Tosador filmado agredindo cadela em pet shop é indiciado por maus-tratos

18 junho 2025 às 14h53

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A Polícia Civil de Goiás indiciou por maus-tratos o tosador de 29 anos flagrado agredindo duas cadelas em um pet shop no setor Santa Luzia, em Aparecida de Goiânia. O caso, foi registrado no último sábado, 7, quando uma cadela da raça Shih Tzu, chamada Sofia, sofreu uma série de agressões violentas durante o procedimento de banho e tosa.
As imagens das câmeras de segurança mostram o momento em que o funcionário freelancer desferiu diversos socos e puxões no animal por quase uma hora. Em determinado momento, a violência foi tão extrema que a cadela chegou a urinar após ser atingida repetidamente.
De acordo com o delegado Henrique Berocan, responsável pela investigação, a perícia técnica auxiliou na confirmação de que os ferimentos apresentados pela cachorrinha eram compatíveis com as agressões flagradas nas imagens.
A agressão foi inicialmente percebida pela tutora da cadela, que notou um ferimento no olho direito de Sofia logo após buscá-la no pet shop. Desconfiada da explicação dada no momento da entrega do animal, ela exigiu acesso às imagens das câmeras de monitoramento. Foi então que o proprietário do estabelecimento, ao revisar os vídeos, constatou a gravidade da situação. Segundo o boletim de ocorrência, o dono da clínica alegou que estava viajando no dia do episódio e que havia contratado o tosador temporariamente. Após verificar o conteúdo das gravações, o proprietário levou pessoalmente o material à delegacia.
O caso foi oficialmente registrado na terça-feira, 11, quatro dias após a agressão. Já na tarde de quinta-feira, 13, atendendo a uma solicitação da polícia, o dono do pet shop entregou um novo vídeo à investigação. Nas imagens, foi constatada uma segunda agressão, desta vez contra outra cadela da mesma tutora, chamada Noah. Segundo o delegado, o vídeo completo do dia das agressões foi requisitado justamente para verificar a conduta do suspeito com os demais animais presentes no local.
A gravação adicional revelou novas cenas de violência. O tosador aparece manipulando Noah de forma brusca, desferindo um soco e ainda batendo com a máquina de tosa e uma toalha na cabeça da cadela. Ambos os ataques, segundo a polícia, ocorreram antes da entrega dos animais à dona. Durante o tempo em que as agressões aconteceram, os registros mostram que os animais permaneceram sem reagir.
No relato à polícia, o proprietário do pet shop disse que só ficou sabendo das agressões após uma das médicas veterinárias do estabelecimento ter alertado, cerca de duas horas depois, que a cadela Sofia apresentava um machucado no olho. Ainda segundo o boletim, o próprio tosador teria informado à equipe que o animal havia se ferido com uma rasqueadeira, um tipo de escova usada durante o processo de tosa. Diante da situação, o funcionário ainda teria sugerido a compra de um colírio para tentar amenizar os danos causados à visão da cadela.
Ao ter acesso ao vídeo das câmeras internas, o dono do pet shop confrontou o funcionário, que, segundo relatado na ocorrência, respondeu de maneira evasiva. O suspeito alegou estar “um pouco nervoso” e, em seguida, não deu mais explicações sobre o episódio. Durante o interrogatório oficial na delegacia, o homem preferiu permanecer em silêncio diante das perguntas dos investigadores. Ele apenas mencionou, de forma breve, que teria problemas psicológicos, conforme informou o delegado Henrique Berocan.
A clínica veterinária responsável pelo pet shop divulgou uma nota oficial no mesmo dia do registro da ocorrência. No comunicado, a direção do estabelecimento destacou que o profissional acusado trabalhou apenas naquela data específica e que o comportamento apresentado nas imagens não reflete os valores nem o padrão de conduta dos demais profissionais da equipe. O texto afirma ainda que todas as medidas cabíveis foram tomadas imediatamente após a descoberta dos fatos.
O inquérito policial foi concluído na terça-feira, 17, menos de dez dias após o ocorrido. O delegado indiciou formalmente o tosador com base na Lei de Crimes Ambientais, que prevê pena de 2 a 5 anos de prisão para casos de maus-tratos a animais domésticos. O processo agora segue para o Poder Judiciário, onde o Ministério Público deve analisar o caso e decidir sobre a denúncia formal.
Segundo a Polícia Civil, a rápida resposta à ocorrência se deve à colaboração do dono do pet shop, que entregou as gravações e prestou os devidos esclarecimentos às autoridades. Além disso, os laudos veterinários e a perícia técnica foram decisivos para comprovar a materialidade do crime. Ainda de acordo com o delegado, a cadela Sofia precisou de cuidados veterinários logo após a agressão, mas felizmente não perdeu a visão.
Nota completa do Pet Shop e Clínica Veterinária:
A Amigo Pet, por meio deste comunicado oficial, vem a público prestar esclarecimentos sobre um incidente ocorrido em suas dependências no último sábado, envolvendo uma cadela da raça Shih Tzu.
Na ocasião, um profissional freelance, que prestava serviço pontualmente naquele dia, adotou uma conduta totalmente incompatível com os princípios e valores da nossa empresa, agredindo o animal durante o procedimento de tosa.
Ao tomarmos conhecimento da situação, tomamos imediatamente as seguintes providências:
- Inicialmente prestamos atendimento veterinário imediato e completo ao animal, incluindo medicação e acompanhamento clínico;
- Informamos aos tutores sobre o fato ocorrido;
- Registramos um Boletim de Ocorrência juntamente com os tutores, assumindo nosso papel na responsabilização legal do agressor.
- Entregamos as imagens das câmeras de segurança para as autoridades competentes.
- Permanecemos à disposição dos tutores para toda e qualquer medida necessária à recuperação da cadela;
- Revisamos nossos protocolos internos e reforçamos as medidas de segurança e supervisão, visando garantir que episódios como esse jamais se repitam.
Reforçamos que o agressor não fazia parte da equipe fixa da empresa, nem representa os valores ou o comportamento dos profissionais que atuam diariamente conosco com ética, responsabilidade e amor pelos animais.
Infelizmente, parte da repercussão gerada tem trazido sofrimento e desgaste emocional para a equipe, que também foi profundamente abalada pelo ocorrido.
Pedimos que a comunidade não generalize ou rotule injustamente nossa empresa e colaboradores, que sempre atuaram com seriedade e dedicação. Temos mais de 12 anos de atuação ética e comprometida com a causa animal, e reiteramos que este episódio representa uma exceção inaceitável, que estamos enfrentando com total seriedade, responsabilidade e transparência.
Nos solidarizamos profundamente com os tutores e seguimos colaborando com as investigações. Reafirmamos nosso compromisso inegociável com a proteção e o cuidado de todos os animais que nos são confiados.
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