Representante da Câmara Municipal de Goiânia na CDTC, vereador afirma que é preciso abrir a “caixa preta” das empresas

Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Uma guerra de liminares tem marcado o funcionamento do sistema de transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia desde o início da pandemia do novo coronavírus. Após as empresas serem obrigadas a retomarem 100% da frota, governos estadual e municipal, Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) e Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET) se debruçam na elaboração de um plano estratégico para o transporte coletivo.

A ideia das empresas é conseguir um subsídio por parte do Estado e da prefeitura de Goiânia, uma vez que alegam incapacidade financeira de manter o serviço com as restrições impostas. Com isso, o serviço retornaria 100% e as aglomerações vistas nos últimos dias seria contornada. Neste sentido, outra medida adotada foi o escalonamento do comércio, mas que no momento é apenas uma recomendação que precisa contar com a adesão das empresas e comércios da capital.

Para o vereador Lucas Kitão (PSL), que representa a Câmara de Goiânia na Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC), caso o subsídio seja bancado, o governo estadual deveria retomar a bilhetagem como forma de abrir a “caixa preta” das empresas. “Temos visto um caldeirão de decisões, as empresas já conseguiram no STJ, por exemplo, uma decisão sobre a incapacidade financeira deles em colocarem a frota inteira em operação. Agora pressionam o Estado, para que eles subsidiem esse retorno”, explica.

“Nesse meio tempo, saíram outras liminares exigindo a prestação de informações em site e no aplicativo ‘De Olho no Ônibus’, serviços que deixaram de ser prestados com o objetivo de se ocultarem provas sobre a diminuição drástica dos serviços. Mas nós fomos até as garagens e pudemos verificar que, em alguns momentos, eles chegam a rodar com menos da metade da frota, que já é defasada, pois funciona com o mesmo quantitativo de veículos de 2008”, detalha Lucas.

Bilhetagem

Segundo Kitão, a retomada da bilhetagem é importante para garantir a transparência do serviço. “Não sabemos se eles vão cumprir as liminares em relação à transparência dos dados e ao retorno integral da frota, talvez optem por recorrer e pagar as multas para não precisar abrir o jogo. É uma caixa-preta que ninguém consegue ter acesso. Por isso, o governador Ronaldo Caiado e o prefeito Iris precisam aproveitar o momento para retomar a administração do que entra, o que é gasto, custos e subsídio. Essa bilhetagem, atualmente, está nas mãos da RedeMob”, afirma.

De acordo com o vereador, essa é a maior falha do transporte público. “Em lugar nenhum do mundo funciona assim, aqui as empresas deitam e rolam. Precisamos retomar a gestão e fazer com que 100% do serviço retorne, mesmo que com um pouco de subsídio. É necessário tomar as rédeas do jogo, senão o problema do transporte continuará sem solução”, explica. Lucas também questiona o papel da CMTC e dispara: “Não adianta em nada, não apontou fiscalização, não atuou essas empresas”.

“A CMTC vive de mesada do consórcio, ou seja, quem vai fiscalizar o próprio patrão? Está tudo errado. Além da bilhetagem precisamos mudar essa apatia da CMTC, que é fruto do sistema”, questiona Kitão, que também ingressou com uma ação no Ministério Público para garantir a adoção de cuidados sanitários nos ônibus e terminais, além do retorno de 100% da frota às ruas.

A reportagem entrou em contato com o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Benjamin Kennedy, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para manifestações.