Suplementos alimentares correspondem a 60% de denúncias na Anvisa; especialistas alertam que eles não substituem medicamentos
10 dezembro 2025 às 12h40

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Os suplementos alimentares corresponderam a uma categoria de produtos que mais recebem denúncias na área de alimentos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chegando a 60% das denúncias realizadas. De acordo com a coordenadora de Inspeção e Fiscalização Sanitária de Alimentos do órgão, Renata Araújo, os maiores questionamentos ocorrem de pessoas que buscam saber se determinado suplemento realmente tem a ação indicada em propaganda.
“É cíclico: o suplemento da vez agora é o ômega 3 – aí começa a aparecer um monte de produto no mercado e também de propaganda irregular. O ora-pro-nóbis é outro, onde surgiram alguns produtos irregulares que sequer foram aprovados pela Anvisa. Já existem muitos produtos no mercado com essa composição e a gente teve que fazer uma resolução proibindo explicitamente”, contextualiza em entrevista ao Jornal Opção.
Por causa disso, Renata alerta que, em nenhuma hipótese, um suplemento alimentar pode apresentar indicação de prevenção, tratamento ou cura de doenças. Esse tipo de alegação é restrita a medicamentos e precisam ser comprovadas por outros meios. A profissional orienta muita cautela no uso de suplementos, somente com prescrição de um profissional da área médica. Além disso, Renata aconselha que em caso de dúvidas entrem no site da Anvisa para verificar se o suplemento alimentar tem autorização.

Mas para que serve a suplementação?
Segundo o nutricionista e profissional de Educação Física, Rodrigo Lamonier, a suplementação atua para o fornecimento de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação. Diante disso, são indicados para complementação nutricional, dietas restritivas, alterações metabólicas e para quem faz atividade física intensa. Também são válidos para pessoas doentes ou com condições específicas, mas ele pontua que essa orientação/acompanhamento também deve ser acompanhado por um profissional de saúde.
“É importante ressaltar que os suplementos jamais substituirão uma alimentação equilibrada. Inclusive, o próprio Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) reforça que o bom desempenho e a boa recuperação do atleta se dão, principalmente, por meio de estratégias nutricionais bem escolhidas e baseadas em alimentos”, alerta Rodrigo Lamonier.
Ainda de acordo com o nutricionista o fato de um produto ser classificado como “suplemento alimentar” não o isenta de causar efeitos negativos. “Há suplementos que podem interagir com anticoagulantes (aumentando o risco de sangramento), potencializar ou reduzir o efeito de medicamentos controlados, causar danos renais ou hepáticos (lesões no fígado) e até ter efeitos teratogênicos na gestação (causando desenvolvimento anormal ou defeitos congênitos)”, explica.

Tipos de suplementos alimentares
Rodrigo explica quais são os tipos de suplementos alimentares disponíveis:
Alimentos esportivos: focados em fornecer energia e repor nutrientes e eletrólitos. Exemplos incluem isotônicos, barras de proteína ou carboidrato, géis de carboidrato e carboidratos em pó ou líquidos (como maltodextrina, palatinose e dextrose).
Suplementos nutricionais/médicos: indicados principalmente para complementar a dieta em casos de deficiência pontual diagnosticada ou para prevenir déficits específicos. Englobam ferro, cálcio, vitamina D, polivitamínicos/minerais e ômega-3, entre outros.
Suplementos ergogênicos: têm como principal objetivo melhorar a performance do atleta. É nesta categoria que encontramos os compostos mais famosos e estudados, como creatina, cafeína, beta-alanina, bicarbonato de sódio, nitrato e os próprios carboidratos (já citados no grupo de alimentos esportivos). Embora os ergogênicos citados aqui funcionem, eles não são indicados para todos e devem ser utilizados apenas sob rigorosa supervisão profissional.

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