Secretário de Saúde diz que fraude das UTIs não prejudicou pacientes do SUS
23 junho 2016 às 19h04

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Em entrevista coletiva, Fernando Machado deu detalhes sobre sindicância que irá investigar participação de servidores da prefeitura em esquema de propina
O secretário de Saúde da capital, Fernando Machado (PMDB), concedeu entrevista coletiva, na tarde desta quinta-feira (23/6), para dar detalhes sobre o processo de sindicância interna, instaurado pela Prefeitura de Goiânia, para averiguar as suspeitas de fraude envolvendo o Samu da capital.
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A corporação é o principal alvo da operação “SOS Samu”, instaurada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), na última terça-feira (21). O órgão investiga um esquema de propina para direcionar pacientes com planos de Saúde a determinadas Unidades de Terapia Intensiva, fraudando a respectiva regulação de acesso aos leitos de UTI.
Apesar do esquema, o secretário garantiu, durante entrevista, que a suposta fraude não poderia ter prejudicado diretamente o Sistema Único de Saúde (SUS), fazendo com que pacientes sem convênio perdessem as vagas de UTI disponíveis nos hospitais. Para Fernando Machado, o foco das investigações do Ministério Público não está nas vagas do SUS.
“O que é o ilícito que o Ministério Público investigou? Pacientes com plano de saúde atendidos nas ruas sendo direcionados de forma irregular para hospitais privados. E esse esquema era direcionado aos pacientes conveniados. Além disso, as vagas do SUS são reguladas por um uma central com quatro médicos presentes 24 horas por dia, e é algo muito complexo”, pontuou.
Questionado pelo Jornal Opção se existiam registros de pacientes da rede particular que teriam sido internados em vagas destinadas aos pacientes do SUS, Fernando preferiu não entrar em detalhes, e apenas explicou que os hospitais que mantém contrato com a prefeitura têm direito a uma “margem de manobra”.
“Em um hospital que tem seis leitos contratados pela prefeitura, por exemplo: surge uma situação de emergência, e ele pode me ceder um sétimo leito; isso é ajustável. Da mesma forma que, se eu tiver cinco leitos ocupados, o hospital não vai deixar o leito ocioso se pode colocar um paciente de outro convênio”, ressalvou.
Sindicância
Durante entrevista coletiva, Fernando anunciou o afastamento imediato dos funcionários da secretaria envolvidos no esquema de propina. Também informou que todas as escalas de trabalho foram refeitas devido à baixa, fazendo questão de frisar que o serviço não será prejudicado.
O titular da pasta disse ainda que, conforme o resultado da sindicância que será realizada pela administração municipal, os funcionários citados nas denúncias do MPGO poderão ser exonerados. O secretário também não descarta a possibilidade de que mais servidores da prefeitura estejam envolvidos no esquema.
“Uma denúncia foi feita e creio que a prática ilícita não irá mais ocorrer. Conversamos com enfermeiros, médicos e todos profissionais. Aquelas pessoas estão ali para fazer o bem e a gente espera que isso nunca mais ocorra”, garantiu.