Vistos como fieis ao prefeito, vereadores da base justificam coalizão pela falta de consenso e diálogo por parte dos candidatos da prefeitura

Pelo menos seis vereadores da base aliada fiéis ao prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), estiveram na reunião da última terça-feira (9/12), no Setor Sul, que definiu o nome de Anselmo Pereira (PSDB) como o candidato do chamado blocão à presidência da nova mesa diretora da Câmara Municipal. A eleição ocorre amanhã, após o término da sessão plenária.

Nos corredores da Câmara, a opinião dos integrantes da base de sustentação ouvidos pelo Jornal Opção Online é a de que o nome do tucano é o que mais aglutinou votos. “Vai ser difícil o prefeito conseguir desestruturar o pleito dele. Quero crer que Anselmo Pereira seja alçado como presidente”, avaliou um vereador, que confirmou presença na reunião. À reportagem, ele reclamou do fato de a prefeitura ter vários candidatos e que nenhum deles consegue efetivar articulações.

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O aliado do Paço Municipal ressaltou que tem “simpatia” por Anselmo Pereira — vereador com mais tempo de Câmara — e adiantou que seu voto é do tucano. Conforme relatou, o bom relacionamento do candidato com o governador Marconi Perillo (PSDB) também pesou em sua decisão. “Ele navega bem por lá e, se eleito, vai ser uma oposição que não denigre Paulo Garcia. Ele não perde a eleição.”

Outro parlamentar afirmou que, de novo, estará presente em nova reunião hoje. Comentou ainda que foi convidado a votar com o grupo de oposição, formado por 23 vereadores oposicionistas, do Bloco Moderado e dissidentes da base.

Antecipando que Anselmo Pereira agrada a todos pela experiência que tem na Câmara, o entrevistado alertou que, mesmo com essa definição, o quadro pode ser alterado aos 48 minutos do segundo tempo. Um detalhe curioso, de acordo com a fonte, é que os contatos para agendamento de encontros estão sendo feitos via e-mail pessoal dos vereadores. Quem lidera o “bloco da comunicação” são Elias Vaz (PSB), Geovani Antônio (PSDB) e o próprio Anselmo Pereira.

Um vereador do PMDB relatou ter sido convidado para a reunião de ontem, no Setor Sul. Porém, negou a informação concedida por colegas de que teria sido visto no auditório. Mesmo assim, o peemedebista demonstrou insatisfação com a falta de diálogo entre os candidatos da base. “É impossível reverter o quadro da candidatura do Anselmo Pereira. A oposição se reuniu, articulou e compôs com um nome de consenso. O prefeito não fez isso, não quis fazer ou deixou passar”, lamentou.

Distribuição de cargos

Foi marcado para o início da tarde desta quarta-feira (10) um novo encontro para que sejam definidos os cargos de primeiros e segundo vice-presidentes e os quatro secretários que vão concorrer à nova mesa da Câmara de Goiânia.

Além disso, os integrantes do Blocão vão designar quem ficará no comando das principais comissões da Casa, como a de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), Mista e Orçamentária. “Será para bater o martelo, pois o mais difícil, que era definir a cabeça de chapa, nós conseguimos”, destacou Geovani Antônio, que recuou de sua candidatura.

O nome de Welington Peixoto, indicado pelo Bloco Moderado, ainda não está descartado das discussões. Líder do grupo, Zander Fábio (PSL) disse em entrevista coletiva que Anselmo Pereira está mais consolidado e tem mais hegemonia. O vereador não confirmou se o Welington Peixoto será indicado para a vice-presidência. “Se não formos cabeça de chapa, teremos uma posição importante, como a primeira secretaria”, detalhou.

Sobre a votação em conjunto com a oposição, segundo observou, está fechada. “É claro que existem algumas costuras, mas o que estamos buscando não é nada mais nada menos do que participação na administração. As forças externas têm que entender isso”, pontuou.

Além dos dois, fazem parte do bloco (apenas para a votação do novo presidente) Divino Rodrigues e Paulo da Farmácia (Pros), Bernardo do Cais (PSC), Felisberto Tavares (PT), Paulo Magalhães (SD) e Rogério Cruz (PRB).

Oposição

A base de Paulo Garcia continua com dificuldade para cacifar um candidato à presidência da Casa. Dias atrás o Jornal Opção Online apurou que a líder do prefeito, Célia Valadão (PMDB), já pedia votos, mas não era consenso dentro da bancada de seu partido. A situação hoje continua mesma, o que é reforçada pelas articulações do atual presidente, Clécio Alves (PMDB), que se movimenta nos bastidores para se reeleger.

Contudo, o peemedebista que foi eleito nas últimas eleições por unanimidade, agora encontra resistência. Fatores como a votação do reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU/ITU) em sessão extraordinária na noite de 28 de setembro, um domingo, amarga até hoje na boca dos parlamentares. A Justiça proferiu mandado de segurança contra o aumento e invalidou a votação.

Ponto crucial para a insatisfação com Clécio Alves foi a reforma do plenário da Casa, que conta com proteção de vidros, instalado após ocupação dos professores e servidores administrativos da Rede Municipal de Educação ocuparem o local. Para a oposição, os equipamentos restringem o contato direto da população com os vereadores.

Já o líder do PT, Carlos Soares, tenta viabilizar seu nome. A candidatura posta na mesa recentemente, mas ele acredita que é possível conseguir apoio antes da votação. O petista é visto como mais articulado pela base e o Paulo Garcia, mas alerta: “Até lá, pode chegar um me dar uma rasteira”. O ex-presidente da CCJ falou que o reajuste do IPTU/ITU só não foi votado nesta quarta-feira por conta das discussões em torno da nova mesa.

Outro que chegou no fim do processo foi o ex-secretário Municipal de Habitação Denício Trindade (PMDB), que saiu do cargo para disputar a presidência. Próximo ao prefeito, o vereador contou ao Jornal Opção Online que pretende “construir seus espaços” nas comissões da Câmara. “Tinha definido que não iria sair da pasta, mas parei e pensei que a eleição da mesa é um momento é importante”, analisou.

O ex-auxiliar do Paço Municipal vê ainda dificuldades em avaliar se os nomes de Célia Valadão, Clécio Alves e Carlos Soares são bem aceitos, confirmando a informação de que a prefeitura não está articulando bem as eleições. “É até difícil falar, até porque não tivemos a oportunidade de sentar e discutir, mesmo sendo a maior bancada [do PMDB]. Isso nunca foi discutido entre nós e a base.”