Saiba o impacto da paternidade no cérebro masculino
29 junho 2024 às 17h14
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A paternidade demanda habilidades únicas, como antecipar necessidades dos filhos e cuidar deles, muitas vezes sem experiência prévia e com pouco sono. Pesquisadores indicam que pais precisam se adaptar para desempenhar bem esse novo papel.
Estudos revelam que, assim como as mulheres grávidas passam por mudanças cerebrais, os homens também experimentam transformações quando se tornam pais. Essas alterações cerebrais são fundamentais para criar um vínculo com o bebê, essencial para a sobrevivência da espécie, explica Darby Saxbe, professora de psicologia na Universidade do Sul da Califórnia.
Pesquisas com futuros pais mostram que, embora as mudanças sejam mais sutis que nas mulheres, os homens apresentam uma redução na matéria cinzenta antes e após o nascimento do filho.
Essas mudanças ocorrem principalmente no córtex cerebral, que é crucial para funções executivas como memória, pensamento e processamento emocional. Essa redução pode ajudar o cérebro a processar informações de maneira mais eficiente, segundo Saxbe.
Homens também passam por alterações hormonais ao se tornarem pais. Estudos indicam que, ao segurar seus recém-nascidos pela primeira vez, pais recebem um impulso de ocitocina, importante para o vínculo afetivo.
Além disso, níveis de testosterona diminuem significativamente após a paternidade, redirecionando o foco dos homens para a família, conforme Lee Gettler, professor de antropologia na Universidade de Notre Dame.
A redução de testosterona e o aumento de cortisol, o hormônio do estresse, estão associados a maior envolvimento parental. Pais que experimentam essas mudanças hormonais tendem a se engajar mais na criação dos filhos nos meses seguintes.
“O corpo dos homens está se preparando para as demandas da paternidade de algumas maneiras que são paralelas ao que as mães experimentam, mas, de outras maneiras, são distintas ou especificamente evoluídas nos pais para ajudá-los a se concentrar nas necessidades de seus parceiros e de seus filhos”, explica Gettler.
Embora as mudanças cerebrais ajudem no vínculo e engajamento com os filhos, elas também estão associadas a riscos como depressão pós-parto, ansiedade e má qualidade do sono em homens.
Há menos conhecimento sobre mudanças em homens que se tornam padrastos ou pais adotivos. Estudos mostram que pais gays cuidadores primários exibem alta ativação no centro de processamento emocional do cérebro, semelhante ao das mães cuidadoras primárias.
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