A provocação do secretário-geral ao anunciar mais um decreto para os conselhos
19 julho 2014 às 12h07
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No meio da semana, Carvalho, novamente assim como quem não quer nada, avançou mais uma casa no tabuleiro do poder. Com a autonomia de sempre, comunicou que o governo examina a assinatura de um novo decreto presidencial para criar um fundo que banque a operação dos conselhos populares.
“Estamos trabalhando na ideia de um Fundo Financeiro de Participação Social”, anunciou o secretário diante de representantes do Conselho Nacional de Saúde, um dos braços dos movimentos sociais com que interage. “Vamos fazer também por decreto, a presidente Dilma pode fazer isso”, emendou.
Ora, se o objetivo do PT é instalar a militância do partido no controle dos conselhos populares, criados para aparelhar o Estado com um mecanismo de representação que assegure aos petistas perenidade de influência no poder à margem do sistema eletivo constitucional, a operação dos militantes é coisa para Gilberto Carvalho, que nunca fez outra coisa.
A manifestação do secretário foi ainda uma forma dele reiterar a função que lhe cabe no coração do poder em nome de Lula. Atuar ali e não na periferia da campanha, como um subordinado da candidata à reeleição. Ao mesmo tempo, Carvalho se antecipou ao anunciar algo que a presidente gostaria de comunicar ela mesma na campanha.
O pior para Dilma pode estar naquele momento em que o secretário afirmou que a presidente criaria o fundo por decreto. A declaração ocorreu quando propriamente se inicia a campanha com os partidos na rua. Se o PT já fala em financiar os conselhos, como ficam os aliados que não desejam disputar o poder legislativo com militantes?
Outra coisa. Os aliados não aceitam a criação dos conselhos por decreto presidencial. Querem votar um projeto a respeito no Congresso, quando poderia emendar o texto. Os aliados têm poder para se impor.
Na véspera da fala do secretário Carvalho, o Planalto mobilizou todas as duas forças para evitar que a Câmara aprovasse um decreto legislativo que derrubasse o outro decreto, o presidencial. Mesmo assim, os aliados se uniram à oposição e aprovaram por 294 a 54 um pedido de urgência para a votação do decreto que revoga o outro.
No entanto, veio o recesso branco e tornou incerto o dia da votação do decreto que revoga os conselhos. Apesar de tudo, no dia seguinte, Carvalho aumentou o estrago no governo ao falar em mais um decreto. Pura provocação. Ao palácio, diga-se.