Seis árvores caíram por dia em 2023; falta de estrutura prejudica arborização
02 fevereiro 2024 às 11h57
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Os temporais atípicos, provocados pelo fenômeno El Ninõ, castigaram Goiânia durante 2023 e início de 2024. Durante o decorrer do ano passado, a “capital verde” registrou 2.177 árvores que sucumbiram às tempestades. Uma média de quase 6 por dia.
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Já neste ano, durante o mês de janeiro, foram contabilizados 143 árvores que caíram, de acordo com o levantamento da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Apenas na última quarta-feira, 31, 33 árvores precisaram ser removidas após serem derrubadas pela chuva.
Apenas no Parque Mutirama, em janeiro, duas árvores caíram sobre o carrinho de bate-bate. A queda dos vegetais, inclusive, foi responsável por uma campanha da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) para retirar exemplares que apresentavam riscos ao parque. Novas árvores foram plantadas para substituí-las.
A Comurg informou que a madeira proveniente das árvores derrubadas é convertida em bancos, casas de corujas e outros móveis e objetos na marcenaria da companhia. O trabalho de retirada dos vegetais é realizado em conjunto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros.
Falta de infraestrutura
O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), André Amorim, diz que as quedas estão relacionadas diretamente à falta de infraestrutura e planejamento de Goiânia.
Para André Amorim, a falta de bueiros, o excesso de construções e, consequentemente, a impermeabilização do solo contribuem para que os vegetais sucumbam durante os temporais. Goiânia, inclusive, é conhecida por conta dos alagamentos durante o período chuvoso.
“Indiscutivelmente, nos últimos anos, houve um aumento de chuvas e da potência delas, mas sempre choveu. É preciso revisar a nossa cidade, criar um plano diretor de sustentabilidade. É preciso tirar a cidade da situação que ela está hoje”, explicou.
O número de exemplares perdidos deve continuar aumentando, visto que os temporais devem continuar por mais alguns meses, conforme André. Em maio, o estado deve entrar em um período de estiagem, porém, deve voltar a sentir os efeitos do El Ninõ a partir de outubro.
O gerente do Cimehgo disse ainda que é preciso um planejamento prévio para melhorar a infraestrutura da cidade, que enfrenta problemas crônicos, atingindo diretamente a amortização do município.
“As chuvas sempre vão acontecer, situações sempre vão acontecer. Então, é preciso planejamento. Isso que está faltando”, concluiu.