TRF julga amanhã recursos de acusados de matar Bruno Pereira e Dom Phillips
16 setembro 2024 às 20h30
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O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, vai julgar nesta terça-feira, 17, os recursos apresentados por três acusados do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, crime que ocorreu em junho de 2022, na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Os desembargadores analisarão os pedidos de Amarildo da Costa de Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira, que questionam a decisão de pronúncia de outubro de 2023, que determinou que os réus fossem levados a julgamento pelo Tribunal do Júri. Os três permanecem presos e enfrentam acusações de homicídio e ocultação de cadáver.
O duplo homicídio aconteceu em 5 de junho de 2022, em uma emboscada, enquanto Bruno e Dom navegavam pela região do Vale do Javari, uma das áreas mais remotas da Amazônia, com mais de 8,5 milhões de hectares de terras indígenas. A última vez que foram vistos foi durante o trajeto entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde planejavam se encontrar com líderes indígenas e ribeirinhos. Os corpos das vítimas foram localizados dez dias depois, enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de três quilômetros do rio Itacoaí.
Dom Phillips, que colaborava com o jornal britânico The Guardian, era conhecido por sua cobertura de questões ambientais e dos conflitos envolvendo povos indígenas na Amazônia. Ele também estava trabalhando em um livro sobre a região. Bruno Pereira, por sua vez, havia ocupado o cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Após se licenciar da instituição, passou a atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), organização pela qual defendia os direitos das comunidades indígenas e a preservação do meio ambiente. Sua atuação rendeu-lhe diversas ameaças de morte ao longo dos anos.
A região onde o crime ocorreu é uma das mais complexas e perigosas da Amazônia, devido à presença de atividades ilegais, como pesca predatória, caça e o tráfico de drogas, o que tem acirrado tensões com os povos indígenas e defensores do meio ambiente.
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