Pesquisa coordenada pela professora Ana Paula Kipnis é a primeira tentativa de usar vacina para combater a Covid-19 em Goiás

Vacina BCG oferece proteção cruzada para infecções virais | Foto: Pfizer

Um projeto de pesquisa para enfrentamento da Covid-19 do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, da Universidade Federal de Goiás (UFG), coordenado pela professora Ana Paula Kipnis, pretende testar a eficácia da vacina BCG em profissionais de saúde, quanto à melhora da resposta imune inata ao coronavírus. O Projeto BCG-Covid19 tem previsão de duração de dois anos e um investimento de R$1.241 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). De acordo com a coordenadora dos estudos, os testes devem ser iniciados na próxima segunda-feira, 3.

Ela esclarece que a BCG não é uma vacina direcionada para a Covid-19 ou para vírus. “Ela é uma vacina para tuberculose que oferece proteção cruzada para infecções virais. A proteção cruzada é quando a resposta imune gerada por uma vacina protege contra outras infecções. O mecanismo de ação é pela ativação de respostas de células matadoras naturais chamadas NK que atuam eliminando células infectadas por vírus. Portanto, a hipótese seria que o vírus seria eliminado no aparelho respiratório superior (nariz, por exemplo), evitando entrada para os pulmões”, explica.

Apesar de mais de 25 vacinas específicas para o novo coronavírus estarem processo de testagem no mundo, atualmente, nenhuma desses testes estão em andamento no Estado de Goiás. Para Kipnis, a BCG seria uma alternativa aos profissionais da área da saúde em Goiânia. “Caso a hipótese seja correta, poderá ser facilmente implantada pelo SUS para vacinar o restante da população”, acrescentou. O resultado esperado por Kipnis para essa pesquisa é a proteção total ou parcial desses profissionais de enfrentamento. “…Que não se infectem por COVID ou caso se infectem não apresentem agravamento da doença”, afirma.

De acordo com a coordenadora, os profissionais de saúde são peças fundamentais para o cuidado ao paciente contaminado pela SARS-CoV-2 e, consequentemente, para a luta contra a pandemia de Covid-19. Mesmo com equipamentos de proteção individual, inúmeros destes profissionais estão sofrendo contaminações, nas quais, muitas evoluíram para óbito. ” Logo, são necessárias estratégias que possam prevenir o adoecimento dos profissionais da área de saúde por Covid-19″, avalia Kipnis.

“A vacina BCG, administrada em recém-nascidos de diversos países, induz a uma proteção adjuvante para diversas infecções virais comuns na infância. Estudos de correlação ecológica realizados em algumas regiões do mundo, levantaram a hipótese de que a BCG pode melhorar a resposta imune inata e evitar a infecção sintomática ou o agravamento da infecção por COVID-19. Sendo assim, o objetivo do ensaio clínico randomizado “BCG-COVID19″ é revacinar os profissionais da área de saúde e estimar a incidência de COVID-19 neste grupo, bem como verificar a efetividade da vacina BCG para evitar ou reduzir a infecção por COVID-19 ou o agravamento da doença entre profissionais da área de saúde”, informou.

Voluntários

Entretanto, o estudo é voltado apenas para profissionais da saúde. Então pode apenas se voluntariar pessoas que atuam diretamente no enfrentamento à pandemia. “Qualquer profissional da área da saúde que tenha contato direto com pacientes suspeitos de COVID-19 seja nos leitos hospitalares, CTI, ou no transporte e admissão destes pacientes, incluindo maqueiros, enfermeiras, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas etc”, conta.

Mesmo assim, ainda é preciso estar atento às contra indicações ou inaptidão para o teste. Não são aceitas pessoas que já foram infectadas pelo coronavírus ou por pessoas que já foram acometidas por tuberculose.


Interessados em participar do projeto podem acessar o endereço https://msha.ke/rgptb.ufg/ para maiores informações.