Professores questionam compra de mais de 38 mil “Guias Práticos Maluquinho Por Robótica” pela prefeitura ainda na gestão de Gustavo Mendanha

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia adquiriu 38.617 kits de “Guias Práticos Maluquinho Por Robótica” para alunos da rede municipal de ensino, da empresa Conexão Intelectual Comércio de Livros e Papelaria, ao custo de quase R$ 30 milhões (R$ 29.916.834,44), sem licitação. O contrato foi assinado em 17 de dezembro do ano passado, ainda na gestão de Gustavo Mendanha (Patriota), com dispensa de processo licitatório sob alegação de inexigibilidade, ou seja, quando o produto ou serviço é de exclusividade de uma única empresa. A compra, no entanto, é questionada pelo Comando de Luta da Educação de Aparecida de Goiânia, que no começo deste ano tentou promover uma greve da categoria por reajustes salariais.

Outra contrato celebrado foi com a Empresa Movimenta Editora S.A. no valor de quase R$ 10 milhões (R$ 9.756.245,00), com kits do ‘Projeto Palavra Cantada na Escola’. “Os valores pagos na compra desses materiais são um absurdo. Uma afronta à inteligência de famílias e servidores. O projeto robótica é mais uma forma de desviar verbas que deveriam ser investidas na alfabetização e defasagem de aprendizagem dos estudantes e na valorização dos servidores”, denuncia um professora vinculado ao Comando. A entidade reclama que a aquisição do material é uma afronta aos professores, que mesmo com a pandemia da Covid-19, estão com as salas de aula superlotadas, tendo mais de 40 alunos, alguns deles com necessidades educacionais especiais e sem apoio.

Somado a isso, servidores adoecidos com sobrecarga de trabalho, escolas com estruturas precárias, sem ventilador ou ar condicionado, sem internet de qualidade para preenchimento dos registros e, inclusive, para uso em sala de aula da tecnologia adquirida por Mendanha com custo milionário. A deficiência estrutural inclusive foi um fatores que deflagrou a greve dos professores de Aparecida.

Professores alegam também que sofreram nos últimos dias um grande golpe acordado entre Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintego), Prefeitura de Aparecida de Goiânia, Secretaria de Educação e procuradoria do município acerca da negociação salarial. Como efeito, a classe decidiu ir à justiça em busca do pagamento integral do piso dos professores. Eles recordam ainda que ficaram quase dois anos na pandemia em ensino remoto com recursos próprios, sem contar com respaldo da gestão do então prefeito Gustavo Mendanha.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Aparecida de Goiânia em busca de uma posição da gestão, mas até o fechamento a matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação da Prefeitura de Aparecida.