QG petista dá como certa presença de Lula em Goiânia em possível 2º turno, mas estratégia pode ser tiro no pé
01 outubro 2024 às 15h28
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Apartado das movimentações de campanha de Adriana Accorsi, uma das principais candidaturas petistas em capitais no pleito deste ano, o presidente Lula da Silva (PT) deve “girar a chave” e marcar presença categórica em um possível segundo turno com a candidata à Prefeitura de Goiânia. Pelo menos é o que espera o QG da petista, que já trabalha suas estratégias ante a possibilidade de concorrer o Paço com o candidato do governo estadual, Sandro Mabel (UB), no segundo round da eleição.
Desde o início da pré-campanha até agora, Lula não participou de nenhum evento eleitoral de Adriana em Goiânia. O presidente chegou a ir à capital no início de setembro, mas para participar de um evento institucional, a inauguração do BRT Norte-Sul. A situação, contudo, não causa surpresa, uma vez que a cúpula do PT em Goiás já havia sinalizado que o presidente não seria figura presente nas campanhas nem da candidata de Goiânia e nem do candidato de Anápolis, Antônio Gomide – os dois principais nomes do partido no estado nas eleições municipais deste ano.
E a se levar em conta os números, o melhor seria, talvez, continuar assim. Conforme pesquisa do instituto Opção Pesquisas realizada entre os dias 12 e 15 de setembro, que entrevistou 852 eleitores e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número GO-06793/2024, o presidente da República é tido como ‘péssimo’ por 37,1% dos entrevistados e ‘ruim’ por 11,4% deles, o que significa que quase metade dos goianienses (pouco mais de 48%) não são afeitos ao chefe do Executivo federal. Outros 25,2% avaliam o presidente como ‘regular’. Apenas 9,6% consideraram ‘ótimo’, e 16,1%, ‘bom’.
Leia também: Com 26,8%, Sandro Mabel se distancia na liderança das intenções de voto
Em resumo: Lula da Silva é consideravelmente mais rejeitado do que aprovado em uma capital que deu a ele somente 36,05% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais de 2022 – o então rival, Jair Bolsonaro, recebeu o equivalente a quase 64% dos votos -, e sua participação direta nas campanhas de Goiânia e Anápolis trazem o risco de ter um efeito nulo, ou até oposto ao pretendido, sobre o projeto de Adriana Accorsi e Antônio Gomide.
Estratégia ou desconsideração?
Enquanto há quem diga que a ausência do presidente da República foi uma estratégia adotada pelo próprio PT para evitar polarização em um estado que já é considerado ‘reduto bolsonarista’, alguns consideram uma apontada falta de atenção à candidatura de Adriana em Goiânia.
Além da distância do presidente da República de sua campanha na capital goiana, Adriana foi uma das que menos receberam dinheiro do fundo eleitoral – dinheiro distribuído pelo Diretório Nacional – entre as candidaturas do PT consideradas competitivas nas capitais.
Enquanto a delegada recebeu um aporte de R$ 4,8 milhões do PT Nacional, nomes como Rogerio Correa, candidato do PT em Belo Horizonte; Maria do Rosário, de Porto Alegre; e Guilherme Boulos, de São Paulo (que nem petista é, mas sim psolista) receberam do PT, respectivamente, R$ 8 milhões, R$ 7 milhões e R$ 30 milhões.
A entrada de Lula em campo, à esta altura, parte de um cálculo que dirá o quanto o PT acredita que Adriana possa vencer Sandro Mabel, isto é, se realmente se concretizar o prognóstico das pesquisas quanto ao segundo turno.