O deputado Amauri Ribeiro, que anteriormente havia dito que “também deveria estar preso” porque, nas próprias palavras, “ajudou a financiar” os atos do 8 de janeiro, agora pede por anistia. A base bolsonarista fica dividida no paradoxo: por um lado podem pedir perdão e anistia; por outro, isso é quase sinônimo de admitir os crimes que estão sendo investigados.

No Partido dos Trabalhadores, dois casos em espectros quase opostos se destacam no histórico presidencial. De um lado, o atual presidente que foi investigado e preso; no outro, a primeira mulher presidente do Brasil, que sofreu impeachment por práticas que não foram puníveis quando praticadas por outros políticos.

Entretanto, para além da disparidade de gênero na política, a reflexão maior fica para a impunidade, independentemente de partidos ou correntes ideológicas. O problema é maior do que isso, está na base da sociedade e nas regras que a regem. E a cada geração, conseguimos trabalhar um pouco e melhorar a situação para o próximo.

Se de fato a intenção fosse essa, talvez não fossem tão frequentes as notícias em que o poder executivo, legislativo ou judiciário aumentam seus próprios salários, por exemplo. Além disso, a Lei da Anistia, promulgada durante a ditadura militar, já teria deixado de existir, como foi sugerido recentemente pelo ministro do STF, Dias Toffoli.

Essa lei em questão faz referência ao perdão de envolvidos em crimes políticos ou conexos, o que permitiu que os agentes da repressão saíssem impunes apesar de existirem provas de torturas e assassinatos durante a ditadura militar. Agora, reconvocando a extrema-direita, Amauri faz referência à esse momento, solicitando que a mesma lei conceda perdão aos investigados pelo episódio de destruição e caos ocorrido em Brasília no início de 2023.

Diversos políticos e chapas eleitorais foram cassados por fraude às cotas de gênero. Além disso, pela primeira vez na história, temos a infame marca de ser o primeiro estado do país a receber com fogos de artificio um prefeito que usa tornozeleira eletrônica. De fato, a política brasileira não é para amadores.

A ditadura militar completa 60 anos, nesse ponto da história, já deveríamos ter aprendido com os erros. Ou pelo menos repudiar movimentos políticos que se aproximem e assemelhem ao já visto. O povo brasileiro ainda pode aprender com sua história, para que da próxima vez os debates girem em torno de questões realmente relevantes, ao invés da “ameaça comunista” dos “comedores de criancinhas”.

E assim, no futuro, talvez não sejam necessárias tantas matérias sobre impunidade e desigualdade de gênero. Na melhor das hipóteses, até mesmo na política.

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