Tratada a vida toda como “criança doente”, mulher que arquitetou morte da mãe deixa a prisão

30 dezembro 2023 às 13h40

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Após sete anos atrás das grades, Gypsy Rose Blanchard, figura central em um caso de assassinato que inspirou produções como “The Act” e “Mamãe Morta e Querida,” foi libertada na quinta-feira, 28, conforme confirmação do Departamento de Correções do Missouri.
O crime que abalou a opinião pública ocorreu em 2015, quando Gypsy, à época com 23 anos, admitiu sua participação no planejamento da morte da mãe, Clauddine “Dee Dee” Blanchard. Dee Dee foi brutalmente assassinada por facadas, e o namorado de Gypsy, Nicholas Godejohn, foi condenado por executar o crime, recebendo pena de prisão perpétua em 2019.

Descoberta
O caso tomou notoriedade quando uma mensagem peculiar surgiu no perfil de Dee Dee no Facebook em 14 de junho de 2015, alertando a vizinhança sobre sua morte. A polícia rastreou a publicação até Gypsy, desencadeando a revelação do terrível segredo que envolvia anos de abuso manipulativo.
Dee Dee, portadora da síndrome de Munchausen, submeteu Gypsy a uma vida de simulação de doenças crônicas, resultando em um ato extremo de vingança por parte da filha. Gypsy, agora livre, expressou arrependimento em uma recente entrevista à revista People, reconhecendo a enfermidade mental da mãe e lamentando a falta de discernimento na época do crime.
Produções e documentários
A história de Gypsy transcende os tribunais e ganha vida em produções como “The Act” e o documentário “Mamãe Morta e Querida.” Estas obras, disponíveis em plataformas como Amazon Prime Video e HBO Max, exploram as complexidades do relacionamento entre mãe e filha, oferecendo uma visão intrigante e, por vezes, perturbadora.
Além disso, o documentário “Gypsy: Uma Vida de Mentira” na Apple TV+ e o filme “Fuja” na Netflix, estrelado por Sarah Paulson, continuam a jogar luz sobre esse caso que transcende as fronteiras da realidade.
Síndrome de Munchaüsen
A síndrome de Munchausen, também conhecida como síndrome de Munchausen por procuração quando aplicada a casos envolvendo crianças, é um transtorno psiquiátrico raro e grave. Nessa condição, um indivíduo, geralmente um cuidador, finge ou provoca sintomas de doença em outra pessoa, frequentemente em um dependente, como um filho, para chamar a atenção médica.
Os portadores dessa síndrome muitas vezes inventam, exageram ou causam intencionalmente problemas de saúde na pessoa sob seus cuidados. Isso pode envolver a administração de substâncias tóxicas, provocação de lesões físicas ou manipulação de testes médicos para criar a aparência de uma condição médica.
O termo “Munchausen” é derivado do Barão de Munchausen, um personagem literário conhecido por contar histórias extravagantes e fictícias sobre suas aventuras. A síndrome de Munchausen é considerada uma forma extrema de transtorno factício, no qual a pessoa simula ou causa intencionalmente sintomas de doença em si mesma.
O diagnóstico e tratamento envolvem uma abordagem multidisciplinar, incluindo avaliação psiquiátrica, acompanhamento médico e, em alguns casos, intervenção legal para proteger a vítima.
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