O pedido de extensão do decreto de calamidade financeira da Prefeitura de Goiânia vai ser aprovado pelos deputados estaduais? A depender da base, ele pode. Apesar de um clima mais favorável ao projeto, parlamentares ouvidos pela reportagem criticam o tom usado por Sandro Mabel (UB), que disse que iria expor quem votasse contra e pedir voto contra nas eleições de 2026. Os deputados chegaram a deixar o projeto para o próximo semestre, após o recesso parlamentar, no entanto voltaram atrás e o presidente da Casa, deputado Bruno Peixoto (UB), convocou sessão extraordinária para esta quinta-feira, 3, para apreciar a matéria.

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Cobrado pela falta de articulação própria junto aos deputados estaduais, Mabel iniciou a semana ligando para os parlamentares pedindo a aprovação da proposta que prorroga o prazo de calamidade nas finanças do município. A estratégia começa a surtir efeito, tendo em vista um cenário de rejeição desde que o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) emitiu um parecer contrário ao projeto.

A argumentação do prefeito e do secretário de Finanças, Valdivino de Oliveira, é que o Tribunal não tem acesso a todos os balancetes e “as dívidas de pen drive”, como ele se referiu a obrigações feitas nas gestões passadas e que não teriam sido empenhadas.,

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Chantagem pegou mal

O deputado Lucas Calil (MDB) diz que a tentativa de chantagem pegou mal, tendo em vista que Mabel, durante a campanha, pediu apoio dos parlamentares. “Foi uma eleição apertada e todos da base ajudaram ele. Não faz o menor sentido ele chantagear aqueles que ajudaram ele”, disse. Apesar da crítica e de entender que o voto técnico dos foi superado após a nota do TCM, o voto político e de confiança na gestão de Mabel pode prevalecer. “É até irresponsabilidade a gente contestar o TCM. Agora, se for um voto político, que o prefeito possa vir aqui e sensibilizar todo mundo. Eu tenho todo interesse do mundo de dar um voto de confiança para o Mabel, mesmo sabendo que o TCM é contra”, reforça.

Calil argumenta Mabel assumiu a gestão de Goiânia com uma cidade completamente “desarrumada” e que a prorrogação da calamidade pode ajudar na organização do município e garantir mais estabilidade para superar a burocracia. O emedebista diz, no entanto, que não foi procurado pelo prefeito, mas que mesmo assim não tem problema em dar esse voto para o projeto.

Relator defende aprovação

Virmondes Cruvinel (UB), relator da matéria na Assembleia Legislativa, argumenta que foi feita uma “maquiagem contábil e financeira na última gestão” para não enviar os dados corretos para o Tribunal de Contas e que, por isso, tem tranquilidade de fazer a defesa da votação. “Temos problemas que estão sendo enfrentados e é hora de superar isso. É a capital do nosso Estado e o prefeito está com boa intenção para que Goiânia volte a ser uma referência entre as capitais”, defende. Cruvinel diz ter a impressão que a Casa deve aprovar a matéria com ampla maioria dos votos.

Cristiano Galindo (SD) aponta que os deputados têm a função de contribuir para os municípios e que a capital exige um cuidado ainda maior. “Caso vote favorável será por entender que vou ajudar a administração e consequentemente a população, sem entrar no mérito de preferência pessoal ou partidária”.

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