas no período.

Na média dos três primeiros meses deste ano, todos os índices cresceram. Foram 1.721 medidas protetivas por mês neste ano; 1.611 novos casos de violência doméstica contra mulheres e 3,3 feminicídios por mês.

No ano anterior, foram registrados, em média, quase 1.5 novos casos de violência doméstica por mês. Ao todo, foram mais de 17,7 mil registros. Além disso, foram concedidas 16,2 mil medidas protetivas de urgência, equivalente a 1.477 por mês, e 38 mulheres foram vítimas de feminicídio.