Renan Calheiros diz que CPI da Covid será “santuário da ciência”

27 abril 2021 às 16h32

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Relator da comissão, o senador alagoano atacou decisões do governo de Jair Bolsonaro durante a pandemia, como a militarização do Ministério da Saúde e o negacionismo científico

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia, criticou ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como a designação de militares para comandar o Ministério da Saúde em meio à crise do coronavírus. O parlamentar afirmou ainda que sua “cruzada” será contra a agenda da morte, e que a isenção e imparcialidade à frente do trabalho no colegiado serão fundamentais para que o processo não se torne uma “inquisição”.
“Não foi por acaso o flagelo divino que nos trouxe a esse quadro”, disse Renan Calheiros. “Há responsáveis, evidentemente; há culpados por ação, omissão, desídia ou incompetência; e eles, em se comprovando, serão responsabilizados. Essa será a resposta para nos conectarmos com o planeta. Os crimes contra a humanidade não prescrevem jamais e são transnacionais. Milosevic e Augusto Pinochet são exemplos da história. Façamos a nossa parte”, declarou.
O senador acrescentou: “Podemos preservar vidas e temos a obrigação de fazer justiça, de apontar, com responsabilidade, equilíbrio e provas, os culpados por esta hecatombe. Quem fez e faz o certo não pode ser equiparado a quem errou. O erro não é atenuante; é a própria tradução da morte. O país tem direito de saber quem contribuiu para milhares de mortes, e eles devem ser punidos imediatamente e emblematicamente.”
A gestão de um militar sem experiência na área da saúde à frente do Ministério da Saúde foi fortemente criticada pelo parlamentar alagoano. “O que teria acontecido se tivéssemos enviado um infectologista para comandar nossas tropas na Segunda Guerra Mundial? Provavelmente um morticínio, porque guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas guerras bélicas ou guerras sanitárias. A diretriz é clara: militar nos quartéis e médicos na saúde. Quando se inverte, a morte é certa, e foi isso que lamentavelmente parece ter acontecido. Temos que explicar como, por que isso ocorreu.”
Entretanto, Renan Calheiros relembrou que a CPI não deverá investigar instituições. O senador tranquilizou militares ao afirmar que não é o Exército brasileiro que estará sob análise, mas fatos e responsáveis por eles.
Ainda sobre as diretrizes que devem reger a comissão, o emedebista ressaltou que a CPI será “santuário” da ciência; que não tolerará intimidações; e que pretende ouvir o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os três gestores anteriores da pasta, médicos, cientistas, laboratórios, agentes públicos, representantes de organizações de saúde e de conselhos de Medicina.