O punho cerrado erguido sobre a cabeça se tornou um símbolo central para os movimentos que lutam pelos direitos das populações negras em todo o mundo. O gesto personifica a resistência, a coragem pro enfrentamento de situações de racismo e exploração, a luta por direitos iguais, a resiliência e a batalha pela visibilidade.

É praticamente impossível definir quando o gesto foi utilizado pela primeira vez no contesto de lutas sociais, mas ele foi utilizado desde as primeiras organizações trabalhistas, se firmando como um dos elementos de uma iconografia dita socialista. Diversos outros movimentos, diversos períodos históricos e em todo o mundo, passaram a adotar o gesto em protestos e manifestações.

Durante o século XX, nas manifestações da classe trabalhadora europeia, nomeada de Primavera dos Povos, o gesto foi amplamente utilizado pelos movimentos de rua. A expressão também foi utilizada como símbolo de enfrentamento durante a Comuna de Paris, em 1871, pelos Mártires de Chicago — que reivindicavam a jornada de trabalho de 8 horas diárias.

A consolidação do gesto como um símbolo do movimento negro tem início a partir do Black Panther Part (Partido dos Panteras Negras) em meio aos rastros da escravidão no País, que mesmo após a Guerra de Secessão, que findou a escravidão, a população norte-americana manteve-se dividida de modo que, até a década de 1960 pessoas negras eram proibidas de frequentar comércios, praticar esportes ou ter acesso ao lazer.

Originalmente chamado de “Black Panther Party for Self-Defense”, a política revolucionária foi fundada em 15 de outubro de 1966, em Oakland, Califórnia, por Huey Newton e Bobby Seale, com o objetivo de acompanhar as operações policiais e impedir a violência contra negros. A saudação usada pelos membros do Partido – o punho erguido com a mão fechada – entrou definitivamente para a história em 1968, nas Olimpíadas do México.

Na prova dos 200, rasos, Rommie Smith e John Carlos, atletas negros, ganharam, as medalhas de ouro e bronze para os Estados Unidos, e ao subirem ao pódio, baixaram a cabeça e ergueram o punho usando luvas pretas. Veja o vídeo abaixo:

Smith e John Carlos, atles negros, venceram as medalhas de ouro e bronze para os Estados Unidos, e ao subirem ao pódio, baixaram a cabeça e ergueram o punho usando luvas pretas

Vinicius Jr. e o gesto

No Brasil, o punho cerrado tem sido utilizado ao longo das décadas como símbolo de resistência e luta por igualdade, especialmente em movimentos sociais e no combate ao racismo estrutural. Sua conexão com a luta da população negra se fortaleceu nas celebrações do Dia da Consciência Negra, nas homenagens a Zumbi dos Palmares e nas ações de grupos como o Movimento Negro Unificado (MNU). Além disso, o gesto ressurge em momentos emblemáticos de denúncia contra a discriminação.

Vinicius Jr., atacante da seleção brasileira, faz gesto após sofrer racismo na Europa | Foto: Reprodução

Vinícius Jr. e o gesto na Europa
Em 2023, o jogador brasileiro Vinícius Jr., que atua no Real Madrid, foi alvo de uma série de ataques racistas durante jogos na Europa, especialmente no campeonato espanhol. Em resposta, o atleta levantou o punho cerrado após marcar um gol, usando o gesto como uma manifestação de força, orgulho racial e resistência contra o racismo.

O gesto de Vinícius Jr. reverberou mundialmente, simbolizando a luta da comunidade negra contra a discriminação nos esportes e fora deles. Sua atitude ganhou destaque na mídia internacional e inspirou protestos de torcedores e manifestações de solidariedade, incluindo homenagens de outros jogadores e clubes.

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