Rei da Dinamarca atualiza Brasão em reação ao interesse de Trump na Groenlândia
09 janeiro 2025 às 20h00
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O brasão da Casa Real Dinamarquesa, utilizado desde 1819, passou por uma atualização em dezembro de 2024, destacando de forma mais explícita os territórios autônomos da Groenlândia e das Ilhas Faroé. Essa mudança foi a quarta na história recente do brasão, após alterações feitas em 1903, 1948 e 1972.
A atualização gerou bastante discussão, especialmente porque ocorreu no contexto de uma série de declarações de Donald Trump, sobre o interesse dos EUA em adquirir a Groenlândia.
A principal modificação no brasão foi a substituição das três coroas, que simbolizavam a união entre Dinamarca, Noruega e Suécia, por um urso polar e um carneiro, representando, respectivamente, a Groenlândia e as Ilhas Faroé. O objetivo, segundo comunicado da Família Real, foi criar um símbolo mais moderno e que refletisse com maior clareza os territórios do Reino da Dinamarca, respeitando também a tradição heráldica.
A mudança, no entanto, foi interpretada por alguns historiadores como uma resposta direta aos desejos de Trump de comprar a Groenlândia, algo que o presidente dos EUA havia manifestado, primeiro durante seu mandato e, posteriormente, no final de 2024, quando reforçou suas intenções de controlar a região.
A Groenlândia, que tem uma população de cerca de 57 mil pessoas, mantém uma considerável autonomia, embora dependa de subsídios dinamarqueses. O território é de grande importância estratégica para os Estados Unidos devido à sua localização e às instalações militares e espaciais americanas presentes na região.
Trump, em suas declarações, sugeriu que a Groenlândia deveria se tornar parte dos Estados Unidos para garantir maior segurança nacional, o que foi prontamente rejeitado por líderes da Groenlândia e da Dinamarca. A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou que a Groenlândia “não está à venda” e que apenas o povo groenlandês pode decidir sobre seu futuro.
O rei Frederico X, ao realizar essa alteração no brasão, pode estar respondendo simbolicamente à crescente pressão internacional sobre o status da Groenlândia. Especialistas como Lars Hovbakke Sørensen apontam que o monarca tem um grande interesse na região do Ártico e que a atualização do brasão é uma forma de afirmar que a Groenlândia e as Ilhas Faroé continuam parte integral do Reino da Dinamarca.
A mudança também pode ser vista como uma forma de reafirmar a soberania dinamarquesa sobre essas regiões, especialmente diante das declarações externas e das ambições territoriais dos Estados Unidos. Historicamente, modificações no brasão real dinamarquês sempre ocorreram durante a ascensão de um novo monarca, refletindo mudanças políticas ou simbólicas.
Nos anos anteriores, o rei Frederico IX e a rainha Margarida fizeram alterações similares, removendo símbolos de territórios que já não faziam parte da Dinamarca. Assim, a recente modificação no brasão parece seguir essa tradição de representar os momentos históricos e as dinâmicas políticas do reino.
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