Danos de queimadas como a do Parque dos Pirineus podem ser revertidos? Especialista explica
30 setembro 2024 às 15h29
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A vegetação dos parques estaduais de Goiás devem se recuperar sem problemas após queimadas. A recuperação ocorre de forma natural, já com o orvalho que ocorre durante as madrugadas, mas deve ser impulsionado com as chuvas que deverão ocorrer no próximo mês. No Parque dos Pirineus, que foi atingido por grandes incêndios, a tendência é de que a vegetação volte a crescer com o tempo, impulsionado pelas chuvas.
De acordo com a Semad, com o período chuvoso, a tendência é de que haja a recuperação natural do Parque dos Pirineus. “Quando chove, logo vem a rebrota dos capins, das plantas herbáceas e arbustivas. As árvores também se beneficiam com as chuvas, induzindo o processo de germinação de sementes. Esse processo gradual e progressivo no reestabelecimento de um ecossistema é chamado de sucessão ecológica, e ocorre naturalmente”, explicou a área técnica da Secretaria ao Jornal Opção.
“No período de seca, os animais frequentam mais as áreas úmidas do parque, principalmente áreas de nascentes e cursos hídricos. Existe certa abundância dessas áreas no parque, mas a falta de chuva acaba prejudicando a fauna. Os brigadistas contratados pela Semad atuam também no resgate e salvamento de animais. Quando se faz necessário, esses animais serão encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Goiânia”, diz.
Segundo o biólogo Kennedy Borges, um dos responsáveis pelo Parque das Emas, a vegetação já começa a se recuperar naturalmente alguns dias após as queimadas. “Hoje, basta o orvalho da madrugada para que mais de 90% das espécies da vegetação se recuperem após a queima. Esse ano houve a queimada de 2% do território do parque mas tudo já está revegetando”, explica.
“Tivemos uma chuvinha rápida que veio para amenizar bem. Agora, existe previsão de novas chuvas para daqui alguns dias. Mas a revegetação está ocorrendo de forma natural, por ora apenas com o orvalho, mas quando as chuvas chegarem isso vai acontecer de forma mais vicejante”, explica.
Segundo Kennedy, o baixo volume de queimadas no parque se deve ao Manejo Integrado do Fogo (MIF). “Esse manejo consiste em você fazer a queima controlada de talhões para que, caso haja incêndios em alguma fazenda e ele chegue ao parque, o fogo não consiga entrar. São 14 talhões em uma área de 132 mil hectares, onde fazemos essa queima controlada para que não haja incêndios”.
Esse manejo do fogo foi citado por Andréa Vulcanis, que está à frente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em entrevista na última semana. Ao Jornal Opção, Vulcanis afirmou que esse manejo diminuiu em 80% o número de focos de queimadas em áreas estaduais.
“O Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (Peamp), por exemplo, todo ano pegava fogo, e no ano passado não queimou. Neste ano, foram queimados 350 hectares. Fui para lá entender o que aconteceu, e encontramos que o fogo veio da rodovia. Alguém colocou fogo à noite, o vento estava forte, e tivemos de nos mobilizar com o Corpo de Bombeiros para conter o incêndio. Queimaram 350 hectares, mas o Peamp queimava 6 mil a 7 mil hectares anualmente”, disse.
A secretária ainda informou que o Parque da Chapada dos Veadeiros queimou 10 mil hectares, mas por ser federal não houve atuação da Semad. “O momento de fazer a prevenção por meio do fogo controlado é em abril, quando se diminui um pouco do material combustível para chegar ao período seco já preparado. Essa técnica tem se mostrado muito eficaz, é uma modelagem que funciona. Nos parques federais, a responsabilidade pela prevenção é do ICMBio”, continuou.